A palavra-chave em pesquisa e prática de ensino na formação de professores nos leva a Cultura do Menosprezo. Uma dicotomia que nasce dos professores do ensino fundamental e médio, quiçá superior, que não pesquisam e têm uma ampla experiência com as problemáticas da sala de aula, e a outra face da dicotomia compõem os pesquisadores, que investigam as metodologias e instrumentos a serem utilizados na sala de aula, sem a experiência, a praxis.
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Enfim, o "dom" de ensinar, presente no discurso de dinossauros, mostra o bloqueio, o muro existente entre professores novos e dinossauros. O mesmo quanto aos professores novos, que não dialogam com os dinossauros, tendo como discurso a soberba mediocracia (mestrados, doutorados, post-docs), e diversos livros didatico-científicos lidos.
Esta “tradição” fez com que a valorização das pesquisas sobre o professor e a escola permanecessem ligadas às proposições de pesquisa realizadas por acadêmicos e não pelos sujeitos da ação, que são os professores da escola básica. Sendo assim, os problemas analisados e “solucionados” pela academia partem muitas vezes de perguntas elaboradas por pesquisadores, e não por professores. Como consequência, as respostas são consideradas boas para a academia, mas não para a escola real, repleta de contradições e de complexidade. LUDKE, Menga. O Professor, seu Saber e sua Pesquisa. Educação e Sociedade, Campinas: CEDES, n.74, abr.2001. p.77-96.
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Essa dualidade de perspectivas revela, ao mesmo tempo, n o professor a percepção de que a pesquisa acadêmica não consegue atingir os problemas e os temas mais importantes e próximos do seu trabalho na escola, mas que ela provavelmente domina os métodos e os recursos necessários para investigar devidamente aqueles assuntos fundamentais. A pesquisa que ele faz, ou poderia fazer em sua escola, parece não ter, aos seus olhos, a capacidade de dominar plenamente o conhecimento do objeto desejado, mas não há dúvidas de que ele é quem sabe qual é esse objeto (não o pesquisador da academia). Seu saber parece ficar pairando em um interstício, situado entre o que ele domina pela sua aprendizagem anterior em confronto com o que sua experiência vem confirmando e sua aspiração de expansão desse saber, por meio de recursos que poderão vir da pesquisa, talvez, não necessariamente. Em todo caso, seu trabalho presente não depende dela, aparentemente. Não da pesquisa tradicional, canônica, embora ela continue a funcionar como modelo distante, aprendido na instituição formadora e atuante até hoje.
Enfim, o "dom" de ensinar, presente no discurso de dinossauros, mostra o bloqueio, o muro existente entre professores novos e dinossauros. O mesmo quanto aos professores novos, que não dialogam com os dinossauros, tendo como discurso a soberba mediocracia (mestrados, doutorados, post-docs), e diversos livros didatico-científicos lidos.
2 comentários:
Dá pra perceber a diferença entre essas duas categorias de professores fácil: na própria metodologia usada em sala de aula.
Concordo com o texto. Foram bem utilizadas as citações.
E o Xico voltou! :)
O consolo é que mais sedo ou mais tarde os dinossauros sairão de cena. De qualquer forma, o método educacional brasileiro é falido.
O "Holística" foi homenageado com um selo no meu blog, confira lá:
www.marciodanielramos.blogspot.com
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