terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Autoria

Desabafo faz parte do cotidiano, um deles aprisiona meus neurônios: Autoria de artigos científicos em periódicos internacionais de grande impacto.

Primeiramente, parto da lógica e realidade na qual para se exigir autoria tem que participar da construção e saber defender o conteúdo do artigo.

Segundo as diretrizes do CNPq:

http://www.cnpq.br/normas/lei_po_085_11.htm


18: A colaboração entre docentes e estudantes deve seguir os mesmos critérios. Os supervisores devem cuidar para que não se incluam na autoria estudantes com pequena ou nenhuma contribuição nem excluir aqueles que efetivamente participaram do trabalho. Autoria fantasma em Ciência é eticamente inaceitável.
17: Somente as pessoas que emprestaram contribuição significativa ao trabalho merecem autoria em um manuscrito. Por contribuição significativa entende-se realização de experimentos, participação na elaboração do planejamento experimental, análise de resultados ou elaboração do corpo do manuscrito. Empréstimo de equipamentos, obtenção de financiamento ou supervisão geral, por si só não justificam a inclusão de novos autores, que devem ser objeto de agradecimento.

Além de várias outras diretrizes.

Coletar e montar o material é trabalho manual e não intelectual. A capacidade de descrever, discutir, concluir, além de, claro, historicizar tendo a competência de fazer isso em inglês, para uma revista internacional, é para poucos. Poucos que ainda passam pelo corredor da morte do editor e revisores. E após todo esse processo, ainda pagam o fee de esperar longos meses.

Para exigir colocação de agências de fomento, o dinheiro destinado às pesquisas deve também passar pelo crivo do artigo. Será que há dinheiro de projeto X ou Y aprovado que foi substancialmente, ou minimamente, importante para construção do artigo? Um dos casos é o de coleta, visto que há um trabalho paralelo durante uma coleta ou campo diferente, sendo que todo o trabalho descrito no artigo faz parte de ação laboratorial. O dinheiro destinado ao trabalho paralelo foi nulo, pois foi desenvolvido durante atividades que foram descritas em outros artigos, e vai do autor decidir se deve colocar ou não o nome de determinada fonte de dinheiro. Eu não colocaria a verba de campo, pois todo o trabalho descrito é laboratorial.

Receber agradecimento deve existir como educação, agora receber o nome de autor é para poucos.

Ler o artigo integralmente é a primeira das atitudes para não se cometer o equívoco de exigir agradecimento à verba destinada para outra área e para um ambiente distinto. Não ter competência para ciência e sugar o trabalho dos outros com base no verbo parasitar é danoso e até mesmo criminoso. Se não tem competência divulgue ciência, faça artigos de opinião para jornais locais, atuando assim na sociedade e divulgando as potencialidades da área estudada, do grupo estudado, do material estudado. Se não acha a ciência fácil, se a acha bruta e seca, arrume uma extensão.

Incompetência começa pela não internacionalização do conhecimento por programas de pós-graduação que exigem que o estudante saiba inglês para entrar, e não exige que os professores usem essa habilidade dos alunos, ou compartilhe bons textos e traduções para o inglês. Esse pode ser assunto de outra postagem.

Agir com emotividade na ciência é se matar. Quem julga algo com euforia, sempre acaba por se equivocar. O pior é se equivocar, e equivocar um grupo de amigos, compartilhando emotividades e mentiras que, parecido com a brincadeira do telefone sem fio, pode ter consequências pesadas.

Outro ponto vastamente tocado é o de qualidade na ciência, se existe determinada área, com determinado editor e revisores. É competência deles julgar a qualidade do trabalho. Ninguém melhor do que eles para fazer os periódicos onde fazem parte do corpo editorial crescerem.

Muita discussão porvir.

Descanse em paz, pulga atrás da orelha.

All

2 comentários:

A questão da autoria é complicada.. É professor que precisa de fomento para a base de pesquisa, é bolsista que precisa se adequar as normas das agencias de fomento, são conchavos políticos que aparecem nos departamentos em função de 'facilidades' para alguns grupos... provas de seleção, concursos, enfim! Essas e outras instancias acadêmicas que, por mais deplorável que pareça, são permeadas por agentes 'facilitadores'.. o velho 'jeitinho'.
No final das contas acaba tudo girando em torno de relação de poder e de hierarquia.. O que menos se fala é produção e a famigerada 'qualidade'..

Quem recebe dinheiro para publicar em inglês, não o faz. Quem não recebe para publicar, mas usa o dinheiro e faz, agradece. Quem não recebe para publicar, não usa dinheiro, e faz, não tem nada a ver com o orientador que não orienta. Essa hierarquia de dono do orientando pelo orientador é lixão.

Até quando ser submisso a essas regras e princípios fudidos?

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