sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Pessoas mudam. Mudam?

Primeiro vamos descrever o que é ser alguém. As pessoas são classificadas de acordo com a expressão de sua essência. A essência determinará o ego de cada um. Essência, resumindo, deve-se em total parte aos seus genes, ou a expressão deles. Você nasce para o que é, ou não. A que se dá essa margem paradoxal? Na verdade, você será a expressão dos seus genes. Como um gene geralmente se expressa? Através da resposta à ação do meio. Também é relevante o tempo exposto ao meio. Nasci para ser obeso, não tenho os genes que expressam a proteína leptina ou seus receptores. Serei obeso se, invariavelmente se, em minha dieta houver alimentos gordurosos.

Outro exemplo: Possuo os genes que expressam o vício à ingestão de álcool. Serei alcoólatra se, invariavelmente se, começar a degustar bebidas destiladas. Eufemismo às vezes cai bem. Para não decepcionar antropólogos e sociólogos, considero o social uma parte encaixante do meio. Fator social também é fator do meio. Saindo da ciência, entrarei um pouco na filosofia. Pessoas são a reação e a aprendizagem aos fatores do meio, tal reação definida por sua essência. Geralmente quando digo que uma pessoa mudou, ocorreu uma apatia da minha parte sobre o que eu tinha em mente referente àquela pessoa. Se fulano mudou significa que aquilo que eu esperava dele não será mais correspondido. Vemos as pessoas com olhos egoístas. Não vemos as pessoas como elas são, e sim, como gostaríamos que fossem.

Sem mais circunlóquios, todo esse silogismo foi para definir a palavra central do texto: liberdade. O que a liberdade tem a ver com “pessoas mudam”? As pessoas são a expressão da liberdade que lhes damos. Exemplos são melhores de se ter um bom entendimento. Namoro uma menina que cujo pai é sério, intransigente, lacônico e não gosta de brincadeiras. Digamos que sou extrovertido, palreador, dinâmico e prolixo. Havendo um respeito em jogo, nas supostas ocasiões em que eu estiver presente do meu sogro, agirei de forma diferente à minha essência. Serei também sério e lacônico. Caso haja outro evento, no qual ele me viu vociferando “heresias” ou palavrões, qual será sua primeira reação? Ele dirá: Pessoas mudam. Mudei? Na verdade, eu sempre fui o mesmo, o que não havia era a liberdade da expressão das minhas características em ambientes onde meu sogro estivera presente. Aos olhos dele, eu era uma pessoa boa, e era alguém em que se podia confiar (por ser parecido com ele). Após a demonstração real do meu ego, virei uma pessoa má, uma cobra, um vilão (por não satisfazer a imagem distorcida que o mesmo tinha de mim). Ao epílogo, uma pessoa é a resposta que seu organismo dá em relação ao meio exposto, cientificamente falando, filosoficamente falando também. O que muda são os olhos de quem ver. Quem mais fala que os outros mudam ou mudaram, são aqueles que nunca deram a real liberdade aos outros para que expusessem o que significantemente eram.

A liberdade é aquela em que ambos os indivíduos demonstram suas características, sem que ambos critiquem e/ou não aceitem ser criticados. Se me chamam de gordo e feio, primeiramente, quem me chamou deve me dar a liberdade de dizer o que acho dele. Em segunda parte, devo ser um crítico ávido do meu ego para conhecer-me bem e aceitar a opinião do outro, saber até onde ela é real ou imaginária. Pessoas não mudam, no máximo passam por fases onde o meio expressará diferentes características do indivíduo. Apenas fases. Essência é imutável, a real essência. O que se muda realmente, são opiniões de quem nunca deu liberdade o suficiente para conhecer essencialmente o outro.

2 comentários:

Até onde há a liberdade, qual o padrão de liberdade? Sentimos que o limite imposto, por uma negação seja lá direta ou indireta dita pelo emissor, nos faz logo manter uma postura desconfiante de tal processo. Até onde vai nosso senso de tolerãncia à algo. Ou até mesmo o que seria a liberdade, certa vez disse Heidegger, já que entrastes em filosofia, adentro no Existencialismo.

"Sem a originária revelação do nada, não há ser-si-mesmo nem liberdade." Ou seja, só há liberdade quando há nada. E nunca vivemos com o nada, estamos preso à uma realidade, no caso, a sociedade. Nela quem tem dinheiro, poder, e os genes da obesidade, faz lipospiração, compra inúmeras drogas para acelerar a produção de leptina, vou para um SPA milionário para reverter meu vício do álcool. É foda, mas é a sociedade, intrínseca ao nosso ser.

Vou agora um pouco além da questão de liberdade: a mesma carga genetica que define meus vícios comanda minhas emoçôes, certo?. E se por acaso uma pessoa apresenta quadro de disturbio hormonal onde a necessidade de se mostrar como é for cerceada constantemente em prol da manutenção de relações em sociedade que nem sempre dão felicidade ao ser, mas que conseguem manter em um nível estável as emoções deste? A liberdade fica então submetida então a um prazer, como um vício, então a necessidade de não se mostrar, de não ter essa liberdade não seria também algo da natureza desse ser, assim como os vicios são ou não escondidos?

Postar um comentário

Queremos muito saber sua opinião! Ao comentar, por favor, identifique-se.