terça-feira, 20 de março de 2012

What could we talk about drivers' behavior?

In the past few days while I was running at the streets of Campina Grande city, Paraiba, Brazil. I observed some behavioral traits in some drivers. The traits were linked with some kind of coward behavior - superficially talking. And with some further research and reviews in literature I can talk more scientifically about what is happening with these drivers.

First, I often run near the place dedicated to pedestrians and, of course, near the cars and others vehicles too. The problem is when I run at the back or in front of the cars. When I see (front) the drivers, the behavior is maintain the distance, but when I’m with my back to them, the drivers honk and approximate their cars next to me.

This way of perception, in my opinion, is a cowardly behavior. The place I’m running, of course, is not designated to do so, and the drivers have their reason to approximate me. If the runner is a female, an elderly, or a child, would the behavior be the same?

Searching for an article that could explain this cognitive process, I read “An experimental study of Apparent Behavior” from Heider and Simmel (1944) published in The American Journal of Psychology.

Watch the video with the minor ‘opportunistic’ triangle.


In humans, the explicit behavior is frequent if you consider the roman chariots with drivers, ready to die one in front of others, e. g. Not generalizing, but currently the motorized drivers are like the chariot drivers’, in some circumstances of irresponsibility. Many cases are reported in specialized literature considering health, security and administrative professions.

In dogs, I’ve watched some videos that show how these animals could behave in the presence or absence of humans seeing what they’re doing. The cowardly behavior to others species is called opportunistic behavior, as in Brazilian ants (Espírito-Santo et al., 2012, http://dx.doi.org/10.1155/2012/609106).

Could we apply this opportunistic behavior to the drivers? I don’t think so. We could base our everyday-life in rules to keep the system in order. Moreover with preference to no predation and no other ecological relation, and based in these ecological relations to understanding the behavior of man with rules. We could suggest: weaken the culture of the ‘one height, two measurements’.

Post dedicated to Prof. Cesar Ades.

Allysson Farias

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Somos duplamente determinados

A compreensão do mundo ‘como ele é’ desdobra-se, de forma geral, a partir de dois domínios indissociáveis. Em primeiro lugar, o domínio biológico. É graças a nossa organização biológica que conseguimos distinguir e interpretar os sinais aos quais somos sensíveis no meio. Somos um organismo uno, no entanto tão fragmentados quanto nossa própria origem. O olfato, o paladar, a visão e o tato são, de certa forma, janelas de possibilidades interpretativas.

Mecanismos fisiológicos de perceber e sentir, através das quais fazemos a leitura do mundo e, a ele, imputamos sentido.

É neste ponto que surge o segundo domínio.

Compreender significa atribuir valores, decifrar, registrar, computar. Significa tratamento de dados, análise informacional. Nossas ferramentas de coleta de dados sobre o mundo é tão ampla quanto nossa janela de possibilidades interpretativas. Estes dois processos se complementam de tal forma, que a sua dissociação pode vir a ser patológica, como nos casos em que o corpo torna-se ausente de psique, perdendo o fulcro do que é real e do que é delírio.

Traduzido e transcrito por nossa rede neuro-fisiológica e hormonal, o mundo, gerado na ordem da psique, é sempre uma representação do real. Uma leitura, uma narrativa, e como qualquer narrativa, é influenciada pelo seu interlocutor.

É nesse ponto de intersecção que precisamos considerar a influência cultural, gritantemente evidente até mesmo nos espaços que se dizem ser laicos. Esta escolha é cultural.

Mesmo dispondo do mesmo equipamento biológico para interpretar o mundo, pré-definido geneticamente, os sentidos não proporcionam uma visão singular sobre um mesmo fenômeno. Novamente, são apenas janelas de possibilidades interpretativas. Mas como?

As diferentes maneiras de sistematizar o conhecimento são a chave para entender como um sistema que é definido biologicamente para compreender os mesmos inputs, pode gerar outputs tão distintos. Cada comunidade, local e tempo possui uma linguagem comum, um pacote de códigos e signos sobre o mundo e as coisas. Este conjunto de códigos funciona como regras interpretativas que condicionam o pensar – demarcam a estrutura do pensamento e as relações com o meio ambiente – objetos, fenômenos, pessoas, relações sociais. Como uma rede, esta estrutura social é passada para todos aqueles que se encaixam no mesmo padrão.

Em síntese, esta dinâmica traça as fronteiras da cultura que, de forma simbiótica, condiciona a compreensão dos fenômenos, alicerçando a visão de mundo dos indivíduos, fundando sua compreensão sobre a Natureza. Paradoxalmente, Natureza e cultura se complementam. Como posto por Bruno Latour em Jamais fomos modernos, são conceitos híbridos, assim como nós. As nossas estratégias de compreender o mundo são testemunhas deste fato. São carregadas de subjetividade, de laços culturais, de limitações, de regras, de valores. Não há uma forma pura, ausente de juízo, para compreender os fenômenos do mundo. Somos duplamente determinados.

Thiago Severo

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Visões: biológica e social

Quando o assunto em discussão é humanos, é bastante comum encontrar a dicotomia entre ser social e ser biológico. Sociólogos, antropólogos, psicólogos, dentre outros, costumam construir a imagem do ser humano como ser excepcionalmente racional, pouco instintivo e não animal. A capacidade de formar e entender palavras, subjetivar símbolos, atividade cognitiva, trabalho e divisão social são argumentos fortes dos “sociais” que reprimem os conceitos dos “estudantes da vida”.

Os biólogos, em geral, não criam hierarquias diferenciando humanos de não-humanos; somos animais, mamíferos, primatas, como muitos outros. Acreditamos, em geral novamente, que a mente seja resultado de processos do desenvolvimento “normal” de qualquer indivíduo com telencéfalo desenvolvido, bem ou não.

Na tentativa de um consenso entre ambas as classes, sempre há discordâncias.

O ser humano é o produto de reações biológicas, sendo essas a priori genéticas, e fisiológicas. Os animais também. Somos instintivos, reagimos de acordo com o que sentimos e os nossos sentimentos são demandas e reações bioquímicas/biológicas. É indiscernível caracterizar um ser humano como “não animal”. Essa seria a definição biológica sobre nós.

O ser humano é o produto do meio social no qual está inserido. Os costumes, crenças e culturas de determinada população são os principais fatores que influenciam o desenvolvimento social e psicológico do indivíduo, segundo pesquisadores sociais. A convivência e a educação são fatores que estão relacionados entre a geração parental e os descendentes. Tais fatores definirão aspectos excêntricos que farão de cada indivíduo um ser único. Se nada disso estivesse correto, o que explicaria então que gêmeos univitelinos tem personalidades e gostos diferentes? Essa seria a definição sociológica sobre nós.

Várias colocações dos sociólogos e companhia fazem sentido, porém são incompletas. O ponto de partida é a formação da mente. Ela é ou não biológica? Até que ponto as reações químicas e bioquímicas formam a mente? Não temos a resposta ainda, mas há de se considerar que a mente é formada durante o desenvolvimento embrionário e que está sujeita à epigenética. Carácteres epigenéticos são aqueles que são formados a partir de genes, mas precisam de estímulos do meio para serem ativados/desativados. É a famosa pré-disposição genética.

Não há consenso entre biólogos e cientistas socias, e como água e óleo parecem ser imiscíveis. Existe um pedantismo e uma falta de literatura de ambas as partes. O que poderia ser unido em prol da ciência desfecha em unilateralidade e parcialidade.

Do ponto de vista biológico, do qual sou fielmente adepto, exponho simples conjecturas para tentar entender todo o problema. Por exemplo, o indivíduo não nasce cem por cento pronto. Não é possível ler o DNA de uma criança e dizer se ela terá tal personalidade ou não. Personalidade e mente são bem complexos, muito provavelmente formados por fatores complexos. Acreditamos que no futuro, talvez bem próximo, será possível saber, por exemplo, se um bebê poderá ser um assassino ou não, apenas lendo seu DNA. Obviamente que isso não é fardo nem destino. São probabilidades. É a pré-disposição.

O que se pode afirmar atualmente é que se há mais nos genes do que na mente de quem estuda a mente. O biológico, que é tão forte, torna-se escondido devido a dificuldade/escassez de estudos sobre o tema e divulgação à nível acessível para as demais ciências. Talvez também um certo preconceito ou “despreocupação” por parte das áreas diferentes.

Quanto mais evoluir a genética e as ciências biológicas, mais conheceremos sobre a verdadeira interação entre genética e ambiente. Por enquanto, são só paliativos. Não há uma resposta concreta às perguntas abstratas. Se a mim coubesse o poder de descrever o que é a mente, diria indubitavelmente que são apenas reações. Apenas química. Com traços de física, genética e sociologia.

Uirá Souto

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A história da teoria da “Geração Espontânea”

Queria compartilhar com vocês um pouco de filosofia sobre a história e os experimentos que tentaram provar a Teoria da Geração Espontânea (TGE).

A TGE surgiu historicamente com os pré-socráticos na Grécia antiga, porém existem relatos sobre textos mais antigos que abordavam superficialmente o tema. Alguns relatos do antigo Egito e das antigas civilizações orientais, remetem a aparição de animais que pareciam surgir do nada. No Egito, por exemplo, acreditava-se que os crocodilos nasciam da lama do rio Nilo toda vez que ele transbordava. Esse pensamento foi basicamente o mesmo utilizado pela civilização grega pré-cristã. Os filosofos pré-socráticos observavam a natureza e tiravam conclusões da mesma. Uma delas seria o surgimento de vida, principalmente o surgimento de ratos, moscas e baratas, a partir de ambientes sujos, lixo, lama ou corpos em putrefação.

Pensadores como Thales e Empédocles escreveram sobre a origem de animais e plantas a partir de elementos pré-existentes na natureza, como a terra e água. Pouco depois, Demócrito de Abdera propôs a existência do átomo, que seriam partículas minúsculas que, quando organizadas, geravam a vida. Epicuro de Samos, alguns anos depois, concordou com a ideia da existência de átomos, só que ele relatou que todo o processo para formação de vida pela geração espontânea era um processo natural, não divino.

Pouco antes da filosofia de Epicuro sobre a GE, o grande Aristóteles discerniu sobre o assunto. A partir de trabalhos de campo, observando animais e plantas, ele chegou a conclusão de que: “Todas as coisas vivas são formadas pela junção de matéria com o princípio da ‘forma’, a alma”. Para Aristóteles, a vida só poderia aparecer quando a matéria era unida a alma. A ideia de Aristóteles sobre a GE permaneceu durante aproximadamente 700 anos como sendo a origem da vida.

700 anos depois de Aristóteles, cerca de 400 depois de Cristo, a igreja utilizou dos conhecimentos já existentes sobre a GE e a modificou: agora, Deus é o criador de todas as coisas. As ideias de processo natural proposta por Epicuro e processo natural associado à alma de Aristóteles foram utilizadas e modificadas por “Basil the Great” (um dos líderes da Igreja do leste). Juntamente com “Augustine of Hippo” (líder da igreja do oeste), essa nova teoria sobre a origem da vida foi propagada para toda a Europa. Esse pensamento ficou inerte durante um milênio, aproximadamente.

Durante a Idade Média, nada de novo surgiu em relação à TGE. A ideia de que a geração espontânea dos organismos vivos acontecia por um processo divino era algo concreto e todos tinham essa informação como verdade absoluta. Esse pensamento durou até pouco antes do Iluminismo, quando o homem voltou a se questionar sobre o assunto.

Descartes, no século 17, voltou a fazer do homem um ser pensante e afirmou que a GE não era um processo divino, era um processo natural. A partir da quebra da filosofia teocentrista, o homem passou então a utilizar de método experimental para discutir a origem da vida. Redi foi o primeiro a atacar a GE, fazendo um experimento simples que provava que a vida não surgia do nada. Pouco depois descobriu-se o mundo microscópio.

Diversos experimentos foram feitos nesse período, uns apoiando a GE e outros tentando derrubá-la. A “briga” mais famosa foi a travada entre Needham e Spallanzani. Needham utilizou um frasco de vidro, colocou água com açucar e outros nutrientes e tampou o bico do vidro.

Ele esquentou a mistura diversas vezes e em todas os experimentos ele observou que os microorganismos morriam mas depois surgiam novamente por meio da GE. Spallanzani repetiu o experimento de Needham só que aumentou a temperatura e deixou ferver a mistura por mais tempo. Resultado: nenhum microorganismo na amostra. Needham usou a desculpa de que se aquecer demais a mistura, ela perde a “força vital”. Piada.

Depois de outros experimentos interessantes, apenas um convenceu a comunidade científica, o feito de/por Pasteur. Por meio de experimentos com microorganismos, ele provou que mesmo qndo exposto ao ar, que seria a “força vital” proposta por Needham, a mistura que teria sido esterilizada não apresentava vida. Com esse experimento ele derrubou de vez a GE e confirmou o pensamento proposto por Harvey (1578-1657) que dizia: omne vivum ex ovo (Tudo que é vivo vem do ovo).

Essa história contada no livro de A. I. Oparin, The origin of life on Earth, contém detalhes riquíssimos sobre o pensamento, experimentos e discussões do período de cada pensador. Ele conta como tudo iniciou e como tudo terminou. Recomendo a leitura do primeiro capítulo que discute sobre o assunto. Durante milênios uma teoria foi construida e fortificada erradamente, construíram um edifício em um terreno de lama. Tudo devido ao erro no método científico.

Uirá Melo