quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Criticas Matinais

Hoje, acordo e me deparo com o argumento do lucro, visado pelos cientistas, ou melhor por toda estrutura científica. Acordei, li os noticiários, e logo percebi "Químico que deu Nobel a colegas, hoje dirige uma van", contando a história de Douglas Prasher.

Os sensacionalismos começaram quando mostrou que ele ficou desempregado, e com baixa-estima por não ter ganhado a bolada de alguns milhares de dólares como gratificação ao ganhar o mega prêmio da Indústria Científica.

Claro que perguntado pelos repórteres da New York sobre algo ligado ao lucro, responde prontamente à imprensa, que não estava confortável com a situação de perda do prêmio. Embora, acho que outras perguntas tenham saído quanto a vida dele, só colocaram as perguntas de cunho "interesseiro" para ele, do estilo "- Como você se sente sem o prêmio?", "-Como foi essa experiência de não ter o prêmio em mãos?", ... "- Como você se sente sem os milhares de dólares.?". Esta última, acho que foi descaradamente, uma das primeiras, embora seja achismo de minha parte.

Será que o fim de fazer Ciência atualmente no mundo é esse? Lucrar?

É o mesmo sistema de ir a qualquer Congresso Científico atualmente, há os orientadores, os bolsistas e os futuros bolsistas. Não há mais profissionais, mas futuros empregados na indústria da Ciência, onde vão tocar outros eventos científicos parecidos, para perpetuar essa transmissão cultural extremamente danosa à Academia.

Enquanto isso, o Prasher dirige uma van, e é claro, com todo sensacionalismo por parte dos entrevistadores, responde timidamente.

"Há outras pessoas que mereceram muito mais do que eu", afirmou. "Elas ralaram a vida toda pela ciência, eu não."

4 comentários:

É verdade mesmo All...às vezes (muitíssimas) acontece que os interesses económicos prevalecentes levam a tomar decisões contrárias aos valores humanos autênticos e às exigências de justiça..exigências estas que não devem ser separadas da própria finalidade da investigação...Apelo aos que irão continuar nesse meio da Investigação Científica ( E talvez tb ganhem o Nobel)...Lucrem, mas com responsabilidade, dando o verdadeiro retorno à sociedade...porque O que acontece dentro das universidades é pago por todos, dos mais ricos aos mais pobres....então lembrem-se de retornar o que vos é investido.

Xêros

é isso aew Dr Alysson você sabe que meu sonho é ganhar um Nobel e nós o dividiremos.Quanto ao comentário do Prasher que foi discaradamente honesto não sei bem se houve uma ambiguidade ou até mesmo sacarsmo em oposiçao a relação ciencia versus capital, mas de qualquer forma ele fez algo que nós homo sapiens devemos fazer por fim e essencia, busca do conhecimento, quanto ao capital deixou para quem foi mais esperto...mas aí tem um fundo de moral, será que devemos aproveitar-se da boa vontade do proximo para conseguir um nome na publicação???

Está ainda para nascer a Humanidade que produzirá um "fazer científico" hegemônico que não seja alienado à lógica do mercado. Temos assistido à coopatação econômica das tentativas e ensaios de uma ciência independente, pautada em um novo ethos, ao longo dos anos que nossa geração experimenta. "Green punkt", "orgânicos", "recicláveis", "reciclagem","sustentabilidade" pertencem a esse universo pseudo-moderno dos conceitos que, embora gestados enquanto tentativa de 'nova consciência científica e social" rapidamente são subsumidos nas linguagens e práticas econômico-financeiras que regem o mundo. Os novos saberes são rapidamente metamorfoseados em GRIFFES caras e , portanto, inacessíveis à maioria da humanidade.
No entanto, continuamos a tentar criar algo novo. Continuamos a tentar fazer germinar sementes de boa qualidade social. Haverá de chegar o dia em que os cientistas de todas as áreas descubram que o fazer social vai muito além do micro-universo de seus próprios umbigos-LATTES e dos mandos da economia internacional.
Saúdo iniciativas como estas, pelo que condensam de nova proposta.
Assim como na arte já se vê desde muito tempo o esforço pela independência. A ciência deve ao mundo que a patrocina e alimenta, o esforço por quebrar as correntes históricas que lhe aprisionam e enfim, desenvolver-se a partir do povo, pelo povo e para o povo!

Muito boa Allysson! Trazendo a tona totalmente essas questões... E o mais impressionante, o cara escreveu o texto assim que acordou... fiquei besta como Allysson ja acorda ligado nas coisas.
Enfim, para quem não leu ainda, deveria ler Ser x Ter, Re: Ser x Ter, A síndrome do Lattes e Quanto vale uma vida, que tem a ver com estas questões.

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