quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Réveillon 2009 Brochante

Dia 31 de dezembro, saio de Campina Grande com destino à João Pessoa, chegando na capital por volta das 22 horas, com dois litros de vinho e um de espumante. Saio eu um tanto ébrio, e uma acompanhante, ao chegar na rodoviária de João Pessoa, agora em sentido à Integração, para termos como último destino o Busto de Tamandaré. Chegamos na Integração, um imenso tumulto toma conta da entrada e saída de passageiros dentro do ônibus. Entro dentro do tumulto precavido por perder a contagem regressiva, que marca a entrada do ano de 2009. Chego totalmente suado em Tambaú, próximo à Feirinha, e ando em sentido ao Busto. Chegando lá, mais um grande tumulto, agora para garantir lugar ante a queima de fogos. Logo, com um misto de músicas de rap e de reggae tomam conta da praia, começo a dançar e ser repreendido, como moleque que bebe e não sabe o que faz. Santa hipocrisia daquela que me acompanha e acaba com minha noite. Ser ébrio é um erro na sociedade, e foge às normalidades. A justificativa dela: "- Onde começa o limite de outrem, acaba o seu". Embora, as minhas práticas fossem de simples danças com acústica fantástica que estava extasiando meu ser com toda aquela multidão de pais-de-santo me acompanhando alegremente. Chegando próximo aos segundos finais todos se aproximam da beira-mar para observarem os fogos. A organização do evento se importou tanto com eles, que esqueceu da contagem regressiva. Uma gafe imensa, onde todos ficaram esperando com o dedo polegar segurando a tampa de champagne (ou de outros - como eu - de espumante) a "virada" do ano. A minha não demorou muito, logo ao tirar aquele protetor de arame que segura a tampa, a tampa foi junto, tamanha pressão molhou todos em minha volta, e mais uma vez a acompanhante ficou emburrada e com a cara feia. Ao chegar na beira-mar, fui logo soltando um palavrão, exaltado com todas aquelas psicodélicas cores dos fogos: "- Que ano novo do caralho!". Recebendo um:

- Cala a boca.

De um casal que estava logo a frente. Desde então fiquei calado, e com a cara de poucos amigos, pude revidar em silêncio tal investida. Até o casal novamente se manifestar. "-Nossa que lindo! Maravilhoso isso!" Revido com:

- Ainda querem qu'eu cale a boca ante tamanha beleza.

Aí a noite desandou, minha companheira não me beijou, os hormônios foram para os neurônios, sentei lá na areia da praia, e nem a animação (grande) de Moraes Moreira me colocou novamente nos trilhos da alegria. Revi diversos amigos, essa foi a melhor parte, revi uma querida paquerinha na orla, que há tempos não entrava em contato comigo. Acabou Moraes Moreira, o frevo começou e com ele uma imensa poluição sonora, com diversas músicas escrotas ao longo da orla, onde ninguém respeitava ninguém. Todos aqueles grupos de antropóides em busca de amor fácil, onde se misturavam aos grupos de famílias, que estavam ali para curtir as boas conversas de final de ano. Todos se tolerando. Tolerância, palavra que não me faltou, ao ter de aturar tamanha carga de atitudes da acompanhante, e emoções de amigos, que me convidavam para os mais diversos locais, barzinhos e bordéis de João Pessoa naquela noite. A tristeza foi completada pela falta de contato, afinal o bônus do celular acaba no último dia do ano, e nem tinha me dado conta disso, tanto que não fiz nenhum contato pós meia-noite, mil promessas, mil contatos, nenhum cumprido. Um gole, dois, três, o vinho foi embora, e com ele a análise do momento social foi discorrida ao sentar com minha acompanhante próximo a algum quiosque na praia de Cabo Branco. Após alguns momentos, agindo como Gramsci, "desocultando a realidade", escuto de minha companheira um:

- Para de falar merda.

Logo após isso, os dois em silêncio, sem se falar indo à praia de Tambaú. O casal de primatas foi se nutrir na feirinha, eu na velha e famosa tapioca de quatro queijos, que estava com desejo, feito essas crenças de grávidas que não comem o que desejam, e como consequência os bebês nascem com a cara do desejado. Ela comeu um X-tudo, com tudo aquilo que repudio, carne dos mais variados tamanhos, cores, texturas e cheiros, cheiros estes que me lembram a loja do McDonalds, o consumismo e o meu vômito eterno mental a posteriori. Sento na areia da praia bêbado, agora me embriaguei de vez, com o último vinho, bebi ele sem cessar, em diversos goles, um atrás do outro. Sentamos para observar a praia, o Sol nasce, eu não me dou conta. E pluft, estamos a pegar outro ônibus lotado em sentido a rodoviária, cheio de palhaços fazendo escárnios sexuais no fundo do ônibus. Voltamos no ônibus para Campina às sete horas da manhã, fome, sede, sono. Sono que me acompanhou durante toda viagem, dormi feito pedra no velho e famoso Real Bus. Chego em minha casa, durmo, reflito e concluo que era melhor ter ficado em Campina Grande com minhas putas tristes, visitando os bordéis, fazendo contatos, me embriagando em casa. Ou estado sozinho em João Pessoa. Das duas opções a última, e ela vou cativar até o próximo Reveillon, sozinho na praia.

P.s.: A acompanhante/companheira é uma amiga.

7 comentários:

Camarada,

Esse foi um dos textos mais engraçados que li nas últimas semanas.

Putz! Você descreveu um cotidiano do fim-de-ano em João Pessoa que pelo menos uma vez, qualquer paraibano já passou por isso.

Bem, os detalhes de sua visão de mundo lhe diferencia da massa e o coloca em sintonia com seu grupo social. Sem querer continuar com essas palavras e sendo um paraibano comum: você estava era mal acompanhado! Ou não falou a linguagem que ela esperava e desejava.

Dá uns agarros logo no começo da próxima vez. Se acontecer alguma coisa negativa, ou o comportamento continuar da mesma forma que no révellion de dezembro de 2008... Escuta seus amigos, vai para um barzinho, ou uma boa Boate em João Pessoa.

Eu tenho e li "Memórias de Minhas Putas Tristes" (de Gabriel García Márquez), você está longe dos 90 anos, viu?! rsrsrs!!!

Por outro lado, eu nunca li o livro chamado "Pornéia" (de Aline Rousselle), mas o que um amigo paraibano certa vez me falou desse livro... é a praia de Tambaú descrita por você.

Da Pornéia, das putas tristes, da companheira mal humorada, da embriaguez, do novo ano!!!

Parabéns, Allysson!!!

Abraço,

W.

kkkkkkkkkkkkkkkkkk
que texto é esse hein?
era bom a acompanhante lendo
;x

kkkkkkkkk
Rapaz... ia falar justamente o que o Uirá falou, mas em suma passei o mesmo aqui, mas com acompanhates(no plural) que deixavam eu dançar forro bebo!
Acho que fui mais feliz!

Pois é Waltécio, Uirá e Jorge, além de tudo isso ganhei dor de cabeça, resfriado e uma diarréia braba. Mas, enfim, fico feliz por ter desabafado aqui, tenho de compartilhar essa experiência com meus amigos, para ver se a partir daí o próximo Réveillon não seja a mesma coisa.

Waltécio, vou procurar o livro Pornéia em breve. E quando ler, transcrevo e comparo as vezes que fui à Tambaú nestas épocas agitadas.

Uirá e Lucas, ela deve ter procurado por "Réveillon João Pessoa Sem Contagem Regressiva" no Google, quem sabe ela não cai aqui, e aí já viu... hahahahhaa

hsuahsauhsauhsuhsushus, ally e as paquerinhas!

Quem mandou não aceitar o convite de uma certa ruiva sertaneja pra ver o ano virar na lagoa, ao invéz da praia?! Aqui teve contagem regressiva e também teve fogos, tá?! hehehehehe
Mas eu concordo com o Waltécio: você tava era mal acompanhado, viu! Ou sua companhia num tava num dia nada bom! hehehehehuauhauhuhauha

Tomara que o ano que vem você tenha mais sorte. Sozinho ou não.

Xero!

Gostei mt do seu texto! Me identifiquei com ele por ser pessoense e tds anos passar o reveillon naquela praia... N aguento mais, além de que essa festa tá sem graça há mt tempo...

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