domingo, 31 de maio de 2009

Caracter e Sistemática

O que seria um caracter para a sistemática?

"um atributo, um conjunto de atributos, um traço, uma característica, uma propriedade, uma parte, uma morfoclina, uma diferença, uma homologia, uma verdade, uma teoria, um aspecto (de um organismo), uma base para comparação, uma similaridade, e (matematicamente) uma variável, uma função, um mapeamento, uma relação equivalente, e um conjunto de distribuições probabilísticas. (Colless, 1985)

Complicado, não?

Ou uma série de transformação, como Hennig (1966) costumava dizer.

O paper do Grant/Kluge (2004) mostra a influência da transformação, dos caracteres como indivíduos históricos, bem como homologia igual à identidade histórica e diferente de sinapomorfia. A grande briga do conhecimento sobre descendência com modificação que impera desde os tempos de Darwin, tem um fundo de verdade, o transformacionismo, as séries de transformação baseadas nos elementos históricos, indivíduos históricos. Outra característica importante é a parcimônia sendo o método investigatório da filogenia, separando a homologia primária da secundária. A última situação nos revela os eventos que têm uma história por trás, tem uma raiz comum, as homologias, que diferem das sinapomorfias devido aos eventos separados e específicos de um grupo final, um grupo que ocupa a ponta de um galho da grande árvore, uma "Cesalpinacea" da vida.

Colless, D.H., 1985. On character and related terms. Syst. Zool. 34, 229–233.
Hennig, W., 1966. Phylogenetic Systematics. University of Illinois Press, Chicago, IL.

sábado, 30 de maio de 2009

Falseabilidade e Latinismos

Viva Popper, o modus ponens, e o modus tollens.

Os dois termos expressam característica da epistemologia, o cerne da ciência dentro dos cladogramas (árvores hipotéticas de biodiversidade) cheia de induções, aquelas intervenções humanas para tentar se chegar à algo. Claro, depois de analisados os fatos históricos e rigorosamente enumerados. O poder dedutivo dentro dos cladogramas existe, mas o indutivo é bem maior, as famosas hipóteses ad hoc. E falseável, é claro, pelas homoplasias = convergência de caracteres para uma função, mesmos caracteres com origens distintas, melhor, uma evolução independente.

Viva a biologia evolutiva. Os cladogramas, as deduções e as séries de transformação.

O artigo de Vogt (2008) que trata sobre a falseabilidade dos cladogramas, é bem claro quanto à isso. As homoplasias seguem a contramão das apomorfias, e nelas devemos nos embasar para ver o quão os cladogramas são científicos. Falseáveis, de fato.

Outro artigo, agora de Kluge (2003) nos mostra as diversas citações, a problemática das deduções entre as relações de parentesco. As explicações causais dos fatos nos levam ao que podemos chamar de história, explicamos o processo, o acontecimento do evento, como se deu. Através dos produtos, dos fins. O Kluge dá uma série de 11 argumentos pró-filogenia.

E cita no final, que há um conhecimento objetivo histórico dentro da filogenia, portanto pode ser tratada sim como ciência, embora não testável, não "popperável".

E assim a ciência avança, que elegância.

Glicose e Serotonina

Segunda-feira.

Hora do almoço.

"- Alô!"

E lá está embalado, com um laço cor de rosa claro, a encomenda.

Acabou a surpresa.

Caminhos encaracolados coloridos, rosas, amarelos brancos, azuis, e lá seguindo o caminho, diversas voltas, cheiro de corante, cheiro de açúcar. Sustentando, um pedaço de madeira, grande, meio mofado. Voltas que cobrem um rosto inteiro. Um mês inteiro de felicidade, até que ela acabe, ou seja dividida. Cuidado com a língua, pode machucá-la.

Glicose, no mais tardar. Cárie, diabetes, enjôo. Um presente, uma arma. Resta a carta.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Omissão Sensata

“- Nunca meu trabalho foi reconhecido durante a gestão do CABio.”

Após caloroso debate sobre a formatura da turma, lá estava este desfecho. Sentimento de missão cumprida. Discurso maravilhoso.

Acabou. Simplesmente a representação estudantil, acabou. Fico feliz por esses momentos, momentos de desabafo ao coletivo. O eterno ato de jogar responsabilidades. Nunca disse não, mas esse foi o primeiro, e com gosto. Afinal, já chega. Joguei a peteca, tomara que ela caia.

Assembléia Geral dos Estudantes no dia 22 de maio, um dia após o Dia D da evolução, Dia 21 de maio. E lá estou eu, a esperar algum componente da sala que faço parte, comparecer. Desculpas, saídas, enfim, nada de zelo pelo curso, pela representação estudantil. Pelo futuro nome da Instituição de Ensino Superior que levarão no currículo, Lattes de preferência (a síndrome). Era uma simples tarde, começou às 14 e foi até às 17 horas, debates intensos, e nada de representantes de sala. Uns criticam que não almoçaram, outros que estarão ocupados à tarde, outros olham com indiferença e não respondem porra nenhuma. Afinal:

“- Não me trará lucro”

Algo construído pelo coletivo, diversas ações ao longo do ano, a construção delas, pesadas. Sudorese pura, aulas perdidas, diversas. Claro, em diversas comissões organizadoras: Semana Universidade Pensante, ENEComp, COREBio, EREB-NE, ENEB, Encontro de Etnobiologia e Etnoecologia, Calouradas, Manifestações, Dia disso, Dia daquilo, daquilo outro. E lá estava eu, organizando, organizando, organizando. A última e mais dispendiosa, Comissão Eleitoral do CCBS 2009, com o recorde de 89 memorandos em uma madrugada.

Chega a grande época! Belle époque em quase cinco anos! Final do curso, formatura?! Escuto:

“- Perco aulas, participo de diversas reuniões toda semana, só eu sou Comissão Organizadora, e não ganho nada por isso”.

Passa diversas cenas na cabeça, desde o início do CABio, de minha entrada no DCE, de diversos encontros de estudante. Todos os eventos na base do voluntariado. Todos finalizados em pleno êxito. Todos exímios, construtivos, cheios de contatos. Estava lá eu, conhecendo, e sendo reconhecido, por quem? Pela administração da Universidade, será que só serei valorizado pelo trabalho que desempenho frente a eles? Os próprios estudantes nunca valorizaram um quê, uma ou outra vírgula. Enquanto à frente da administração central da Universidade, tenho respeito e reconhecimento.

Destes por aqueles? Fico com estes.

Aprendi algo durante essas experiências de representação estudantil. Relações de poder, saber se inserir nos espaços. Faz bem ter discurso, para chegar a um orientador da linha que desejas, para chegar a um administrador público, fazer contatos, inúmeros contatos. Saber fazer memos, ofícios, editais.

Atualmente me valho destes artifícios, de expedir os papéis em forma de dinheiro, os auxílios. Pedidos para todos os locais, Secretaria de Interiorização, Reitoria, Coordenação de Curso, Assembléia Legislativa. Existem rubricas específicas para isso, direito nosso. Quem nasceu em berço de ouro, sabe muito bem o quão dinheiro é fácil, e assim vão levando a vida, utilizando o dinheiro do pai, da mãe, do trabalho. É mais cômodo sentar a bunda na cadeira, do que ir atrás do produto do trabalho.

Nessa corrida pelo auxílio saio na dianteira, afinal trabalho reconhecido é mais fácil de ser aprovado. A confiança conta muito nestas relações de poder. Nisso eu ganhei, e continuo ganhando, hora de chegar ao Consulado quem sabe, hora de se inserir mais ainda noutros espaços. Embora individualmente, uma pena. Trabalhos dispendiosos, energia e tempo concentrados. Estarei eu fora, em breve, tenho certeza. Com o dinheiro da tão almejada formatura, será minha passagem de ida, sem volta.

Espero que consigam concluir os festejos formais de final de curso com os serviços contratados por uma empresa. Diversos discursos contra a contratação desta empresa, mas enfim, tudo de última hora, desespero na porta. Dinheiro serve pra que? Pra tudo não? Ate para fazer uma formatura de última hora.

Aquela tira de “otário” na testa acabou. Hora de encher o currículo. Projetos de pesquisa, colêmbolos, sítios arqueológicos, e todo o resto. O HTTP://evobiouepb.blogspot.com acabou, todas as cinco etapas previstas, com diversos produtos inesperados. Agora tenho mais argumentos, e futuramente terei o prazer de falar que sou profissional, seguindo os três pilares do ensino superior.

A “formatação”, a festa! Vem aí! Em parcelas máximas de R$: 1,99 via paypal. Um exemplo de festa, com direito a queima de fotos, provas, e relatórios diversos, exsicatas também estão prometidas para a grande fogueira. Quem se interessar, se manifeste, estaremos fazendo o levantamento dos participantes pelo método de Lincoln. Se estiver marcado e for recapturado, entra na festa.

Já o Centro Acadêmico de Biologia da UEPB (campus I)?

Saibam que a última Assembléia Geral dos Estudantes ocorreu no dia 02/05/1999, há dez anos, para legitimar a gestão que estava irregular. A última modificação do Estatuto por Assembléia Geral dos Estudantes, não há registros nos livros de ATA. Algo histórico, jamais acontecido. Agora posso assinar com vigor. O único que elogiou tal feitio foi o atual diretor do CCBS. Uma pena. Só a administração geral.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Hipóteses Evolutivas Cavernosas(ícolas)

Lendo artigos da Cladistics sobre a problemática da Evolução da fauna Cavernícola, encontro os clássicos do Grandcolas, D'Haese e Gnaspini. Este último pude conhecer pessoalmente em visita à Paraíba.

O artigo "The problem of characters susceptible to parallel evolution in phylogenetic analysis: a reply to Marquès and Gnaspini (2001) with emphasis on cave life phenotypic evolution" Desutter-Grandcolas, L. et al. - 2003 - nos leva à problemática da evolução paralela e as consequências desta escolha ad hoc sobre os resultados. Na cladística há muito destas problemáticas ad hoc, para minimizar seus efeitos são citados dois métodos: (1) aplicar as hipóteses dos troglomorfismos depois da inferência filogenética em cima da topologia ou (2) colocar os troglomorfismos documentados na distribuição dos estados dos caracteres no cladograma.

Os troglomorfismos como caracteres de interesse são cavernosos. Podem mascarar amplamente um resultado final. A evolução por cima da cladística, ou seja, o subjetivo pelo objetivo, vira uma mistura combustível.

No artigo, quebraram o pau em cima da (1) característica não universal do troglo[bio]morfismo¹, do (2) único caminho evolutivo possível à fauna cavernícola, (3) as falsas novidades evolutivas (por convergência, geralmente) ocasionadas pelas pressões ambientais influenciando no clado.

Data venia, descendência com modificação caiu de moda.

Nada de ad libitum.

Haja latinismos.

¹caracteres dos troglobios (fauna estrita ao ambiente cavernícola), que diferem dos troglóxenos e dos troglófilos.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Nostalgia Extensa

Arrepios marcam a última pergunta, afinal o que Darwin pensava sobre a mudança das espécies ao longo do tempo? Ou não pensava? Acreditava na pangênese e nos caracteres adquiridos? Se justificou nas leis de Mendel para argumentar o processo gradativo? E lá estavam os finalistas.

Antes disso, em agosto do ano passado, estávamos nós começando o Projeto de Extensão "Exposições Científicas na Escola: Evolução Biológica, para que te quero?", logo após ser aprovado pelo edital do PROBEX 2008/2009.

No início, eu e Uirá, estávamos querendo formular algo que contemplasse as escolas de Campina Grande, passar de colégio em colégio, dando palestras, falando sobre a importância do bicentenário de Charles Darwin, dos 150 anos da publicação da "Origem" e o principal. Acabar com toda a raça de criacionistas que nos rodeavam, criando eventos dentro do município. Diversos os reacionários clericais. Cada um com uma opinião diferente.

A minha paixão em particular começou no ensino médio, antes do vestibular, estava eu folheando os livros de ensino médio, livros de ensino superior, para saber a origem das coisas, nada de "the story of stuff" traduzido para o idioma nativo, tudo de biótico com o quê evolutivo (histórico). André, Gefferson, amigos que cursavam física na Estadual e, atualmente, cursam elétrica e física na Federal, influenciaram minhas tardes e noites de debates. Seja sobre origem do universo, da vida e da biodiversidade, com um diferencial, eles criacionistas, eu "evo", antes "cria" também. Era uma jogada religiosa, não entendíamos nada.

Nesta época estava eu na animação de Crisma da principal Igreja do bairro, e nada mais confortável do que ser criacionista dentro da Igreja. No próprio criacionismo, assim como há nas Igrejas, há a segregação de ideologias, afinal Deus criou o mundo a partir do Big Bang, da vida, de Adão e Eva? Isso há milhares de anos, há 10.000 anos, ou simplesmente ontem? E se ele criou o mundo ontem, e colocou todo conhecimento histórico em nossa mente?

Essas perguntas absurdas faziam parte de minha exegese diária.

Ganhei adeptos, e sempre mantive fé nos fósseis, eu diria outrora que Deus criou o Big Bang, essas coisas estapafúrdias, quando não sabemos, fica mais fácil: "- foi Deus". Existem os estágios mais radicais do criacionismo, por exemplo, pensar que a Terra tem menos de 10.000 anos, e como vocês podem perceber estava eu no estágio básico de pensamento criacionista. Sempre tive argumentos da origem da vida "para frente", embora as hipóteses de origem da vida tenham saído bem depois do advento da origem da biodiversidade (espécies). Eu não tinha muito contato com a física, com a origem do universo e derivados. Por isso, passei um ano de minha vida estudando Física das Partículas, múons, taus, gluons, leptons, barions, e diversos nomes e fórmulas difíceis. Perdia muito tempo e energia a pesquisar artigos da Nasa, isso antes de entrar na Universidade, estava eu na biblioteca lendo aqueles livros complicados e em inglês técnico, os quais nunca tive contato durante toda minha vida. Ler um livro em inglês era algo extremamente gratificante, embora se tentasse, eu não conseguia compreender nada. Até o mais básico como integrais e derivadas, eu tentava, mas nada saia. Os artigos da Nasa e da PNAS (que eram gratuitos) eu utilizava para embasar meus embates na comunidade Evolucionismo vs Criacionismo no Orkut, figuras como Sílvia Gobbo, o David, o Rodrigo Plei, o Francisco "Quiumento", Átila, Ravick, dentre outros influenciaram decisivamente minha carreira evo-acadêmica.

Entrei na Universidade, larguei de estudar o criacionismo por levar dois cursos superiores, o mesmo fez André e Gefferson, embora no ramo da docência e dos concursos, e assim ganharam o mundo, se distanciando de mim. Não conversávamos mais sobre Evolucionismo, com esse sufixo "ismo" deplorável, e assim descobri que poderia ter como escopo de estudo a Evolução Biológica. Épocas difíceis para se encontrar um orientador nesta linha. Logo deixei um dos cursos, e continuei em Biologia, entrando no Diretório Central dos Estudantes e nas pesquisas. O Movimento Estudantil continua aceso até hoje em minha argumentação existencial, embora tenha deixado algumas vertentes dele como o movimento allanista, que teve como "Deus" da liberação dos hormônios e interação das faunas, eu. Essa corrente filosófica morreu em mim, mas ainda fiz muitos adeptos por aí. Voltando a vida acadêmica, pude perceber o papel da Extensão como fonte de intervenção na sociedade e descobri o mais descriminado dos três pilares.

No edital 2007/2008 PROBEX, procurei orientação para começar um projeto de extensão, mas sem êxito. Entrei no ramo da educação, por lecionar no cursinho Pré-vestibular Solidário da UFCG, o qual por pouco fui expulso ao publicar um artigo contra o sistema, e quase também saio por espontânea vontade, por não compartilhar os mesmos interesses. Na educação me aproximei ao Uirá, ao Thiago e ao Ribamar, à equipe do Holística Diária, de um modo geral. E pude valorizar as práticas de ensino-aprendizagem. Como gostava de evolução (biológica), nada melhor de unir o útil ao agradável, e encontrei o Uirá nesse meio termo, sempre debatendo, se unindo à minha bandeira evolutiva desde o primeiro ano do curso, e assim passou o segundo, e chegamos ao terceiro ano com perspectivas de sucesso quanto à inserção da Extensão nas Escolas Estaduais de Campina Grande.

No projeto tínhamos um número absurdo de escolas para visitar. Umas 12 escolas, uma para cada mês, calculamos assim, e assim foi até conversamos durante o semestre de Julho com a Silvana Santos, recém contratada pela Universidade. Logo, durante o período da "Síndrome do Lattes" correndo em meu sistema circulatório, pude analisar o currículo de cada professor contratado, e chegando no nome da Silvana percebi o nome do Nélio Bizzo como orientador do MsC e do Doc, o sobrenome referência em ensino de biologia evolutiva e que foi citado em nosso pré-projeto algumas vezes, e lá se foram alguns Bizzo, Bizzo, Bizzo, Bizzo. Em outros materiais de referência no Brasil, mais Bizzo, Bizzo, Bizzo. E não poderíamos perder a oportunidade da Silvana nos orientar.

Desde essa época mantemos contato constante com a Silvana, seja por telefone, por e-mail e, frequentemente, pelos corredores do CCBS. O primeiro contato foi em frente ao banquinho da sala 5 da Biologia, e estava ela concentrada nos trabalhos em Serrinha dos Pintos e nos mostrando o primeiro interesse dela na UEPB, e no nordeste de modo geral: Genética. Como professora de Prática Pedagógica, não podia faltar uma atividade no ramo da Educação desde que ela entrou em adiante. Tanto que fomos bem recebidos por ela, e bem avaliados, até mudar totalmente o projeto e as passadas (aulas) de escola em escola durante 12 meses.

Em menos de uma semana, estávamos com o Projeto concluído, agora com um quê de divulgação científica maior, com maior segurança também. O trabalho foi dividido em cinco etapas. A primeira com os alunos da disciplina prática pedagógica, o segundo momento concluido com a Secretaria de Educação aprovando a inserção do Projeto na rede estadual, a terceira etapa com o curso de atualização que ocorreu no auditório da UEPB bem próximo ao festejo do bicentenário de aniversário do Charles Darwin. A quarta etapa contou com a construção dos painéis nas escolas da rede estadual. Sendo a quinta e última, o tão almejado Dia D da evolução.

Suado Projeto de Extensão. Quantos ofícios, memos, "bolos", almoços perdidos, lanches na praça de alimentação, reuniões ordinárias na sala dos Feras sempre registradas em Ata. Um Projeto organizado, tanto que cronologicamente bem assessorado pelo blog e pelas diversas Atas será fácil construir o Relatório Final. Este ultimo o produto mais "seco" da Extensão, que contou com Cordéis diversos, Paródias, Túnel, Forró, Teatro de Bonecos, artigo na revista Genética na Escola, diversas entradas na imprensa falada e escrita nacional. Em espaços nunca d'antes navegados por qualquer um professor do Departamento de Biologia historicamente, isso cito embasado em relatórios diversos expedidos pela PROEAC.

- 2008
Julho - Fechamento do Projeto para submissão na PROBEX 2008/2009;
9 de Outubro - Seleção dos extensionistas para entrada no Projeto de Extensão;
13 de Outubro - Aprovação do Projeto pela PROEAC;
14 de Novembro - Exposição do Cortinão de Watson (UFPB) na UEPB;
19 a 21 de Novembro - Montagem dos Paineis pelos estudantes de Prática de Ensino (1ª ETAPA);
Novembro - Nasce o Cordel do Darwin;
Novembro - Aprovação da inserção do Projeto nas Escolas Estaduais de Campina Grande pela Terceira Regional de Ensino. (2ª ETAPA);

- 2009
3 de fevereiro - 1º curso de atualização para os professores da rede estadual (3ª ETAPA);
11 de fevereiro - 2 º curso de atualização para os professores da rede estadual (3º ETAPA);
12 de fevereiro - Evento: Bicentenário de Aniversário de Charles Darwin;
Março - Início do Projeto nas Escolas de Campina Grande;
Março - Nasce o Forró do Darwin;
01 e 02 de abril - Projeto de Extensão na filmado pela imprensa municipal;
21 de abrill - Submissão do artigo para a Revista Genética na Escola;
27 de abril - Nasce o teatro de bonecos;
Abril - Debates sobre Evolução Biológica e Montagem da Exposição nas Escolas de Campina Grande (4º ETAPA);
20 de maio - Dia D da Evolução (5º ETAPA);
Maio / Junho - Exposição Itinerante pelas Escolas Estaduais que participaram do Projeto.
Agora o grupo começou com por volta de vinte extensionistas, claro que após uma seleção que contou com diversos outros graduandos de biologia interessados. Alguns não foram para seleção, que contou com um resumo do livro "Evolução Biológica: ensino-aprendizagem no cotidiano da sala de aula" escrito pela própria Silvana, e portanto, não fizeram a síntese, mesmo assim se encaixando ao grupo a posteriori.

O grupo.

Ednno com seu jeito extrovertido fez uma bela parceria com a professora Bruna e as diversas crianças do Raul Córdula. A Marina puxou o senso de responsabilidade para a Escola Normal e amarrou bem a construção dos painéis, tanto que foi a primeira a terminar o Cortinão a ser exposto no Dia D, trabalhou com a professora Neves. A Raissa se superou, sempre escreveu os relatórios dos debates que ocorriam e auxiliou o professor Gláucio na montagem dos painéis no Estadual da Liberdade, se não fosse um detalhe, no período noturno. O Uirá e o Alexandre, fazem o antagonismo que se complementa, respectivamente o sério e o extrovertido, nunca pensei que se complementariam tanto, e contaram com a responsabilidade do professor Fabrício para debater de sala em sala o tema, com histórias de "Macaquinho e Macaquinha cruzando...", dentre outras. A Laura ficou no Clementino Procópio junto à professora Josilda, e conseguiu completar toda a construção dos painéis, mesmo sempre distante, foi extremamente responsável e cuidou do Clementino e do Trajano, que fica no município Soledade, uma extensionista dupla. Outra escola que foi uma grande surpresa, foi a escola Apolinário Silva da cidade Areial, que contou com o apoio do extensionista-professor Evaldo e da Milena como professora. Já no PREMEN, a extensionista foi a secundarista Andrezza, já qu'eu não estava lá na coordenação dos trabalhos, estava mais ligado no cotidiano problemático do CCBS e na construção do Dia D, do que na construção dos painéis, delegar o trabalho de coordenação à ela foi importante, e a escola conseguiu cumprir em pleno êxito o túnel que prometeram, a professora Karla esteve durante todo o processo de construção dos painéis.

Uma equipe e tanto, sem nenhum tipo de interesses individuais ou invejas, ou algum "txu-txu" prejudicável aos trabalhos. Sempre cumpriram com as responsabilidades, e quando não, com plenas justificativas, sendo as faltas comunicadas algumas horas ou períodos antes.

Arrepios no palco, agora é a hora de colocar o chapéu de aniversário (homenagem ao bicentenário) amarelo, que representa a letra A, lilás, letra B, ou verde, letra C. E agora? O Darwin pensava o quê?

Chapéu lilás. A estudante Anne Rosalyn da Escola Normal ganha.

Arrepios diversos ante às torcidas de todos os colégios participando, gritando e apoiando os representantes das escolas. Equipe de jurados de professores da UEPB com a presença de Simone Lopes, Avany Gusmão e Mathias Weller.

Estava eu lá atrás, contendo os ânimos das torcidas, principalmente a do colégio da Prata. Arrepios a parte, a nostalgia bateu subindo ao palco no final do evento, abraçar todos com um sentimento de missão cumprida.

Agora caiu a ficha e a evolução biológica está presente no cotidiano da sala de aula, seja nos corredores, nos livros ou no quadro. Imagine os gincaneiros secundaristas chegando em casa, conversando sobre os resultados com os pais, disseminando as informações corretas aos amigos, corrigindo discursos equivocados pelo município afora. Essa é a melhor parte! Não a bolsa de estudos, mas a inserção da Evolução Biológica no universo de estudantes secundaristas ortodoxos anti-evolução.

"Rome was not built in a day
Opposition will come your way
But the hotter the battle you see
It's the sweeter the victory, now"
(You Can Get It If You Really Want - Cliff, J.)

sábado, 16 de maio de 2009

Vilipêndios

O poder ortográfico.

Abacial, alcova, astenia, boldrié, caleidoscópio, escrutinio...

E assim caminha o conhecimento hierarquizado, léxico e exclusivo.

Efeito Coriolis

As gotas se sobrepõem ao pára-brisa, como tinta guache diluída e lançada sobre uma folha de papel A4, lembrando atividades que fazíamos quando crianças, lepidópteros disformes, que dizíamos ser simetricamente bilaterais, após um assopro no centro da folha. Logo, a nuvem densa passa segundos após o Sol se descobre os canaviais. As gotas ainda se unem fugindo para extremidade do pára-brisa, no caminho se unem às outras em um rimo frenético de fuga, olho para o lado e lá estão as fugitivas se deslocando rapidamente. As que conseguiram ancorar suas ventosas moleculares ao vidro continuam imponentes. As outras fogem ao lado, instáveis.


Neste ritual da água, vidro e Sol, o ar-condicionado esfria os pensamentos, percebo-me ao lado de estranhos. O ambiente urbano logo aparece. Chaminés, fumaça, se já não bastasse os canaviais. Há quem diga que isso é natural, embora veja o uso de diversos artifícios criados pela lógica humana, modus tollens, algo que vai além de simples ações instintivas, e se abrem ao leque egocêntrico, daqueles que possuem, e super-egocêntrico, daqueles tantos outros que censuram, dão "pitacos".


Volto a olhar o pára-brisa, já não restam muitas gotas ali, o ambiente urbano me tomou a atenção do caminho que elas levam para fugir da frente e dos lados vidraçais transparentes que me rodeiam.


Amizades, família, política institucional. Habilito-me a pensar nas gotas unindo para depois se espalharem, por ai, quantos amigos jazem, chego ao quesito família, quantas vezes mais fui visitar meus parentes, e na política, grupos se fazendo e desfazendo, idéias e ideais atropelando, somando , segregando. Algumas gotas persistem, outras logo evaporam, embora nenhuma parte absorvida, que poderiam manter a temperatura. Pobres seres homeotérmicos, quanto desperdício de energia, quando há gotas para nos controlar. Agora, estou chegando perto da fonte.


O mar.


<--Alto do Mateus


<-- Rodoviária


<-- Retorno



terça-feira, 12 de maio de 2009

Não seja, serás!

O ser é sempre passado ou futuro. Nada se é presente, pois o agora simplesmente não é. Minhas ações excercem apenas reações passadas ou futuras, nunca imediatas. Quem sou é reflexo do que fui, quem serei, reação de uma ação abstrata. Graduando em ciências biológicas, nada sou. Estudante do ensino médio, já fui, mas nada era. Educador serei, talvez algo eu seja. O real, o tocável, não tem importancia. O que sou é tão relapso que só terá valia quando deixarei de ser. O querer do ser é tão paliativo que quando não se é, nunca foi nem nunca será. Mas vale um pássaro na mão que dois voando, deveria de ser. A facilidade ou a obrigação de se ter algo fere a expectativa do ser, ser presente. O ter nada vale, o tido é bom, o terei é a conjectura do ser presente. O agora é tão monótono que nem mesmo o que foi quer ser mais, muito menos o que seria. Fazemos as ações esperando o reslpaldo no futuro. Trabalho, luto, brinco, aventuro... Dizem que é culpa da adrenalina e dopamina, nem tanto. O fazer agora é a sensação imperceptível do prazer do futuro, visto que lá verei que fui. O passado é somente só o futuro, fui e serei ou fostes e serei. A relação do ser e não ser não cabe a ser respondido agora, perguntas procrastinadas, respostas zero.

domingo, 10 de maio de 2009

Entre quatro paredes, Sartre (1944).


Acabei de ler o quarta edição do livro Entre quatro paredes de Jean-Paul Sartre. Um livro pequeno de 130 páginas, com um enredo instigante para ser lido em uma tarde, e já qu'eu estava embalado pelo clima de final de semana silencioso, no horário que todos dormem "após o almoço", fiquei no sofá, deleitando-se sobre as páginas que explicitam o que Sartre pensava sobre o Inferno.

Uma peça teatral de 1944, em uma quarta edição de 2008, um livro para se ler quando o desânimo bate, aquela vontade de saber o que há por trás das ações humanas que nos irritam tanto. Até descobrirmos:
"O inferno são os Outros"
O Sartre é admirável por esse senso de divulgação filosófica através da arte cênica, colocando o existencialismo de forma didática, para compreenderem de fato o que é o "em si" e o "para si", que ele conceitualiza dificilmente, melhor fenomenologicamente no livro "O ser e o nada" (uma parte).

Logo na introdução feita por Sanches descubro o quão gratificante será a leitura do livro, a descoberta das consciências humanas (existem outros táxons também) que se sobrepõem em meu dia-dia, meus infernos diários. Descobri muitos infernos durante as falas, ou melhor, tetrálogo:

"Garcin - Inês - Estelle - Criado"

Respectivamente, um literato que torturava a mulher e que fugiu sem se tornar herói, uma lésbica que destruiu as relações de um casal, uma dondoca com que matou o filho e fez o amante pobre se matar, e o "criado" com uma aparição inicial, que se entuasiasma com o comportamento dos hóspedes da hotel. Sendo que há algo em comum entre os três primeiros: estão mortos.

O hotel, conta com uma estátua de bronze, uma lareira, três canapés, uma porta fechada e uma luz eterna. Sem noite e, consequentemente, sem sono. Com flashs de acontecimentos externos.

Portanto, os três vivem para os três, ninguém mais reconhece a existência deles mesmos. Não podem interferir no mundo real, não podem interagir durante os flashs (do que acontece externamente ao hotel) com as pessoas que conviviam.

Após descobertas e mais descobertas, acabam ficando despidos. Os que eram fortes ficam frágeis, os que era frágeis se revelam carrascos. São interrogados, e não podem sair de perto um do outro, afinal, são dois "para si" existenciais. Não se podem perder dois personagens, pois ali acabaria a existência do que restou. O "em si" por si só, não existiria.

Após diversos conflitos de convivência, tentativas de relacionamentos amorosos, a peça acaba e continua. Até onde? Não sei, mas sei de algo: o inferno são os "Outros". Os três descobriram na conscientemente o quanto são inoportunos.

O melhor foi saber que o Sartre recusou o nobel de literatura por questões de consciência, ou seja, por questões infernais. Por vezes, o melhor é se isolar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Zumbi

No começo da noite, me acordo.
Saio da cama, dois passos.
Levanto os braços até os ombros, não consigo sustentar.
Olhos vermelhos, com capilares protraídos.

Sensação laricosa.
Volto à dormir.

Na verdade, não durmo, tomo banho.
Quando vejo no espelho, uma destruição em forma humana.

Logo me recupero, e volto ao dia-dia.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Hidroantropomorfização

Uma sugestão de aula de ciências, proposta para quinta-série - 5ª, assunto: Água. Aula encenada, onde o professor utiliza a estratégia de monólogo interagindo com o aluno quando ele começa a entrar na viagem, bom seria que todos se transformassem em gotas nestes momentos didáticos.

(Aula narrativa) – Olá meu nome é H²O, conhecido como hidróxido de hidrogênio, estou em todos os lugares, e sou a substância mínima de formação da água. Sou unido a diversas outras substâncias, e não me misturo com outras, como, por exemplo, o óleo. Com diversas outras moléculas iguais à mim formando a água, contarei algumas particularidades desta, mas antes tenho de explicar onde estou localizado no mundo. Isso, no mundo! Poucos percebem que faço parte do corpo dos humanos, do sangue, dos músculos, do cérebro, proporcionalmente dos ombros para baixo o ser humano é água, sendo a parte seca dos ombros acima, comparativamente. Nas plantas também eu me infiltro, gosto de promover o alimento delas, levando os nutrientes das raízes às folhas, nos animais, eu sou liberado com sais para manter a temperatura do corpo constante. Por isso, estou aqui desde o início da vida na Terra. Pois antes a Terra era instável e a estabilidade era proposta por mim, eu não apresentava grandes variações no corpo qu’eu formava, o corpo aquático, no caso da Terra primitiva, o corpo marítimo. Marítimo nos leva ao mar, e mar nos leva à praia, lá na praia aonde nós vamos percebemos água, muita água! Embora, muito salgada também. Essa é a água oceânica, a mais salgada, que nos levam aos sais, nossos amiguinhos, que se misturam à nós e nos tornam turvas em grandes concentrações. Apresento-me também na atmosfera, embora não seja facilmente percebido, eu vejo vocês lá de cima, naqueles pedaços de algodão doce que são denominados nuvens. Seguindo o vento eu vou, e sou denominada água atmosférica. Quando bato em outras nuvens inimigas, me transformo de vapor para líquida, não agüento a batalha e precipito, ou seja, viro chuva. Caindo em forma de gotas, faço parte agora de rios, lagos, açudes, chego a me infiltrar no solo, e lá fico armazenada em camadas com outras amigas “sem sal”, todas lá recebem o nome de Água continental. Adoro as minhas três formas, e as três juntas formam a hidrosfera. Toda vez que escutarem hidro, se lembrem de mim! Hidratar os cabelos, estou ficando desidratado, hidrante. Gosto de viver no Brasil, por apresentar bastante água continental. Não gosto muito de me misturar aos sais pesados que existem no mar, eles retiram nossa atenção. Todos só dizem que é salgado, salgado, salgado, e nada de falar da água. Quando sou “sem sal” , se lembram da água e falam que ela é boa, aí eu gosto! O Rio Amazonas fica lá no norte, por vezes, quando as nuvens me ajudam chego lá, quando não, não tem jeito, fico pelo Nordeste mesmo, aqui sou supervalorizado. Isso quando não ganho muitos outros agregados, os inquilinos são o fósforo, o nitrogênio e o carbono, todos em demasia, guerrilhando contra a vida, só fazem nos usar. O Sol é minha passagem aérea, só viajo por causa dele, ou claro, quando saio de alguma panela por aí. No caminho atmosférico, gosto de cair em rochas e me agarrar às partículas dela, e levo os pequenos pedacinhos dela para o chão, formando o solo, e alisando a pedra, esse processo é chamado de intemperismo. Não gosto de ir direto ao chão, gosto de ficar bulindo com a rocha, escondido nas fendas. Quando caio no chão e o solo é muito fofo, atravesso-o. Geralmente quando escapo das raízes das plantas, e de outros bichinhos do solo, fico lá embaixo com outras diversas moléculas amigas, formando um aqüífero, lá temos o poder de não evaporarmos em grandes proporções. Quando encontramos um buraco saímos quentinhas para a superfície da Terra, formando as fontes naturais, muitas delas são atualmente compradas fornecendo água para a população de humanos beber. Não gosto de ficar mudando de estado físico, essa história de virar gelo, água e vapor, não dá. Frio, normal, quente. Sólido, líquido e gasoso. Tá tenho de admitir, que sou bem mais forte quando sou gelo, mas escapo melhor quando estou gasoso, o meio termo é sempre algo . Como disse antes, o culpado disso tudo é o Sol, se não fosse ele essa variação não existiria, muito menos meu ciclo, o ciclo da água. Perceberam algumas de minhas viagens? Vamos começar uma? Então, estou eu no mar, lá bem tranqüilo, no meio termo. Chega o verão, a coisa começa a esquentar, não gosto de ir para o fundo, ou quando quero, me expulsam de lá, aí não tem escolha, hora de sair do oceano! Saindo viro vapor, e ganho o mundo. Lá em certa altitude me junto àquelas particular branquinhas, que agora estão com inimigos que fazem delas cinzas, não tem escolha, sempre tenho que transportar um estranho comigo. Ai quando tudo fica muito apertado, não agüento mais com meu peso, e nem com o dos estranhos, eu caio. Geralmente eu não escolho onde cair, mas adoro cair lá nas montanhas, virar gelo novamente, até esperar a avalanche. Os animais teimam em me consumir, o solo teima em não me deixar longe do Sol. Agora têm diversos exploradores que além de me idealizarem, como sem cor, sem cheiro e sem sabor, ou seja, incolor, inodora e insípida sabendo que nunca vou me separar dos meus amigos sais minerais, nem na atmosfera, usufruem de mim como solvente! Se já sei que sou mundial, agora coloca universal, ganho o status de Universo, é bom e não é, a responsabilidade é grande. Imagine sair me agarrando às diversas partículas, não tendo mais liberdade de viver sozinha, e sim usada para separar os outros, dissolver o nome disso. Dissolver cansa, tem vezes que não posso me separar da substância que separei, acabo ficando poluída. Eu dissolvo o soluto, os sais que destruo são conhecidos como isso, soluto. Eu sou o solvente, eles, coitados, todos soluços! Ops, solutos. Lembra-se do meu nome que disse no início, hidro?! Pois é, quem sofre minha segregação, é hidrossolúvel. Sou multi uso, tenho outras propriedades interessantes. Como por exemplo, sou densa. Densa me leva à massa e volume, sou medido em litros! Portanto, uma alta concentração de minhas partículas nos leva aos sólidos, meu volume é maior, embora minha massa seja a mesma. Eu sou a divisão entre massa e volume. Agora quando me junto ao sal, minha densidade fica maior, tanto que posso segurar algumas pessoas lendo na minha superfície, meu “espinafre” é o sal para me manter forte segurando diversas pessoas sob minha superfície. Por falar em superfície, outra capacidade que tenho é de tensão superficial, quando estou sem sal, ainda consigo segurar alguns insetos, eu fico me revezando com outras moléculas iguais amigas. Sempre fazemos uma força contra, e uma molécula segura a vizinha, tanto que formamos ondas. Somos bem unidas! Até mesmo na fase líquida. A capilaridade é outra situação um tanto complicada, pois ninguém quase entende quando nós vamos contra a gravidade, nós subimos por entre fios, quando mais fino ele for, mais eu vou alto, isso acontece nas plantas, por isso ninguém quase vê. Os animais me bebem, e ainda nas plantas, me comem. Só dou o troco quando estou cheio de microorganismos, nós levamos ovos minúsculos para todos os cantos, aí quando os olhos dos humanos são maiores que a boca, nós estaremos lá também carregando alguns deles, para ver se esse humano é bom mesmo em reconhecer que algo está contaminado ou não. Só que nessa história, muitos filhotes, dos humanos (bebês) morrem. Algumas das doenças são as giardíases, cólera, leptospirose, hepatite infecciosa e diarréia aguda. A giardíase é água misturada com partículas de fezes infeccionadas, nunca se iludam, comemos um pouco de fezes por dia, embora nós não vejamos muitas pequenas partículas não visíveis eu levo da estação de tratamento para as torneiras. Agora quando não sou bem tratado, levo muitas a ponto de levar comigo ovos de Giardia lamblia, um dos bichinhos fazem mal aos humanos, na hora de comer ninguém sente nada, agora depois há dor de barriga e anemia. A cólera por sua vez, é causada por outro bichinho o vibrião colérico, febre, vômitos e dores abdominais fazem parte dos sintomas, higiene é imprescindível. A leptospirose não é causada pelos ratos, e sim pelos microorganismos que estão presentes na urina destes, não é regra, mas também não é difícil de ocorrer em uma enchente por exemplo. Febre, dores no corpo, vômitos. Mau funcionamento dos rins, fígado e coração. O tratamento adequado dos lixos, não sendo jogados na rua, terrenos baldios e rios. Se eu já não levo muita saúde, como modificar isso? Ah-rá! O tratamento, tratar a água é algo imprescindível, uma água boa, é uma água potável, uma água purificada e filtrada. Fico limpinho na estação de tratamento. No Açude de Bodocongó não tem como eu ficar limpinho, pois não sou tratado antes de ser jogado lá, s’eu fosse, não levaria comigo peso, imagine ficar levando diversas partículas de fósforo, carbono e nitrogênio pra cá, e pra lá. Eu gosto só de minhas amiguinhas iguais à mim, para brincar de ser superfície e não evaporar., e se evaporar, na mesma hora virar gota e cair novamente. Meu banho na estação de tratamento segue alguns passos, como floculação, decantação, filtração e cloração. Na primeira parte, eu viro gelatina, já na segunda os flocos formados na primeira vão para o fundo, e eu passo por cima com minhas amiguinhas, na terceira parte eu ganho o rumo das pedras e areia, deixando depositados os estranhos que me perseguem. Os microorganismos são chatos, e vão conforme a corrente também, mas geralmente morrem na cloração. Sou distribuído para as casas, e ganho o caminho dos canos, no caminho posso encontrar diversos outros inquilinos. Chegando em casa, sumariamente utilizado, viro esgoto, e ganho mais partículas estranhas. Detergente, sabão, gorduras, passo por um local bem desagradável, a fossa, até ganhar outros imundos canos e voltar à estação de tratamento, nestas horas eu gostaria que o Sol me levasse para outra longa viagem. (Adaptado de CRUZ, 2006).

CRUZ, J. L. C Projeto ARARIBÁ, Ciências, 5ª Série. Editora Moderna. São Paulo - 1ª Ed. 2006.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Quilos e Metros

16:45 no visor do celular.

Revisando um paper no computador, lá estava eu a terminar. Terminei os encaminhamentos da Extensão e me preparar para correr. Os desafios encontrados? Descrevo agora.

Dia frio, chuvoso, com nuvens densas, nublado em alguns momentos. Nestes últimos pude sair de casa, com o uniforme do Brasil da Copa de 70 e uma maçã na mão. O adereço fica por conta da faixa preta que coloquei na cabeça para segurar meus cachos que estão incomodando, alguns dizem que estão volumosos, outros arguem que são belos, e há quem discorde (até da postura narcisista, como eu).

Portanto, sai de casa, passei em frente à Renault, o tempo já não estava amigo dos bodes, caminhando fui, acelerei o passo. Descrevendo a paisagem, encontro algumas lojas de grande porte: Gran Moto, a Escola Normal (ops), Posto Brasília, Hyundai, Caoa, um terreno baldio, um trailer, alguns degraus, o Hospital Mariana, atravesso a rua, chego no outro Posto de Gasolina, atravesso mais uma vez a rua, e chego no Açude Velho.

Aquele bom alongamento é essencial, e começa pela cabeça, depois os membros periféricos inferiores e superiores, e finalmente o tronco. A escoliose não me deixa, e tenho de alongar para fortalecer os músculos que estão se atrofiando. Alongar o tronco sempre é o mais difícil. Chego a duvidar de minha elasticidade, mas logo consigo o alongamento total. As formigas sempre atrapalham meu alongamento.

Hoje, em especial, feriado, diversas ondas sonoras se sobrepondo, tendo como fonte diversos carros estacionados no meio da calçada, se não bastasse, até a TV Paraíba estacionou o caminhão equipado com o sistema "ao vivo" no meio da calçada de pedestre. Como não seria uma corrida pacífica mudo a trajetória.

Chegou a hora, começar.

Passo os quiosques, com aquela barulheira imensa, diversas putas descendo até o chão. Antes de chegar próximo ao antigo Complexo 5, que atualmente tem um cheiro insuportavel de dejetos em meio aos escombros, sinto que vou correr mais do que os outros dias, pela disposição e boa vontade. Segui meu caminho, passei ao lado da academia (k)corpus, ao lado da itapemirim, atravesso o semáforo rumo ao Parque do Povo, passo ao lado do bar do Tenebra, e dos esqueletos das barracas do São João no Parque do Povo. No semáforo logo acima, passo a avenida, e sigo correndo no Açude Novo, ganho o sentido da Integração, pego à esquerda correndo. Algumas pessoas caminhando ainda, em pleno feriado, fico contente, e outras diversas pegando ônibus. Sigo na rua que o 333 sobe, a rua em sentido à Prata, subindo para o SENAI, Feira da Prata, etc.

Lá vou eu subindo a ladeira, a primeira vai até o semáforo logo em cima, depois de diversas clínicas, do crea, chego no topo da primeira ladeira, uma descida pequena ao lado da secretaria de saúde, ao lado do SENAI e do SESI.

Não vejo o topo da próxima ladeira. Ah! A ladeira da Bela Vista, onde até os carros têm receio de subir, e quando me dou conta logo estou próximo ao declive acentuado no topo de uma das ladeiras mais temidas de Campina Grande, a velha e famosa ladeira da Bela Vista. Antes de chegar lá, próximo à Feira da Prata vejo duas palmeiras, nelas coloco meu objetivo, chegar até lá. São só alguns minutos de corrida, e a gravidade fazendo peso, mas molhado e mais pesado sigo. As primeiras passadas leves, e ainda aumento a frequencia, sinto que meu corpo aguenta. Na metade do caminho transeuntes olham desconfiados, a viatura da polícia passa olhando, e sigo meu caminho, até o topo, até avistar a grande ladeira que muitos levam multa no pardal escondido. Chego lá em cima, com aquele ar de missão cumprida. E faço o caminho de dois anos atrás, quando estava no ápice de minhas corridas de final de tarde. Do topo sigo à esquerda, depois à direita, depois à esquerda, desço a ladeira e chego no campo do Campinense Clube, lá sigo à esquerda, voltando para a praça do Rosário, e descendo aquela bela ladeira.

Agora a chuva impera, aquele frescor, e amigos passando de carro apoiando a descida. "-Corre, corre!". Leveza na descida. Leveza ao passar os inúmeros semáforos, mais uma subida de leve, e chego próximo ao Banana Beer, e o Big Mix.

Atravesso a avenida rumo ao Açude Novo.

Parque do povo.

Açude Velho, mais três voltas e alguns amigos de corrida, a chuva dispersou a poluição sonora para suas fontes de origem.

Alongamento.

Pronto, missão cumprida.

Exercícios no Parque da Criança.

Às 20h, felicidade.