segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ali tem um buraco negro


Agência FAPESP – Cientistas estimam que o centro de cada galáxia seria ocupado por um buraco negro supermassivo, formado pela convergência de buracos menores ou pela acreção (aumento de massa por aglomeração de materiais) de estrelas e de gás nessas estruturas.

Isso é o que se acredita, ainda que não exista comprovação para essa hipótese até o momento. De fato, nem mesmo sobre a existência dos próprios buracos negros – objetos tão densos que a sua força gravitacional evita que qualquer coisa escape de seu alcance – há provas conclusivas.

Mas um sério candidato acaba de surgir, e justamente na Via Láctea. Um grupo internacional de 29 pesquisadores conseguiu chegar mais perto do que qualquer outro de um provável buraco negro supermassivo. A descrição está na edição desta quinta-feira (4/9) da revista Nature.

Os astrônomos reuniram radiotelescópios no Havaí, Arizona e na Califórnia para criar um telescópio virtual com resolução mais de mil vezes superior à do Hubble. O alvo das observações foi uma região na qual se suspeitava da existência de um buraco negro com massa 4 milhões de vezes maior do que a do Sol.

Denominada Sagitário A, a enigmática fonte de emissão de ondas de rádio, infravermelho e raio X no centro da Via Láctea sinalizaria o buraco negro supermassivo ainda mais no interior da galáxia. A formação foi descoberta há três décadas, mas esta é a primeira vez em que se conseguiu uma resolução angular (ou capacidade de observar detalhes ínfimos) adequada ao tamanho do “horizonte de eventos” do buraco negro – a região interna da qual nada, nem mesmo a luz, consegue escapar.

Sem luz, nada de observação direta. Como não se pode vê-los diretamente, astrônomos estudam buracos negros por meio da detecção da luz emitida pela matéria que esquenta à medida que se aproxima do horizonte de eventos.

Ao medir o tamanho dessa área brilhante no centro da Via Láctea, os pesquisadores verificaram a maior densidade até hoje encontrada de matéria na região. “Isso é uma nova e importante evidência que apóia a existência de buracos negros”, disse o principal autor do estudo, Sheperd Doeleman, do Observatório Haystack, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.

“A técnica que usamos permitiu uma vista sem igual dessa região próxima ao centro da galáxia. As novas observações têm uma resolução equivalente a ser capaz de ver, da Terra, uma bola de beisebol na superfície da Lua”, afirmou.

Embora sejam precisos mais de 25 mil anos para que a luz das proximidades do centro da galáxia chegue até a Terra, os astrônomos calcularam que o tamanho de Sagitário A é apenas um terço da distância do Sol à Terra.

Segundo eles, a fonte de radiação deve se originar ou em um disco de matéria que se aproxima do buraco negro ou em um jato de matéria de alta velocidade lançado pelo objeto. “Observações futuras com telescópios virtuais ainda maiores serão capazes de identificar exatamente o que promove essa emissão”, disse Doeleman.

“Esse estudo abre uma nova janela ao investigar a estrutura de espaço e tempo próxima a um buraco negro e ao testar a teoria da gravidade de Einstein”, comentou sobre a pesquisa o astrofísico Avi Loeb, da Universidade Harvard.

O artigo Event-horizon-scale structure in the supermassive black hole candidate at the Galactic Centre, de Sheperd Doeleman e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

1 comentários:

Por falar em buraco negro, o LHC será inaugurado em breve, e tem uma equipe de brasileiros por lá desenvolvendo trabalhos com física das partículas, muito interessante! O resfriamento do equipamento chega quase ao zero absoluto, e o aceleramento, nem sei quantos TKVa, ou sei lá que porra de sigla que eles utilizam.

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