domingo, 11 de janeiro de 2009

São João do Tigre - PB

Olho na janela, noite de lua cheia. Já era para o grupo ter partido, pegado estrada. Então, sinto informar, mas nestas férias ganho vida de mochileiro, eu e mais dois amigos, ao todo são quatro, mais o amigo de minha amiga. Um grupo de quatro aventureiros em busca do segundo ponto mais alto da Paraíba, a Serra da Paula, que fica menos de 10 metros abaixo do Pico do Jabre, e faz parte com diversas outras Serras, da divisa entre a Paraíba/Pernambuco. A Serra se encontra na cidade de São João do Tigre - PB, extremo sul da Paraíba. Onde a Caatinga impera, e o calor também, tanto que nossa maior preocupação será encontrarmos água pelo caminho. Não temos preocupação com comida, assaltos, rota certa, mas sim com a pergunta, que assassina meus neurônios.

Será que lá tem água?

Ano passado (2008) estive por lá, em meados de fevereiro, época de seca, sondamos o entorno do Serrote do Caboclo, para uma futura expedição arqueológica, que em abril foi efetivada.

Sairemos nesta terça-feira, 13 de fevereiro, às 16:30 para Sâo Sebastião do Umbuzeiro, cidade mais próxima. Depois do itinerário que passa por Sumé, Monteiro, Zabelê até chegarmos a dita cuja cidade, por volta de 20:30. Portanto, não há transporte neste horário para São João do Tigre, e assim vamos caminhando madrugada afora, contemplando a natureza e a lua cheia. O frio é intenso a noite, pretendo não parar, a caminhada constante é fundamental para chegarmos na cidade pela manhã. A caminhada até São João do Tigre dista 20 quilômetros, e chegando na cidade, mais 20 quilômetros até a Serra. Esperamos ficar, no mínimo, cinco dias fora de casa, longe do celular, computador, televisão, parentes e amigos. De quebra vamos coletar a fauna de solo, alguns colêmbolos e oligoquetas, que por ventura estarão lá bem escondidinhos, visto que esta é a época deles se esconderem. Animaizinhos que adoram sombra e água fresca, o que lá nesta época não há.

Seguindo a canção, vamos chegar, na metade do caminho à Serra, na Área de Proteção Ambiental das Onças, a maior (36.000 hectares de Caatinga Fechada) e menos conhecida da Paraíba, vide fotos aqui, local encantador, cheio de ossos por todos os lados, cobras, escorpiões, raposas, diversos pássaros. Serras e serrotes compõem bem a paisagem. Subindo em qualquer um deles, sentimos o quão bonito é o local, município que já tem mais de trinta sítios arqueológicos catalogados. Segundo o projeto que tramitou para aprovar aquela área como proteção ambiental, haviam onças vagando pelas matas, e por isso o nome da cidade “do Tigre”. Os nativos sempre gostam de aumentar as alegorias. Hoje não mais existem onças naquela área, pelo menos acho, já que não há pesquisas por lá também. Caso encontre uma capturarei a imagem, e claro ficarei parado esperando ela passar. Invadi o hábitat dela, ossos do ofício.

Poderia optar por ir ao Pico do Jabre, ou Serra de Caturité (outro ponto também tão alto quanto), mas preferi ficar em São João do Tigre, local bem longe da civilização urbana, embora vasto de motoqueiros, cavalos e aqueles carros “bandeirantes” com a carcaça modificada para transportar passageiros.

Lembrando que os motoqueiros de capacete naquela área não existem, portanto há de se desconfiar de algum motociclista correto ao passar por nós.

Vamos adquirir um pouco do dia-dia de lá, vamos ficar amigos da rotina do local, quem sabe visitar uma capelinha, seguir algum ritual a noite, vivenciar outras culturas, escutar mais do que falar, ah! E claro, anotar! Anotar tudo e trazer para o blog, necessitamos de informações sobre aquela área pouco valorizada da Paraíba.

O novo prefeito de São João do Tigre, Eduardo, esta no lugar que foi de Seu Genuíno, por estar caducando e não conseguir nem ao menos se deslocar de João Pessoa, cidade onde mora, para São João do Tigre. Esta notícia pelo menos foi ótima, visto que o Eduardo já tinha diálogo com a equipe de arqueologia, e assim fica fácil chegar até ele com proposições, parcerias.

Capturarei imagens e colocarei em meu álbum virtual, para aumentar a valorização daquela área. O calor lá é intenso, principalmente quando o zênite solar está formado, logo um fototropismo negativo se formará, e quem sabe adentrarei às terras desidratado, sete palmos abaixo dela, o nosso inferno, embora paraíso dos colêmbolos.

Uma boa mochila e uma boa faca. E no caso de São João do Tigre, temos de ter uma boa cisterna no caminho também.

Deixo este texto com uma revelação, pois aprendi a cozinhar no mato, com com muita fome foi aprendendo aos poucos. Vegetariano no mato tem de cozinhar sua própria comida, pois sempre chega um engraçadinho com uns temperos musculares na panela e acaba estragando a comida. Meus companheiros de viagem são pessoas compreensivas, vão conseguir me aturar por uma semana. Claro, se faltar comida, a última alternativa será caçar e comer carne. Deixando claro, a última alternativa.

Imagem de São Sebastião do Umbuzeiro - São João do Tigre. Fonte: AESA


2

4 comentários:

Se você estivesse vendendo pacotes de viagem, eu compraria! =) estou ansioso para ler o segundo capítulo desta aventura, mesmo levando em conta que estou indo visitar ali por perto essa semana também!

Cuidado com os tarados, conselho de amigo :D

espero que esteja bebendo água... Aguardo notícias quando chegar!

Vc pelo menos deveria ter respeito pelo ex prefeito Genuíno josé Raimundo, homem que construiu e deu uma verdadeira alma a esta terra, recuperando sua dignidade, quaisquer esclarecimentos, andrade.elisandro@gmail.com

Postar um comentário

Queremos muito saber sua opinião! Ao comentar, por favor, identifique-se.