sábado, 27 de junho de 2009

Filogenia Pluft

Os programas de análise filogenética levam em consideração uma matriz de dados (caracteres x táxons) para construção de uma árvore filogenética. Nesta árvore são mostrados os valores de parentesco (sinais filogenéticos) entre um galho e outro. Alguns chegam próximos ao valor de 100, outros tem forte sinal de parentesco com 85, de 75 abaixo o sinal é fraco. Isso segundo o livro do Horácio.

A utilização da análise de parcimônia compreende a passagem da homologia primária para a homologia secundária. Além dos valores de parentesco, temos que ver a coerência biogeográfica das espécies encontradas. Dentro de um gênero, podemos ter espécies do Japão, da Noruega, do Alasca e da África do Sul, por exemplo, África do Sul e Japão com sinal filogenético forte é sinal de incoerência, e a partir daí temos de retirar as homoplasias (evoluções independentes, embora com produtos parecidos, iguais).

Foi-se o tempo em que os filogeneticistas esperavam onze meses - vide Swofford, manual do PAUP - de busca ininterrupta no Pentium II para se chegar a uma estimativa filogenética, sendo esta última não necessariamente, a ideal. Com o PAUP (Phylogenetic Analysis Using Parsymony), este tempo inteiro era gasto através de uma busca exaustiva, e por isso impraticável, desnecessária. Com o NONA, esse tempo de busca em uma análise semelhante o tempo de onze meses caiu para quatro horas - vide Goloboff, manual do NONA. A revolução fica pelo programa TNT (Tree analysis using New Technology), o mesmo Goloboff do NONA mais o Farris e o Nixon, mostraram que uma análise pode ser feita em 10 minutos.

O artigo Methods for Quick Consensus Estimation, do Goloboff & Farris (2001) nos mostra o histórico dos problemas, do efeito dos diferentes parâmetros usados pelos programas de análise filogenética para estimar as relações de parentesco, e o suporte relativo pela feição de árvores otimizadas através de algoritmos específicos.

Algoritmos, isso é o que muda, entre um e outro programa. Ferramentas necessárias para o uso em filogenia. Observando os abstracts do Willi Hennig Meeting Society, que inclui a participação de diversos brasileiros, o programa mais utilizado é o TNT. Embora com parâmetros diferentes, um resultado mais rápido é necessário, e uma nova discussão baseada nestes parâmetros é fato. PAUP e NONA deixados para trás, assim como o Hennig86 (interface DOS).

E assim a ciência evolutiva avança, que elegância.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

4 Séculos de Exploração

Triste Bahia, explorada e registrada artisticamente no passado. Analogias são válidas para os outros Estados atualmente. A escassez de recursos já é mostrada através das estrofes, uma prostituição escravagista da terra, imaginem dos trabalhadores dela. Há quatrocentos anos atrás.

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!



Gregório de Matos, por volta de 1600.

Outro registro interessante, mais explorações da "colonizadora" Portugal, isso em 1655:

"Conjugam por todos os modos o Verbo Rapio, porque furtam por todos os modos da arte, não falando em outros novos e esquisitos. Tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo Indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo Imperativo, porque como têm o mero e misto império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina. Furtam pelo modo Mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam, e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos. Furtam pelo modo Optativo, porque desejam quanto lhes parece bem, e gabando as coisas desejadas aos donos delas, por cortesia sem vontade as fazem suas. Furtam pelo modo Conjuntivo, porque ajuntam o seu ponto cabedal com o daqueles que manejam muito, e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros da ganância. Furtam pelo modo Potencial, porque, sem pretexto, nem cerimônia usam de potência. Furtam pelo modo Permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões. Furtam pelo modo Infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos. Estes mesmos modos conjugam por todas as Pessoas, porque a primeira pessoa do Verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras, quantas para isso têm indústria e consciência. Furtam juntamente por todos os tempos, porque do Presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio, e para incluírem no Presente o Pretérito e Futuro, do Pretérito desenterram crimes, de que vendem os perdões e dívidas esquecidas, de que se pagam inteiramente, e do Futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído, e não caído lhe vem cair nas mãos. Finalmente, nos mesmos tempos não lhes escapam os Imperfeitos, Perfeitos, Plusquam Perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse. Em suma que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo Verbo: a furtar para furtar."

O literato pe. Antônio Vieira nos mostra o quão, um registro histórico, é imprescindível para deixá-lo imortalizado, bem como imortalizar o sistema gajo-econômico da época. Uma verdadeira aula, denotativamente, de português.

Ele também cita Aristóteles levando em consideração a noção de governança do mundo, que se divide em onze paixões, mas acaba se resumindo em duas, dois polos que o dividem: o amor e o ódio. Por isso, tão mal governado.

Com amor o demônio é formoso.
Desabafo aqui o que não posso fazer a curto prazo, nem a médio, nem a longo. Acabar com a política exploratória brasileira. Só nos resta fazer registros desocultando a realidade, intervir nos espaços, existir.

domingo, 21 de junho de 2009

Parafina derretida

A vela é sinônimo de acompanhar um casal ou mais de um, durante uma festa. A vela, no sentido denotativo, é um objeto feito de parafina utilizado para iluminar segundo a Wikipédia.

Geralmente a vela demora a ficar sem iluminação, a luz por sua vez morre sem gás atmosférico, ou quando o pavio é totalmente queimado. Alguns têm pavio curto, outros têm muita parafina. Após observar uma noite inteira de festa, pude perceber sensações não muito agradáveis de ser vela. Alguns têm chama para aquecer, outros não. Fazendo com estes fiquem invisíveis durante o escuro da festa.

A parte pior é quando a vela já acesa, é aquecida por atos de carinho do casal.

Outra piora leva em consideração os inúmeros focos de churrasquinho (incêndios) percebidos ao longo do Parque do Povo. Alguns reclamam, outros simplesmente saem de perto ou ignoram. Algo desagradável como queimaduras aparecem ao longo da festa, próximas àquelas churrasqueiras improvisadas e enferrujadas.

A carne é de péssima qualidade, com uma coloração vermelha intensa, percebo ainda focos de gotas de sangue nas salsichas assadas, coração de galinha, dentre outras seboseiras. O jeito é beber, mas encontramos as latinhas de cerveja e os litros de água mineral no mesmo carrinho que carrega a churrasqueira improvisada, e os diversos derivados das carnes sem um mínimo de higiene.

Com poucos minutos, a latinha de cerveja é manipulada pelo vendedor que pega o dinheiro, e volta a assar a carne. Para piorar, dentro do isopor há água descongelada, onde há também um mar de bactérias felizes, prontas para atacar. No outro dia ninguém sabe qual a fonte da doença de garganta que apareceu. A flora vira uma guerra da noite para o dia.

E ainda para piorar, recebo um: "- Hipoglós é bom para os dedos." Ao passar por um conhecido, ao me ver com o casal. Tá, ainda havia a prima dela para me acompanhar, mas a conversa não atraia, aquele quê de EJC, outro quê de "- qual a festa de amanhã", com um quê insuportável de "- Como está o meu cabelo?"

Vamos falar sobre o casal. Ele não me conhecia direito, disse "- Oi!" E nem olhava direito para meu rosto, no mínimo, com ciúmes da minha amiga, que admito, era paquerinha minha de longa data, desde 2007 para ser mais preciso.* De cima para baixo (da palhoça ao palco principal) andamos, eles se beijavam freneticamente, e não há situação mais constrangedora do que ficar olhando beijos e escutando lábios e estalos e diversos outros "traços etológicos" egohedonistas. Mas, como tinha prometido passar a noite com a dita cuja, não poderia deixá-la "sozinha". Logo, a madrugada inteira como parafina, pavio e chama. Essa se apagava após olhares para mim, com aquele gosto de fica aqui do meu lado, não te decepcionarei. Consegui identificar esses olhares, tanto que na metade da noite, o parceiro dela conversando com os amigos e bebendo disperso, e eu lá conversando com as duas, em especial a que estava de namorado, que me olhou de cima a baixo do nada, e disse:

"- Hoje você está perfeito" (sussurrado)

Essa afirmação, junto à poluição sonora, fez com que ninguém percebesse essa fala. Tanto que pedi para repetir, "- hã?". E ela repetiu, umas duas vezes a mais com aquele sorriso encantador digno de propaganda de creme dental.

Desde então aqueles sorrisos apaixonados se misturaram, e não deu outra.

A desculpa: comprar capirinha.

Logo, ela toma frente do grupo, 100 metros adiante, pega minha mão. Carinhos se evidenciam, o tato é super importante nestas horas, o atrito dos dedos se entrelaçando e em harmonia na busca incessante pela posição ideal. Coisas de primeira vez que um casal se encontra. Ficam trocando carinhos pela mão, depois com um mês sabemos que esse tateamento morre. A mão dá lugar ao braço, perna, cotovelos, boca, e derivados.

Voltando a história, a ida à barraca de bebidas foi encantadora. Logo, contagiado pela situação fui comprar do outro lado da avenida, o meu preferido "Fim do Mundo", e ela, a maravilhosa batida de cajá. Olhares, carinhos e aquela dança de forró especial, que lembrou o momentum de um ano atrás, quando nos encontramos pela primeira vez na frente da Igreja do Parque do Povo, neste mesmo lugar.

Começo a pensar em situações passadas, e por ter aprendido o quão é bom namorar, deja vus nascem, fico reflexivo e me desanimo instantaneamente. Essa sensação tem um fundo de "ruedeira" na linguagem popular, e é amplamente valorizado nas músicas de forró. Não me lembro delas, mas lembro que estava cantando todas, mesmo que improvisando só o final. Perdido naquela festa, achado em mim mesmo. Os minutos que fiquei em silêncio sem cantar as músicas de forró me fizeram refletir sobre minhas práticas. E logo solto: "- Você e ele fazem um casal perfeito, parabéns!" Ela: "Isso é uma ironia!?" Eu: "- Não, não é."

Voltamos a dançar, a caipirinha logo fica pronta, voltamos e logo embriagado, reencontro os amigos e vou à caminho da casa deles, dormir e me preparar para mais uma noite. Esta, sem promessas, sem parafina, com muito pavio e muita chama.

*Ler o post Amante Profissional antes faz bem.

sábado, 20 de junho de 2009

Parque Evaldo Cruz

Sigo minha noite, quarta-feira de forró no Parque do Povo. Reencontro uma querida amiga, ex-namorada.

Pan-pan. Começa o forró. Dois para um lado, dois para o outro, três para trás, dois para frente. Chenhenhem.

Aniversário de uma outra amiga.

Chuva. Evapora. Momentâneo período singelo do dia. Aquele gosto que sempre havia. Salve, salve. Ex, que é ex, sempre é atual. O beijo é atual, molhado, mordido. Agarrado, jogado para cima e para baixo. Holofotes, observações dos transeuntes, das câmeras. Da mulher do padre.

Seguimos, eu sentindo aquela pele acolchoada, aquele traseiro máximo. Fico mal acostumado novamente, me lembro dos velhos tempos. Saudade. A coisa melhorou, valorizo novamente a carne.

Um dia nos veremos novamente, mensagens. Uma por cima da outra, de outras. Diversas delas. Totipotente liberação de hormônios, para umas e para outras. Não vale. Hoje é quarta-feira. Amanhã é sábado. O tempo passa. Não me dou conta. Feriado. Passa do lado de quem gostamos, rápido, o tempo.

Hora de forrozar novamente, com outra querida amiga, desta vez furando olho, novamente. É hoje! Recife veio até Campina, Campina veio até Campina. Da UFCG para UEPB.

Puto, me amputo. Feliz, me retriz. (sic)

Amante Profissional

O ritmo que embalava as discotecas. Calça boca de sino, com uma sapatilha branca e aquele capilar blackpower. Conversando sobre justiça global, governança global, planejamento estratégico, corporações transnacionais, organizações internacionais, barreiras comerciais e importação. Lá estava o meu ego eloquente no final de um dia pós-namoro (day, not date)*.

Como bom amante, profissional, o "fura-olho da Estrela", estava lá. Após a festa na discoteca a encontrar uma amiga, esta tinha deixado apresentações orais no litoral e também curtido a discoteca. Estava a pegar o ônibus para o interior do Estado. Aí começa no walk-man, aquela música "Um amor de verão" da banda Rádio Taxi. Embalando o reencontro, aquela música pedida... era a cadeira ao lado. "- Por favor, esta dama poderia sentar ao meu lado?". Logo minha parceria aleatória de viagem trocaria de lugar com a apaixonante fala singelamente sonora, a amiga que encontrei na rodoviária, viria no mesmo ônibus, fato inimaginável. Aquele papo agradável, anos 80. Se lembra da Ecologia Política? Aquela do Estéban Castro na época que ele foi à FURNE. Ela, "- Sim, claro que lembro, foi o início de nossa amizade, se lembra?". Sorrisos.

Ninguém me explicou na escola, ninguém vai me responder.

Seguimos cantando, e conversando. Logo, conversarmos sobre Sartre, e ela glorificando a Simone de Beauvoir. Descubro que tenho uma admiradora do casal ao meu lado. Dois objetivos iguais, ler o livro "O ser e o nada", nosso sonho de consumo. Depois de diversos livros, diversas harmonias verbais, chegamos na metade do caminho, falando sobre justiça global.

Ela cita que a festa foi boa, e ela estava cansada, com aquele vestidinho de bolinha amarelinha tão pequenininho. Pego sua mão, ela logo se desfaz. Conversamos muito, conversamos sobre tudo. Sobre dissertações, a da minha ex (amiga dela) e a dela principalmente, em agosto de 1988 ela defenderá a cruz que carrega. Logo pergunto sobre o evento do Parque Evaldo Cruz, ela desconversa, que estava cansada da discoteca e não iria mais àquele ambiente. Descubro que ela tem um amigo que marcou com ela neste intervalo de dia para noite.

Chegamos ao terço final do percurso, "- Está frio aqui, né?". "- Sim, está.", ela responde.

"- Vem cá."

Logo nos abraçamos, e o giradouro da entrada da metrópole Campina Grande, aparece. Épocas de comércio intenso de café, o ônibus não ajuda muito, aquele cheiro enorme de cigarro. Chove. Ouvimos o barulho do trem, longe, longe.

Ela não colabora e diz. "- Me desculpe, mas não se ofenda com o que eu vou dizer."

Olho fixo para os olhos dela. "- Pode dizer."

"- Tudo o que faço, é intensamente, por isso não vou dar só um beijinho em você, não rola."
"- Você é amável, encantador, com uma conversa agradável, mas não dá."

Logo ainda dá tempo de conversamos sobre formas de amor, o que nós temos em comum.

Ela. "- Gosto de quem puxa meus cabelos." "- Gosto de bater e arranhar." "- Tudo tem de ser intenso."

Chegamos na rodoviária. Logo avisto minha vizinha, perguntando se eu não continuaria no ônibus, pois o ônibus passaria próximo de minha casa. Minha companheira de longa data não podia ir sozinha para casa. Da rodoviária ganho outro rumo, não minha casa, mas a casa dela. Levo sua máquina de datilografar portátil, que foi importante para sua apresentação oral no litoral. Ela ainda exausta por ter ido à discoteca, me diz. "- Se você me levar até em casa, te deixo em casa logo mais, de carro." Não poderia resistir a proposta mais tentadora em pleno dia 12/06. Fluindo prazeres, suspirando desejos. Vamos conversando sobre MDLs, energia limpa, empresas. Ela muda meus conceitos sobre microempresas. Logo, desmarca o encontro que teria com um "amigo" (estava claro que era seu paquerinha antigo) no Parque Evaldo Cruz, pelo seu cansaço, e não por minha presença. Seguimos até Bodocongó. Chego na casa dela, recebo outro amigo conhecido de longa data, que se surpreende com minha presença. Jantamos. Com muito sono, muitas histórias e uma consulta de tarô.

A morte. Carta boa.

Voltamos, ela segue comigo, só eu e ela. De volta para casa. Vamos conversando sobre tudo, essa companhia agradável estava faltando. Passamos a noite conversando, conversamos muito, aleatórias e diversas situações. Continuamos a conversar...

Chegamos na porta de minha casa, ela se despede.

Beijo sua boca, e puxo o rosto dela violentamente e digo: "- Não pense demais, aja".

Logo sou retribuído com o calor feminino em demasia. Passamos mais dez minutos em um ritmo frenético de troca de fluidos. Começa a música "Só delírio" da banda Telex.

Me despeço. Aquele gosto fica.

Entre quatro paredes, Sartre. Dedicado à ela. Depois de dois livros, um litro de vinho e uma cesta de chocolate lançados ao mar, que seriam destinados a uma querida paquerinha antiga em João Pessoa. Um bolo de uma, um presente de outra. Dedico um presente lido, dei a ela: "Onde o inferno são os outros."

Ela? Ainda deve estar terminando a dissertação. Simone de Beauvoir? Não sei, segundo ela, um dia descobrirei. Reitera, na França, talvez.

* os fatos aconteceram a noite

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FIlogenia e Linguagem


Artigo n.º 25 de minha carga de leitura retomada.

Grata surpresa ao abrir o artigo da Rexovà et al. (2003) baseado na filogenia da linguagem indo-europeia, baixei por curiosidade, após a gigantesca revisão e não me arrependo.

O trabalho nos mostra origens e divergências da lingua, baseados em diversos caracteres léxico-estatísticos. Não fica só na base dos números e vai mais além, incluindo a fonologia, dita como "glotocronologia".

Interessante saber também que a linguagem indo-européia não é híbrida, e a linguagem mais próxima - a Hitita - faz parte do enraizamento da árvore filogenética. De onde veio a linguagem indo-européia, qual a hipótese contando com um único ancestral? No artigo são propostas duas : que a linguagem IE nasceu em Anatólia, ou nasceu na região da Ucrânia, e o nascimento desta linguagem faz parte da origem dos próprios europeus.

É explícito que as palavras homólogas, inferidas pela argumentação da "descendência com modificação", formaram 85 classes (equivalente aos táxons) e 200 caracteres comparados, em 25 destes mais de 32 estados diferentes, ou seja improvável de se analisar em programas como PAUP que permite 32 estados no máximo, fazendo com que a "?" flua durante a análise.

O resultados e a conclusão do trabalho servirão para melhorar a reconstrução histórica dos europeus, principalmente quanto aos significados e significantes, ajudando em filogenias dos ancestrais antropóides que viveram naquela região.

Imagino em um futuro não muito distante, a filogenia da fala com o inclusão do gene FOXP2 e adjacências, sendo o FOXP2 a raiz da árvore da linguagem.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Amor, qualis A?

Bayeux, 05 de junho de 2009



O mundo científico nos prega peças, umas de rejeição, outra de alto impacto internacional, algumas outras discutíveis, muitas engavetáveis.

O cientista vive para publicar e divulgar suas publicações, seja no periódico local (científico ou não), ou no mais prestigiado da área (geralmente no exterior). As práticas de publicação de artigos científicos, atualmente, tem corroborado para escambos autorais, plágios descarados, bibliografias de difícil acesso (inexistentes). Toda a organização dos periódicos com maior número de impacto com as revistas Science, Nature, dentre outras, é acompanhada pela Journal of Citation Reports (JCR) e os manuscritos submetidos nestas revistas são avaliados pelo sistema de pares (peer-reviewed).

A qualidade dos artigos dependem dos "fiscais" do periódico. Alguns pecam por desfocar a área de interesses publicando trabalhos de amigos que fogem do escopo da revista, outros querem aparecer no ramo científico traduzindo o trabalho dos outros. São tantas casos e causos.

O sistema qualis foi implantado pelo CNPq para organizar a qualidade das revistas, sendo dividido em A, B e C. Para entrar no qualis, a revista tem de ser avaliada pela JCR, seguindo claros critérios de acordo com a Área requerida. E eis que nasce, o tão exclusivo fator de impacto (IF). Revista brasileira, é automaticamente excluida pelo sistema CAPES. Mas, para normalizá-lo, nasce o rank-normalized impact factors (rnIF).

A fórmula leva em consideração:
(1) A fator de impacto (IF) da revista no JCR = R;
(2) O número de revistas na área = K.**
(K - R + 1)/K - uma fórmula fácil e rápida.

O C.V. (coeficiente de variação) é menor no rnIF, do que no IF tradicional proposto pela JCR. O que concluímos com isso? Todos abaixo de um 1 ponto! O periódico que tiver 0.9 é Deus, ou a Annals Review of Immunology, ou a Annals Review of Biochemistry, ou a Nature, ou a Science...

Quanto aos cientistas, eles calculam o fator H (FH), quem tem o H maior é tem mais êxito na carreira. O eminente, o pontapé inicial foi dado por, Jorge E. Hirsch, por isso o fator é H.

Leva em consideração:
O número de citações dos artigos (Y), e a série de artigos publicados (X).
(X=Y) = fator H. Se você já tem um artigo, e tem uma citação, você já é um Homo na ciência.

Onde entra o amor nesta história?
Vamos formular um fator A: número de relacionamentos amorosos (paqueras, putas e beijos por ai) Y e o número de namoradas X. O amor à vida, o amor à família e o amor aos amores, por exemplo uma fórmula hipotética:

Fator A dos das namoradas...
Sendo na série A de namoros X=Y, fator A = 8
Namorada - Relacionamentos Amorosos
1 - 20
2 - 14
3 - 13
4 - 18
5 - 14
6 - 12
7 - 10
8 - 8
9 -5
10 - 1
11 - 1
12 - 1
13 - 1

E o periódico de minha vida amorosa? Vamos normalizá-lo (nrIF)?
O número de amores atuais = K. O fator de impacto de minha vida amorosa levando em consideração o número de relacionamentos amorosos / número de namoradas = 138/13 = 10,6.

O número de amores atuais somando o amor próprio, ou seja 1 + amor familiar (avós, etc, vivos) + paquerinhas = 15.
(15 -10,6 +1)/15 = 0.36

Estará alto quando chegar próximo de 1.
Quando estiver abaixo de zero, quando eu não tiver mais de 9 amores, minha vida amorosa não existirá.

Quais A é de circulação internacional *. A vida amorosa é qualis C e não impacta mais, ou pouco se equipara muitas vezes à vida estudantil 0.9, vida social 0.9, e assim o K vai mudando, o número de amores vai aumentando ou diminuindo. Uma pena senhor amor, uma pena. (com direito a bulbo, raquis e bárbulas)

*Segundo a CAPES, circulação internacional de alta, média ou baixa qualidade (A1, A2, A3); circulação nacional de alta, média ou baixa qualidade (B1, B2, B3); circulação local de alta, média ou baixa qualidade (C1, C2, C3).

** Qualquer variável é mera coincidência.

domingo, 7 de junho de 2009

Deus e o Celoma

Lembrando dos anelídeos queridos, claro se diferenciando dos nematelmintos e estes dos platelmintos, respectivamente, celo, pseudocelo e acelomados. Ou seja estes últimos não preenchidos por celoma então, logo concluo a lógica para a frase abaixo:

"Há um vazio dentro de nós, onde só Deus é capaz de preencher!!!"

(1) os platelmintos não tem Deus
(2) os seres humanos tem um órgão ou tecido chamado Deus
(3) nemaltelmintos são vermes do capeta, falsos! Pseudos!

Encontre o espaço onde Lord está.

Se ele estiver no celoma enterocélico é capaz de encontrarmos ele próximo ao blastóporo, ou não?

Cabaços, Bodes, Álcool e Ciência

Dos sóbrios aos intoxicados se incluem os mijados pela cabrita. Em artigo proposto pelo grande etólogo Antônio Souto, o álcool é sinônimo de fartura feminina durante a noite. ou melhor, madrugada. O sucesso reprodutivo fica mais alto, e as chances de rejeição são menores aos diversos gêneros "a" que aparecem, e somem, aparecem e somem, ou como o artigo propõe, se transformam.

O artigo foi descrito didaticamente por Ribamar, um grande amigo de sala e fã do etólogo citado anteriormente, que com Aécio, outro grande amigo. Juntos formamos o grupo de pesquisa instantânea, cadastrado no Conselho Ofídico Campinense, para os estudos festivos de campo. Nada de pranchetas, usamos o método view and talk (assim em inglês é melhor aceito e alegorado). Algumas analisadas foram destalks² (sic), outras nem tanto. Trocadilhos infames que se perpetuaram madrugada afora.

Estávamos em Cabaceiras-PB. Festa do Bode Rei, logo adianto, uma grande chacina de caprinos.

Mas, voltando ao viés heurístico, o que estava no artigo aconteceu depois de uma cartela de doses:

A detecção da simetria ficou menor. As faces que passavam tinham traços mais coesos, retos, harmonia total.

A culpa?
Xixi da cabrita.

Uma moda em Cabaceiras é tomar uma bebida enjoada, tão doce que arrepuna! O xixi fez vítimas. Colocar a culpa no xixi não é certo, certo é colocar no artigo do Souto na revista Perception. No final, éramos nós os objetos pesquisados. Estávamos lá, com a cartela de doses vazia no início da festa, todos encharcados. Após duas doses, muita chuva, muita dança e alegria ao reencontrar amigos, fazer novos amigos. Acabamos por formar uma quadrilha, alegramos sozinhos a festa. Na festa o público era dividido em:

Cantores, os des(talks) e nós, o grupo, Aécio, Ribamar, Larisse e Monique. Esta última estrela do forró, a estrela da noite, um tanto cadente, mas lá com toda aquela produção maravilhosa roliudiana. Esteticamente abrupta. Não entendeu? Então, só vivenciando o momentum hilário: "- Arroxa Riba, só falta você!".

Deixamos Monique de lado, Larisse some, e ao pararmos ao lado de grupo de mulheres produzidas, começamos a inferir, quantas argolas de zinco no braço fazem o senso-crítico feminino abaixar, qual era o modo destas olharem disfarçando o flerte. Aécio cita duas olhadas e uma alisada no cabelo, como sinal positivo para a paquera. Cito aquela olhada por trás dos amigos, onde um alvo fica entre você e ela, como um eclipse lunar, onde uma beirada de olho (Lua) separa o receptor da conversa (Terra), de você (Sol). Nunca fui muito de paquerar olhando, o poder da palavra é bem maior, e é nele que me aprofundo. Lá estava ela, a palavra, sendo que aquele público não sabia conversar um papo produtivo, diria que elas perguntaram:

"- Qual a banda de amanhã?"
"- Você vai para o Parque do Povo?"
"- Mulheeeeeer, Forró do Muído vai ser ótimo!"
"- Faz que curso?"
"- Você está bêbado?"

Esta última pergunta, teve um quê sarcástico. Se a revista era perceptions, foi agora que percebi, cai em si, sou fruto de minha pesquisa, aliás de nossa pesquisa. Começar a falar palavras bonitas em uma festa não cai muito bem, começa aquela eloquência denigrente! Enfim, eu estava bêbado. Bêbado, cansado e com sono. Falando palavras difíceis.

A aventura de João Pessoa direto para Cabaceiras, sem direito a parar em Campina Grande, e com direito a moto-taxista passar em diversos sinais vermelhos é hormonalmente adrenalínica.

Voltando à percepção. Os três gritam, "Viva Antônio Souto!" E lá se vai mais uma dose, canecas ao alto. Arriba (ao nosso colega ribamar), Abarro (à caneca de barro), Assento (é bom descansar), Bode Rei! Antônio Souto! Aomijo! E lá se ia mais uma noite festiva debaixo de uma grande chuva, onde os populares faziam jus aos caprinos, debaixo das barracas e do salão da festa.

Tragicômico. Intoxicado por álcool, com vontade de dormir. Tudo que passava era belo, até algumas spoanzetes (em homenagem às pesquisas da querida Silvana) e lá se vão mais alguns milhões de risos. Depois de algumas doses, meu olhar clínico decai. Acho que errei até a Síndrome, embora aquele passo "três e meia" não me engane!

Noite maravilhosa, super produtiva. Com a última banda da sexta-feira desafinada, fomos dormir, após uma última observação nos exemplares femininos do palco e, claro, comentários quanto a simetria bilateral, como se portavam os músculos após intenso trabalho. Todos veêmentemente concentrados (hipnotizados?) com tal locomoção harmoniosa às quinze para as cinco da manhã. Olhando ao palco fixamente.

Deixamos o local da competição, e nos retraimos ao nosso aconchegante local reduto de descanso. Sempre adulados pelo grande Riba, e por dona Rita. Bem recebidos em Cabaceiras, boa ida, boa volta, boa refeição vegetariana. Com direito a passada no Rio Taperoá, na padaria do filme do João Grilo e tocar no "coco"¹ do bode, segundo ditados populares, se tocar no "coco" dele, o desejo se realiza.

Nada de fotos, nem pavãozagem. Esse modo de atração do macho, ter um rabo atrativo, só no gênero Pavo. Pior do que as fotos em cima dos caprinos espalhados artisticamente pela cidade, era desfilar com a "rainha do bode", um grande gênero Callitrix em cima de uma carroça de burro, muito pouco assediada e com o sucesso reprodutivo baixo.

Durante o início da noite, antes da manifestação artística sonora poluente, ainda participamos da eleição desta "Demi Moore" caprino-roliudiana, com nossa torcida: "- Camarão", "- Capeta!"; "- Bicha boa!"; "- Sem bunda!"; "- Rapariga!"; "- Trombadinha!" (em sinal ao desfile "muito simétrico" de uma das candidatas); "- Poliana", esta última não sei quem era, todos gritavam, tínhamos de ir no embalo, baixar o nível e liberar serotonina. Colocando, claro, nosso símbolo ao falarmos! O grande losango, mais conhecido como rombo!

De resto, uma caneca de barro de recordação e uma vontade de criar um etograma apropriado aos festejos urbanos/juninos/julhinos/agostinos... Quem se gabarita?

¹saco escrotal
²sem conversa

quinta-feira, 4 de junho de 2009

God bless the Etology and Capitalism

As bases da etologia têm ganhado bastante destaque nas áreas humanas com a evolução de pesquisas genéticas, onde fatos antes observados em homens e animais são provados a partir de sequencias gênicas semelhantes entre esses organismos. As ciências sociais tratam o ser humano como espécie a parte dos demais animais, embasada na criação da sociedade como meio separante das outras espécies, dentre elas também os primatas. O que se observa é uma má-interpretação de informações que tende abjungir humanos de primatas. A sociedade humana tem como base evolutiva as mesmas sociedades de alguns primatas, por isso acredita-se que ambas sociedades surgiram de um ancestral em comum. Nessas sociedades de primatas há separação de indivíduos nomeados popularmente como mais fortes e mais fracos. Nas sociedades desses primatas isso ocorre através da diferença do vigor físico eminente dos machos. Nas sociedades humanas esse carácter hierárquico se dá através da criação e da retroalimentação positiva do capitalismo. O capitalismo afirma que indivíduos têm uma vida toda para obtenção e acúmulo de bens, tais fatores refletidos como insight reprodutivo, aumentando as chances de sobrevivência e maior oportunidade de passar os genes adiante, nos indivíduos mais fortes (ricos). A permanência da hierarquia se mantém pelo contínuo acúmulo de de bens dos indivíduos, reforçados pela substistência hormonal. Os hormônios atuam como guias nos indivíduos, levando-os a tomar decisões antes achadas como sociais, agora embebidas na ciência. O comportamento animal é feito através desses mediadores químicos, que proporcionando/restrigindo prazer/dor, acomete todas as ações dos indivíduos. A manutenção excessiva de uma certa carga hormonal leva ao vício. O gene (xxx) representa uma parte de genes responsáveis pela formação e estabilização da sociedade humana. Esse gene produz mediadores químicos que liberam no indivíduo sensações de prazer perante o acúmulo de bens. Indivíduos que possuem predisposição genética para ativação desse gene tem o comportamento ambicioso para obtenção e uma supervalorização de bens materiais, sendo todas essas ações hormonais. Outro fato marcante é a aceitação errônea de ações antrópicas como sendo ações não-naturais. Ações antrópicas são tão naturais como a das outras espécies. Modificamos o meio como forma natural de sobrevivência. O mesmo evento é produzido por várias outras formas de vida, divergindo apenas em escalas e proporções. Dentre todos esses fatores citados, há como primeiro-motor o regimento da evolução biológica. Todas as espécies sofrem pressão evolutiva, onde variantes do meio e de genes elimina ou propiciona o desenvolvimento dos organismos. Deve-se ter em mente que o homem, juntamente com sua sociedade, execra os mandamentos evolutivos. O homem é a principal espécie que permite a sobrevivência e subsistência de indivíduos genéticamente mais fracos. Para haver evolução, deve-se eliminar do meio os indivíduos mais fracos ou menos aptos ao meio que estão inseridos. Com a invenção da medicina e o avanço tecnológico, o ser humano extinguiu tais leis e criou sua própria forma de divisão intraespecífica, o capitalismo. Através de estudos genéticos/etológicos e também sobre evolução biológica, denota-se a forte influência de uma sociedade regida pelo capital, demonstrando não haver caminhos opostos a esse fabuloso sistema.