Hoje, há pouco (por volta das 18 horas) na UFCG estava eu caminhando em busca da xérox mais barata, isso logo após ter deixado a reunião da comissão eleitoral do CCBS, e ganhar uma carona do presidente da comissão. Exausto, sigo, e encontro amigos. Um deles travestido de pastor, ou empresário, não sei direito o que era, mas logo chego me divertindo com aquela situação (de proletário para burguês). Outro, o que vou enredar essa narrativa, seguia seu caminho, e logo parou ao me ver. Escuto um "- Opa!" caloroso, e a velha pergunta "- Como está o CABio?". Logo reconheço a ausência deste no rotineiro dia-dia do curso (que parece ensino médio). "- Por que não tens ido mais assistir aula?" Claro, sem responder antes a pergunta do CABio. E ele me disse que problemas de saúde afastaram-o. Dores nos ossos, que impossibilitariam a permanência deste no curso. Me convida para beber um suco, digo que estou com azia e não vou. Culpa do café, misturado com suco de manga e Coca-Cola.
Sigo conversando com o ser travestido de pastor/empresário, grande amigo antigo de movimento estudantil, que só andava de camiseta de congresso, sempre colocando a culpa na: "- Conjuntura, analisei minha conjuntura e vi que não estava dando certo, mudei". Conversa boa, tchau.
Sigo para a xérox, o ex-graduando de Bio agora lanchando. Passo, desapercebido.
Cópias de três capítulos de genética feitas. Missão cumprida na UFCG.
Me direciono ao ponto de ônibus, dentro deste intervalo de tempo e espaço, converso com outros diversos amigos.
Chego no ponto, e logo o vejo com outro amigo, agora de eng. de produção. Amigo de fumo, que está terminando o curso, onde eu deveria estar terminando também as últimas disciplinas neste semestre. E o mais interessante, saber qu'ele toca um projeto de extensão na área de tecnologia, após a aprovação há pouco na seleção do PROBEX (Bolsa de Extensão) na área de Gestão Ambiental. Feliz estou.
Entramos no 333, o amigo de produção senta do meu lado, esse outro meu amigo que deixou a Bio senta logo atrás. Este último permanece calado. O outro vai conversando sobre a turma qu'eu fazia parte, quem está se formando, e já sabendo quem está, só faço confirmar minhas expectativas. Feliz permaneço.
Desço do ônibus na Integração, me despeço da potência produtiva, e logo o que permanecia calado se levanta na minha frente, e segue, indago "- Nesta metade do ano, eleições para o CABio, queres coordenar pro lá?". Ele responde "- Não quero mais saber de política, depois que a Correnteza perdeu duas vezes na UFCG!". Aquele sorriso sarcástico dos dois impera.
Puxo conversa, enfatizando o porquê dele ter deixado a Biologia. Ele me explica:
"- Estou com problemas nos ossos, na lombar, nos braços, nas pernas, na coluna. Depois de uma trilha, não posso mais fazê-la, devido a estes problemas."
O silêncio impera, eu embora curioso, permaneço em calado, nada pior do que perguntar a doença de outrem diretamente à ele.
Alguns minutos se passam.
"- Doença imuno-deficiente" ele diz. E completa "- Mas, você gosta de biologia, né?". E eu sem entender porque ele completa com essa pergunta, cansaço, respondo com um "- Sim".
Logo, ele aperta minha mão e sai de perto. Ganha seu rumo, fico observando-o. Ele foi para seu ponto. Depois de alguns minutos, longe de mim ele passa, se afastando, não pegando mais o ônibus, ganhando o rumo do Açude Novo.
Descanso, quase dormindo e flashback.
"- Doença imuno-deficiente"?
?
Porra, caiu a ficha.
Pego o ônibus, refletindo.
Chego em casa, refletindo.
Triste permaneço, debaixo do chuveiro passo alguns minutos.
Ele deve ter ido se esconder, assim como todos os outros que são discriminados por tal doença. Descoberta pesada essa minha, não sei qual seria minha reação, se a "doença imuno-deficiente" fosse diretamente dita.
"AIDS"