quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A história da teoria da “Geração Espontânea”

Queria compartilhar com vocês um pouco de filosofia sobre a história e os experimentos que tentaram provar a Teoria da Geração Espontânea (TGE).

A TGE surgiu historicamente com os pré-socráticos na Grécia antiga, porém existem relatos sobre textos mais antigos que abordavam superficialmente o tema. Alguns relatos do antigo Egito e das antigas civilizações orientais, remetem a aparição de animais que pareciam surgir do nada. No Egito, por exemplo, acreditava-se que os crocodilos nasciam da lama do rio Nilo toda vez que ele transbordava. Esse pensamento foi basicamente o mesmo utilizado pela civilização grega pré-cristã. Os filosofos pré-socráticos observavam a natureza e tiravam conclusões da mesma. Uma delas seria o surgimento de vida, principalmente o surgimento de ratos, moscas e baratas, a partir de ambientes sujos, lixo, lama ou corpos em putrefação.

Pensadores como Thales e Empédocles escreveram sobre a origem de animais e plantas a partir de elementos pré-existentes na natureza, como a terra e água. Pouco depois, Demócrito de Abdera propôs a existência do átomo, que seriam partículas minúsculas que, quando organizadas, geravam a vida. Epicuro de Samos, alguns anos depois, concordou com a ideia da existência de átomos, só que ele relatou que todo o processo para formação de vida pela geração espontânea era um processo natural, não divino.

Pouco antes da filosofia de Epicuro sobre a GE, o grande Aristóteles discerniu sobre o assunto. A partir de trabalhos de campo, observando animais e plantas, ele chegou a conclusão de que: “Todas as coisas vivas são formadas pela junção de matéria com o princípio da ‘forma’, a alma”. Para Aristóteles, a vida só poderia aparecer quando a matéria era unida a alma. A ideia de Aristóteles sobre a GE permaneceu durante aproximadamente 700 anos como sendo a origem da vida.

700 anos depois de Aristóteles, cerca de 400 depois de Cristo, a igreja utilizou dos conhecimentos já existentes sobre a GE e a modificou: agora, Deus é o criador de todas as coisas. As ideias de processo natural proposta por Epicuro e processo natural associado à alma de Aristóteles foram utilizadas e modificadas por “Basil the Great” (um dos líderes da Igreja do leste). Juntamente com “Augustine of Hippo” (líder da igreja do oeste), essa nova teoria sobre a origem da vida foi propagada para toda a Europa. Esse pensamento ficou inerte durante um milênio, aproximadamente.

Durante a Idade Média, nada de novo surgiu em relação à TGE. A ideia de que a geração espontânea dos organismos vivos acontecia por um processo divino era algo concreto e todos tinham essa informação como verdade absoluta. Esse pensamento durou até pouco antes do Iluminismo, quando o homem voltou a se questionar sobre o assunto.

Descartes, no século 17, voltou a fazer do homem um ser pensante e afirmou que a GE não era um processo divino, era um processo natural. A partir da quebra da filosofia teocentrista, o homem passou então a utilizar de método experimental para discutir a origem da vida. Redi foi o primeiro a atacar a GE, fazendo um experimento simples que provava que a vida não surgia do nada. Pouco depois descobriu-se o mundo microscópio.

Diversos experimentos foram feitos nesse período, uns apoiando a GE e outros tentando derrubá-la. A “briga” mais famosa foi a travada entre Needham e Spallanzani. Needham utilizou um frasco de vidro, colocou água com açucar e outros nutrientes e tampou o bico do vidro.

Ele esquentou a mistura diversas vezes e em todas os experimentos ele observou que os microorganismos morriam mas depois surgiam novamente por meio da GE. Spallanzani repetiu o experimento de Needham só que aumentou a temperatura e deixou ferver a mistura por mais tempo. Resultado: nenhum microorganismo na amostra. Needham usou a desculpa de que se aquecer demais a mistura, ela perde a “força vital”. Piada.

Depois de outros experimentos interessantes, apenas um convenceu a comunidade científica, o feito de/por Pasteur. Por meio de experimentos com microorganismos, ele provou que mesmo qndo exposto ao ar, que seria a “força vital” proposta por Needham, a mistura que teria sido esterilizada não apresentava vida. Com esse experimento ele derrubou de vez a GE e confirmou o pensamento proposto por Harvey (1578-1657) que dizia: omne vivum ex ovo (Tudo que é vivo vem do ovo).

Essa história contada no livro de A. I. Oparin, The origin of life on Earth, contém detalhes riquíssimos sobre o pensamento, experimentos e discussões do período de cada pensador. Ele conta como tudo iniciou e como tudo terminou. Recomendo a leitura do primeiro capítulo que discute sobre o assunto. Durante milênios uma teoria foi construida e fortificada erradamente, construíram um edifício em um terreno de lama. Tudo devido ao erro no método científico.

Uirá Melo

8 comentários:

É aquela ordem do animismo, vitalismo, finalismo, até os dias atuais de criacionistas e antigos evolucionistas, pois estamos atualmente mais neutralistas e neodarwinistas, que darwinistas... É tanta corrente naturalista, a história sobre os parentescos entre espécies é lindo, e tem gente que gosta de viver ainda no passado, queimando o livro base Origem das Espécies.

Filé descrever os filósofos, tem muita gente ainda lá na casa do caralho animista. Muita gente que adora a cultura indígena, e culturas transcendentais advindas do ecumenismo, um sincretismo-sincretismo, aí voltamos à terra, água, fogo, coração e ao capitão planeta, por que não?

Delícia mesmo é saber que os experimentos com vários elementos químicos já foram feitos e proto-moleculas orgânicas nasceram deles, mas os criacionistas teimam em não pesquisar em bons periódicos sobre isso ou aquilo outro. Deixem eles com a Origem das Espécies, que a science está muito além disso.

Deu vontade de devanear o papel atual da teologia em contraposição à filosofia. Go team go!

massa veii louko amanha tenho prova sobre isso kkkk mas so vida loka vo tira zero mas msm assim ces tao de parabens

tbm so vida loka
tbm tiro zero

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