Um aluno do Curso de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba está desenvolvendo pesquisa inédita no campo da Biologia e da Arqueologia. Há mais de um ano, Allysson Allan de Farias, do 5º período, vem aliando as duas especialidades para analisar seres artrópodes minúsculos encontrados no solo, os colêmbolos. Com isso, pretende estudar as capacidades deles em preservar ou degradar os ossos encontrados nas pesquisas arqueológicas.
O trabalho é orientado pelo professor de Biologia da UEPB Campus V, Douglas Zeppelini, e conta com o apoio do professor e arqueólogo Juvandi dos Santos, do Curso de História da UEPB. Ao mesmo tempo em que participa das escavações na Área de Proteção Ambiental das Onças, no Cariri paraibano, Allysson coleta amostras dos seres para sua pesquisa, seleciona-as em lâminas e identifica todas as espécies.
"Minha pesquisa é paralela, e até similar, à realizada pelo professor Juvandi. Enquanto ele estuda a origem dos índios na região dos Cariris, eu procuro me aprofundar na filogenia dos colêmbolos, ou seja, nas origens, evolução biológica e características da espécie", explica Allysson.
Colêmbolos
Excluídos da maioria das coletas científicas, ainda há pouca informação para as pessoas comuns e estudiosos da área acerca dos colêmbolos.
Segundo Allysson Allan, os próprios zoólogos discriminam esse grupo, sendo difícil, até mesmo, encontrar o nome deles nos livros didáticos de zoologia dos invertebrados. No entanto, estão sempre presentes nos quintais das casas e na agricultura, em todas as regiões do planeta, livrando as plantas e as pessoas dos fungos que causam doenças.
O estudante diz que nunca percebera a relação entre sítios arqueológicos e os colêmbolos, mas que durante as escavações pôde comprovar que eles são encontrados em abundância no solo, junto com os ossos, e poderiam influenciar de alguma forma no processo de conservação ou deterioração deles.
Ele explica que os colêmbolos constituem uma fauna estruturadora de solo, uma vez que nele vivem e lançam suas fezes, umedecendo-o. Dependendo dos compostos com os quais se alimentam, podem expelir alguns elementos químicos predominantes e, a partir daí, conservar ou deteriorar os ossos que estão enterrados. É justamente este o objetivo principal do estudo: identificar a ação dos colêmbolos sobre os ossos.
"As pesquisas com material humano histórico têm mostrado que eles se alimentam de fungos e microorganismos que atacam os ossos e este é um aspecto positivo na preservação. No entanto, enquanto fazem a ‘limpeza' do material e auxiliam na mineralização, suas fezes podem desestruturá-lo, de acordo com os elementos químicos presentes", diz o estudante.
O recolhimento dos colêmbolos é feito através de simples armadilhas de queda, chamadas "pitfalls", que consistem em tampas de plástico com soluções de água e detergente espalhadas por uma determinada área. Como os colêmbolos se locomovem sobre o solo em pequenos pulos, correm o risco de cair nas armadilhas e lá permanecerem, sendo coletados posteriormente.
Em seguida, com a ajuda do professor Douglas Zeppelini, são estudados no laboratório de zoologia do Campus V da UEPB, em João Pessoa, para depois serem relacionados com os sítios arqueológicos onde foram coletados. "Estamos estudando alguma forma de empregar a filogenia no trabalho com os colêmbolos". Além disso, a biogeografia da área onde os colêmbolos são capturados também está sendo estudada, como forma de aprofundamento na pesquisa.
Pesquisa inovadora
Para o professor Albérico Nogueira, bioarqueólogo da Universidade Federal de Sergipe (UFS), esta é uma pesquisa inovadora, pois não há nenhum trabalho ligado a Tafonomia (processo que origina as marcas nos ossos durante a história) em toda América Latina. Com o intuito de tornar os colêmbolos mais conhecidos.
Recentemente, Allysson Allan publicou um artigo no Diário da Borborema sobre o assunto, intitulado "Colêmbolo? Que bicho é esse?". Mas suas pretensões vão além. "Pretendo cursar mestrado voltado para a filogenia dos colêmbolos e fazer com que haja um interesse maior das universidades sobre a ‘arqueozoologia', integrando os cursos de História e Biologia em uma nova linha de pesquisa na graduação. Além disso, é preciso que a espécie seja desmistificada não só na Paraíba, mas em todo o Brasil, levando à sua inclusão nos livros didáticos, até hoje escassos no assunto".
2 comentários:
Pesquisa similar...
kkkkk
Allyson, sinceramente sua criatividade e persitencia me causa vertigens! parabens! você vai longe....
Postar um comentário
Queremos muito saber sua opinião! Ao comentar, por favor, identifique-se.