domingo, 29 de março de 2009

Diferenças Darwin X Wallace (1858)

Enfim, acabei de ler o artigo do Kutschera (2003) e saibam as diferenças entre os artigos do Darwin e do Wallace, publicados pela sociedade lineana em 1858, culminando com o grande livro de 1859 que dispensa apresentações, eis algumas diferenças:


1- Wallace julga os animais domésticos de anormais, e não como modelos naturais padrão. Darwin força o pensamento nas similaridades entre variantes domésticos e naturais na construção da argumentação. (interessante saber que os conceitos de espécie do Darwin são três: variedades, subspécies e espécies verdadeiras).

2 – No artigo por Wallace somente animais (vertebrados, insetos) são citados como lutando pela sobrevivência. Enquanto Darwin cita os animais e as plantas, respectivamente, móveis e sésseis.

3 – Wallace força a competição dos animais em relação ao ambiente (enquanto vivente ou inorgânico) e entre espécies separadas: a luta contra inimigos e predadores é o decisivo processo no artigo dele. Darwin, por outro lado, enfatiza a competição interespecífica: a luta contra uma espécie próxima.

4 – Do grande início da carreira de evolucionista, Wallace (1858) rejeitou o conceito proposto por Lamarck, enquanto Darwin, durante sua vida, aderiu ao princípio da herança das características adquiridas.

5 – Wallace não mencionou o fator tempo (o número de gerações que podem passar) enquanto novas variedades de espécies podem ocorrer como um resultado de uma consistente força de seleção natural. Darwin pontuou a importância dos intervalos de tempo geológico com respeito à origem de novas espécies e se referindo a milhares (ou milhões) de gerações.

6 – Darwin introduziu, em adição aos meios naturais de seleção, o segundo princípio: a luta entre machos e fêmeas (seleção sexual). Wallace não menciona o segundo tipo de seleção, o qual é resultado do sucesso de acasalamento diferencial.


Observações interessantes:


O termo seleção natural foi iniciado por Darwin, e não por Wallace.

Os termos adaptação e população em um senso moderno foram sintetizados por Wallace, e não por Darwin.

Ambos não utilizaram a palavra evolução, embora nos livros seguintes eles se referem à esta palavra como chave em diversas ocasiões. Utilizaram a palavra espécie em ambos os trabalhos.


KUTSCHERA, U. A comparative analysis of the Darwin-Wallace papers and the development of the concept of Natural Selection. Theory Bioscience, 122: 343-359, 2003.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Tudo é natural?

Diria Darwin, quanto a seleção artificial:
"Eu estou convencido que a seleção ocasional e intencional tem sido o mecanismo padrão na produção de nossas raças domésticas; (...) A seleção age somente pela acumulação de pequenas ou maiores variações, causadas por condições externas, ou pelo mero fato que o filho não é absolutamente similar ao seu parente. O homem, pelo poder de acumular variações, adapta os seres vivos como quiser." (DARWIN, 1858, p. 51)

Ou Wallace:

"Nenhuma inferência como para variedades em um estado da natureza pode ser deduzida de uma observação das que ocorrem entre animais domésticos. As duas são muito opostas da outras pela mesma circunstância de sua existência, que o que se aplica a um é quase certeza de não se aplicar ao outro. Os animais domésticos são anormais, irregulares, artificiais; eles são assuntos de variedades as quais nunca ocorreram e nunca podem ocorrer no estado da natureza: sua grande existência depende de viver junto ao cuidado humano" (WALLACE, 1858, p.61)
Presente neste maravilhoso artigo, repleto de informações novas sobre o Wallace, comparando-as com os conceitos do Darwin.

KUTSCHERA, U. A comparative analysis of the Darwin-Wallace papers and the development of the concept of Natural Selection. Theory Bioscience, 122: 343-359, 2003.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Estado Laico

Se o Estado é laico, por que o próximo feriado é a Semana Santa?

A curiosidade e o belo

Lendo a "Metafísica do Belo" de Schopenhauer, pela segunda vez, percebo muitos conceitos que passaram invisivelmente com o danoso ato da leitura "tempo escasso", sem o poder da degustação das palavras, e nisto tenho mea culpa. Deveria dedicar mais tempo à estas obras de grande expressividade prática na sociedade. Imagine você conceituar o nada, o belo, o tudo, o ser, ou o por que, e o quê. Quanto à estes dois últimos, são consequências implícitas da curiosidade, e na introdução do livro são desocultados:

O princípio de razão ("nada é, sem uma razão pela qual é") a tudo explica, todavia encontra o seu limite na resposta ao por que (Warum) das coisas, não fornecendo o que (Was) das mesmas; é quando entra em cena o meta-físico, suprime sua explicação e penetra na compreensão intuitiva do núcleo daquilo que é físico; ora, a metafísica do belo de Schopenhauer será justamente a que se aterá à abertura estética para o íntimo das coisas, que apontará os arquétipos brilhosos dos quais a realidade fenomênica é turvado éctipo.

A descrição da história por trás dos epitélios materiais, explorando os limites da razão.

Nos próximos textos continuarei a expressar aqui as descobertas existenciais.

domingo, 22 de março de 2009

Status quo, práxis e exis

Difíceis palavras ao tom laico de ser, ao tom laico de existir, em si ou para si. Vide Sartre, e eis aqui uma análise de sua obra enfatizando a antropologia estrutural e histórica.

A antropologia estrutural e histórica de Jean-Paul Sartre

O conhecimento da alienação é a parte mais interessante deste trabalho de Andre Dalpícolo.

Trabalhando a liberdade, nunca diga nunca, se você age passivamente:
Tal conjunto, com efeito, é aquilo que sou; mas, como observamos no início de nossa segunda parte, o Para-si não pode ser nada. Para-mim, eu não sou professor ou garçom, assim como tampouco sou bonito ou feio, judeu ou ariano, espiritual, vulgar ou distinto. Vamos chamar de irrealizáveis tais características (...) Todavia, esses irrealizáveis não nos são apresentados somente como irrealizáveis: com efeito, para que tenham o caráter de irrealizáveis, é necessário que se desvelem à luz de algum projeto que vise realizá-los. E é exatamente, com efeito, aquilo que há pouco observávamos, quando mostramos o Para-si assumindo seu ser-para-o-outro no e pelo próprio ato que reconhece a existência do outro. Correlativamente, portanto, a tal projeto assuntivo, os irrealizáveis desvelam-se como 'a realizar'. Antes de tudo, com efeito, a assunção efetua-se na perspectiva de meu projeto original: não me limito a receber passivamente a significação 'feiúra', 'enfermidade', 'raça', etc., mas, pelo contrário, só posso captar esses caracteres - a simples título de significação - à luz de meus próprios fins
Penso, logo pró-ativo. Em busca das desocultação da realidade, como diria outrora Gramsci, os humanos, proletários, morrem no quotidiano, ou se equilibram? (O que ideologicamente é danoso)
De minha parte, chamo de ideologia simplesmente ao fato de que, no interior da filosofia reinante - no interior, pois do marxismo -, outros trabalhadores surgem depois do desaparecimento dos primeiros grandes filósofos e estão obrigados a ir adaptando perpetuamente o pensamento às mudanças quotidianas, dando um balanço nos acontecimentos na medida mesma em que se processam (...) É assim também que, na minha opinião, os assim chamados filósofos da existência deveriam, de preferência, ser denominados ideológos da existência, pois representam um certo número de indivíduos, um grupo, uma tendência que buscam valorizar e desenvolver algumas terras não exploradas pelo marxismo? Em especial porque, digamos, o marxismo é uma filosofia extensiva e não uma filosofia intensiva. Porque é sempre necessário cuidar do mais urgente.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Plesiomorfias II

A Ecologia Política nos leva às críticas da ideologia que pode ser formar através do estudo dos conflitos pelos recursos naturais, e dos estudos que podem ser formar através das ideologias. Como a sociologia, a metodologia ecóloga política pode tomar uma base ideológica para argumentar sobre os estudos.

Começo o texto com Ecologia Política, pois a influência do ambiente pode cancelar a influência genética? Qual dos dois é mais importante neste processo?

Citamos trabalhos ligados à história, trabalhos ligados ao patriarcalismo. Essa vertente tem um quê histórico de exploração de gênero, e isso na vista de alguns é algo genético. Enquanto outros, argumentam que o momento social, as ações em determinado tempo, tinha como característica comum esta: Exploração da Mulher.

O mesmo como capitalismo, sendo ele natural, segue estratégia análoga ao patriarcalismo. Sendo este, portanto genético, seria repassado à prole que desenvolverá esta cultura, a cultura do dinheiro, quiçá lucro. Estaremos nós codificados geneticamente com informações que influenciem totalmente nossa ideologia, cultura, filosofias?

As células neuronais são importantes neste processos de estímulos, s'eu fosse escolher uma célula específica ao estudos destas adversidades em busca do capital, utilizaria o neurônio, por ele apresentar grande influência nas áreas cerebrais, recebendo estímulos e distribuindo aos lobos responsáveis pelos cinco sentidos. Maravilhoso cérebro, que é compacto, digno do raciocínio rápido, estimulos involuntários precisos.

Levando em consideração a Psicologia da Aprendizagem, o consciente leva em consideração o necessário e o supérfluo, este último é influenciado pelo euri-superego, o id leva em consideração o instinto, o necessário de fato. O feedback sempre deve acontecer entre o limite dos instintos em busca do necessário, até onde é necessário? Se deixar o superego levar, este euri-superego, vamos gozar de superfluidades, dignas de algo industrial, superficial, empresarial, excluidor, com obsolescência programada.

Até onde esse argumento da genética continuará? Determinismo biológico?

O marasmo do cala-te (síndrome da mudez), economize energia, e não dissemine informações, também parece fazer parte deste contexto, onde poucos mostram interesse sobre o assunto (social), e boa parte das informações são obscuras pela própria elitização que forma o grupo de estudos em genética de Universidade X ou Y. Tomara que a Z seja menos técnica, e mais social.

quinta-feira, 12 de março de 2009

ABNT? Sem problemas.

Uma equipe do Rexlab da UFSC desenvolveu um software, que poucos sabem, mas descomplica a vida ante as NBRs que temos de seguir para desenvolvermos os trabalhos acadêmicos.

O mecanismo é fácil, basta preencher os dados, e uma citação completa aparecerá em seguida. Ctrl+c Crtl+v, pronto, otimizará seu tempo:

http://www.rexlab.ufsc.br:8080/more/

Narcisismo sapiens

O próprio Freud reconhece como uma atitude natural humana rejeitar a idéia de que somos dominados por processos que desconhecemos, quando na "Conferência Introdutória à Psicanálise", de 1916, mostra que a a espécie humana sofreu três grandes feridas em seu narcisismo. A primeira foi causada por Copérnico, ao tirar a Terra do centro do universo. A segunda, por Darwin que, ao definir "A origem das espécies na luta pela vida", tira ao homem a pretensão de ser filho de Deus. A terceira é a descoberta do inconsciente que tira ao homem o domínio sobre sua própria vontade.


Trecho encontrado na página 14 de uma apostila sobre Psicanálise lançada pelo professor da disciplina Psicologia da Aprendizagem, compartilho com vocês. Espero saber a referência em breve, e tão breve quanto colocarei aqui.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Plesiomorfias

Buttons, me deparo com a reflexão.

Fugindo das normas da sociedade, o impacto. A quebra do narcisismo. A problemática Evolução Ontogenética. O voltar a ser criança. Logo após ver o filme, do Benjamin, exprimi uma reflexão grata.

Como um bom filme deve ter uma boa família, posso ver que o impacto não foi mais além, ficou nas aparências do protagonista que viveu amparado pelo rejuvenescimento. Aí termina a vida do protagonista e começa a minha, quais serão minhas práticas futuras?

Percebi o quão a sociedade necessita de representação, sociedade confusa e maleável, que se persuade por aqueles que tem mais poder, poder de convivência, poder monetário, poder clerical, poder científico, e o espectro das análises a cada dia cresce mais. Antagonicamente ao Benjamin, não quero ter filhos, ou compor família com uma companheira parte da biodiversidade. As problemáticas da parceira conceber filhos por pura vaidade, egoísmo, pois chegou em uma fase necessária da vida, onde todos têm filhos e não posso fugir da linha.

Desculpas de sobrevivência não colam, a taxa de natalidade cresce, e por vezes estagna, raramente decai. Os melhores genes não colam, afinal uma carga cultural e científica os neurônios dos filhos sempre receberão. Portanto, analisem os filhos dos principais amigos intelectuais que vocês acham, encontrarão aqueles que não gostam da razão de existir e do ato de refletir. A solidão não cola, imagina livros e mais livros escritos, experiências, e uma sociedade inteira para conviver. A responsabilidade consequentemente após a prole aumenta, as energias são focadas na produção de bens, para manter a vida da prole, enquanto esta mesma energia poderia ser empregada para dez famílias ou mais. A carga de trabalho para satisfação de outrem, mesmo sendo de mesmo sangue (egocentrismo), nos leva a invisibilidade, a ausência da existência. Afinal, em três gerações serás esquecido, você, sua história, seus bens adquiridos. Histórias de organismos humanos ainda podem ser recuperadas por bibliografias. Imagina o poder de viajar, conhecer pessoas novas, carinhos novos, novas culturas, sem precisar estar com uma mesma família, um mesmo filho, uma rasa noção egoísta de viver. Dar atenção a um coletivo maior do que três ou quatro pessoas, sem compromissos. Visto que o compromisso da morte se exclui com o da vida, e o que nos resta é existir.

Imagino eu, meus genes e a herança deles sobre minha prole. Agora imagino a influência das potencialidades de meus genes em uma sociedade que pode ser minha prole, influenciando bem mais do que em um organismo, em populações. Populações que podem levar nossas características, as melhores, as discursivas de fato, as ideológicas. Ideologias que se perdurarão por gerações e gerações, nada de nomes, e sim idéias, depois os nomes, mas antes as idéias. Imagina um determinismo, X genes, para X filhos, X miniaturas minhas? Claro que não. Jamais gostaria de dar este tiro no escuro.

Acertar o alvo populacional é mais provável, e é nele que investirei.

A quebra do narcisismo, enquanto novo, bebê lindo, enquanto idoso, velho com rugas. Características daqueles que pensam a curto prazo. Imagine nascer com um nível de calcificação baixo, diversos osteoclastos agindo, logo na idade de bebê. Você ganha seus vinte anos, entra no ônibus e quebra uma perna após uma arrancada do motorista, visto que estavas em pé. Todos ajudam você com extrema atenção, chamando-o de senhor. Há aqueles que não lhe cedem lugar, e pensam que você é mais um invisível da sociedade, mais um número, e mais um gasto para o estado. Depois aos sessenta anos, você está na flor da idade, pega o ônibus, cede o lugar aos idosos que necessitam, e vê o quão impactante é mudar do velho para o novo, do ômega para o alfa.

Existir sem reflexão não é válido. Aproveitarei minha jovialidade em total harmonia com a sociedade? Jamais, pois as divergências são construtivas a longo prazo. A quebra deste bloqueio está inerente ao processo lógico do pensar, probabilisticamente raro evento, mas não impactante quando pensamos nestas possibilidades (rejuvenescer) antes.

Evolução Ontogenética Inversa.

Seguindo a lógica da saúde, a beleza também é impactada, sair do idoso para o bebê. Das rugas para os níveis máximos de colágeno e elastina. Da desatenção de todos, para a posterior atenção.

O quão reflexiva deve ser esta vida. Observar tudo e todos. Uma pena se acontecer este evento hoje em dia, pois será amplamente noticiado em jornais, fazendo do portador, um objeto de estudo. Em épocas passadas, o objeto de estudo viraria um grande sociólogo, viveria no mais profundo sigilo, analisando o nicho, ganhando ampla visão de mundo, sem conhecerem as causas de tal evento raro. Nada de holofotes e tapes. Somente registros diários das contradições na etapa final do organismo humano.

Embora, eu sem família e filhos, ele sem senescência. Impactos diferentes, registros gradativos, afinal são escolhas para antes de respeitadas, serem questionadas e criticadas. Optei por alguns impactos, ele não optou, mas praticou os impactos que foram inerentes a ele. Sâo dois casos distintos, respectivamente, voluntário e involuntário.

Aqui fica justificada minha escolha.

terça-feira, 3 de março de 2009

Chuva e Açude Velho

A corrida de 8 quilômetros no final da tarde é essencial para despolarizar todos os neurônios de uma vez só. Imagine eu, primata, observando o que acontece, quando posso ir àquele local. Local este, Açude Velho, cartão postal de Campina Grande - PB, me faz pensar na morte da bezerra, bem como na mãe dela, e todos familiares. Penso, desabafo também.

Desabafando o que acontece de triste no dia-dia, buscando soluções mentais enquanto olho o caminho esburacado. Muitas vezes quando nos damos conta dele, puf, mais uma torção, e alguns dias de molho. Uma pena que a infra-estrutura não seja lá essas coisas, mas a falta de atenção é menor ainda. Portanto, as desculpas para uma possível não ida por existirem buracos no caminho, não é viável.

As soluções ficam guardadas, e logo são transcritas para o papel, quando chego em casa. Ou no computador, no bloco de notas (aprendi a produzir com essa ferramenta antiquada do Bill Gates).

O restante do dia fica melhor, as energias acumuladas são gastas. As energias que faltam são potencializadas para uma posterior janta ao chegar em casa. Revejo amigos, analiso a sociedade, criatividades e idéias nascem, e o que sempre fica implícito, cuido da saúde.

A última coisa que penso a ir ao Açude Velho, cuidar da saúde. Tem outros que pensam na estética também, estes não passam um mês correndo.

Nestas voltas e voltas, fazem cinco anos que estou por lá, algumas figuras são fixas. Outras são vistas esporadicamente. Há os atletas, os amadores, os candidados ao concurso da polícia, e a turma da caminhada. Me encaixo no segundo grupo, dos amadores, pois quando há tempo, o espaço é logo preenchido. Primo por ir ao Açude Velho sempre, estar em sintonia com o primeiro manancial de Campina, o mau cheiro e a poluição sonora constante também.

O que me atrai no Açude Velho é a distância de sua orla! Dois mil e quatrocentos metros de corrida. Enquanto, no Parque da Criança, ao lado, não dista a metade deste. O prazer de reencontrar amigos por lá é imenso. Como toda boa área de caminhada, há cachorros, cavalos, galinha, gato. Pescadores diversos, tendo aquele recanto como fonte de alimentação. Piabas diversas caem nas redes, piabas grandes, sem exagero. Pude comprovar no mês passado, ao ficar observando uma daquelas pescarias.

Invisíveis, assim como o mar é invisível para os pessoenses, o Açude Velho é invisível para os campinenses, os pescadores que ficam ao redor do Açude são invisíveis, o CUCA é invisível, a ACI é invisível, a estátua do Jackson é invisível, e o mais deprimente, o monumento dos tropeiros é invisível. Cada um pensando em sua saúde, ninguém pensando no coletivo, na situação socioambiental ao redor.

Hoje, foi um dia especial. Na penúltima volta correndo, nada de Sol, muitas nuvens cinzentas dignas de chuva torrencial se aproximando, pude contemplar uma das mais magníficas cenas do Açude. A chuva.

Em harmonia com o vento, um espetáculo se formou hipnotizando quem ainda estivesse disposto a correr, caminhar, e... levar chuva. Quantos "bodes" não correram nesta hora, para longe do Açude, procurando um abrigo contra a chuva. Ninguém percebeu aquele espetáculo de um lado para o outro, pingos e mais pingos por toda a extensão dele. Todos os quiosques pararam aquela poluição sonora habitual, com medo de queimarem as caixas de som. O som dos quiosques deram lugar ao som dos pingos de chuva caindo em todos os lugares, Me imaginei na pele de uma daquelas piabas, felizes com a aeração da água, com água pluvial chegando, e não de esgoto. Minimizando toda aquela eutrofização. Imaginei as populações de peixes, e comparei com as dos primatas. Vergonhoso. Afinal, lá era cada um pensando em seu benefício próprio, embora eu fique, ainda, com os peixes.