sábado, 27 de junho de 2009

Filogenia Pluft

Os programas de análise filogenética levam em consideração uma matriz de dados (caracteres x táxons) para construção de uma árvore filogenética. Nesta árvore são mostrados os valores de parentesco (sinais filogenéticos) entre um galho e outro. Alguns chegam próximos ao valor de 100, outros tem forte sinal de parentesco com 85, de 75 abaixo o sinal é fraco. Isso segundo o livro do Horácio.

A utilização da análise de parcimônia compreende a passagem da homologia primária para a homologia secundária. Além dos valores de parentesco, temos que ver a coerência biogeográfica das espécies encontradas. Dentro de um gênero, podemos ter espécies do Japão, da Noruega, do Alasca e da África do Sul, por exemplo, África do Sul e Japão com sinal filogenético forte é sinal de incoerência, e a partir daí temos de retirar as homoplasias (evoluções independentes, embora com produtos parecidos, iguais).

Foi-se o tempo em que os filogeneticistas esperavam onze meses - vide Swofford, manual do PAUP - de busca ininterrupta no Pentium II para se chegar a uma estimativa filogenética, sendo esta última não necessariamente, a ideal. Com o PAUP (Phylogenetic Analysis Using Parsymony), este tempo inteiro era gasto através de uma busca exaustiva, e por isso impraticável, desnecessária. Com o NONA, esse tempo de busca em uma análise semelhante o tempo de onze meses caiu para quatro horas - vide Goloboff, manual do NONA. A revolução fica pelo programa TNT (Tree analysis using New Technology), o mesmo Goloboff do NONA mais o Farris e o Nixon, mostraram que uma análise pode ser feita em 10 minutos.

O artigo Methods for Quick Consensus Estimation, do Goloboff & Farris (2001) nos mostra o histórico dos problemas, do efeito dos diferentes parâmetros usados pelos programas de análise filogenética para estimar as relações de parentesco, e o suporte relativo pela feição de árvores otimizadas através de algoritmos específicos.

Algoritmos, isso é o que muda, entre um e outro programa. Ferramentas necessárias para o uso em filogenia. Observando os abstracts do Willi Hennig Meeting Society, que inclui a participação de diversos brasileiros, o programa mais utilizado é o TNT. Embora com parâmetros diferentes, um resultado mais rápido é necessário, e uma nova discussão baseada nestes parâmetros é fato. PAUP e NONA deixados para trás, assim como o Hennig86 (interface DOS).

E assim a ciência evolutiva avança, que elegância.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

4 Séculos de Exploração

Triste Bahia, explorada e registrada artisticamente no passado. Analogias são válidas para os outros Estados atualmente. A escassez de recursos já é mostrada através das estrofes, uma prostituição escravagista da terra, imaginem dos trabalhadores dela. Há quatrocentos anos atrás.

Triste Bahia! Ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando, e tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que abelhuda
Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus que de repente
Um dia amanheceras tão sisuda
Que fora de algodão o teu capote!



Gregório de Matos, por volta de 1600.

Outro registro interessante, mais explorações da "colonizadora" Portugal, isso em 1655:

"Conjugam por todos os modos o Verbo Rapio, porque furtam por todos os modos da arte, não falando em outros novos e esquisitos. Tanto que lá chegam, começam a furtar pelo modo Indicativo, porque a primeira informação que pedem aos práticos é que lhes apontem e mostrem os caminhos por onde podem abarcar tudo. Furtam pelo modo Imperativo, porque como têm o mero e misto império, todo ele aplicam despoticamente às execuções da rapina. Furtam pelo modo Mandativo, porque aceitam quanto lhes mandam, e para que mandem todos, os que não mandam não são aceitos. Furtam pelo modo Optativo, porque desejam quanto lhes parece bem, e gabando as coisas desejadas aos donos delas, por cortesia sem vontade as fazem suas. Furtam pelo modo Conjuntivo, porque ajuntam o seu ponto cabedal com o daqueles que manejam muito, e basta só que ajuntem a sua graça, para serem, quando menos, meeiros da ganância. Furtam pelo modo Potencial, porque, sem pretexto, nem cerimônia usam de potência. Furtam pelo modo Permissivo, porque permitem que outros furtem, e estes compram as permissões. Furtam pelo modo Infinitivo, porque não tem fim o furtar com o fim do governo, e sempre lá deixam raízes, em que se vão continuando os furtos. Estes mesmos modos conjugam por todas as Pessoas, porque a primeira pessoa do Verbo é a sua, as segundas os seus criados e as terceiras, quantas para isso têm indústria e consciência. Furtam juntamente por todos os tempos, porque do Presente (que é o seu tempo) colhem quanto dá de si o triênio, e para incluírem no Presente o Pretérito e Futuro, do Pretérito desenterram crimes, de que vendem os perdões e dívidas esquecidas, de que se pagam inteiramente, e do Futuro empenham as rendas, e antecipam os contratos, com que tudo o caído, e não caído lhe vem cair nas mãos. Finalmente, nos mesmos tempos não lhes escapam os Imperfeitos, Perfeitos, Plusquam Perfeitos, e quaisquer outros, porque furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais, se mais houvesse. Em suma que o resumo de toda esta rapante conjugação vem a ser o supino do mesmo Verbo: a furtar para furtar."

O literato pe. Antônio Vieira nos mostra o quão, um registro histórico, é imprescindível para deixá-lo imortalizado, bem como imortalizar o sistema gajo-econômico da época. Uma verdadeira aula, denotativamente, de português.

Ele também cita Aristóteles levando em consideração a noção de governança do mundo, que se divide em onze paixões, mas acaba se resumindo em duas, dois polos que o dividem: o amor e o ódio. Por isso, tão mal governado.

Com amor o demônio é formoso.
Desabafo aqui o que não posso fazer a curto prazo, nem a médio, nem a longo. Acabar com a política exploratória brasileira. Só nos resta fazer registros desocultando a realidade, intervir nos espaços, existir.

domingo, 21 de junho de 2009

Parafina derretida

A vela é sinônimo de acompanhar um casal ou mais de um, durante uma festa. A vela, no sentido denotativo, é um objeto feito de parafina utilizado para iluminar segundo a Wikipédia.

Geralmente a vela demora a ficar sem iluminação, a luz por sua vez morre sem gás atmosférico, ou quando o pavio é totalmente queimado. Alguns têm pavio curto, outros têm muita parafina. Após observar uma noite inteira de festa, pude perceber sensações não muito agradáveis de ser vela. Alguns têm chama para aquecer, outros não. Fazendo com estes fiquem invisíveis durante o escuro da festa.

A parte pior é quando a vela já acesa, é aquecida por atos de carinho do casal.

Outra piora leva em consideração os inúmeros focos de churrasquinho (incêndios) percebidos ao longo do Parque do Povo. Alguns reclamam, outros simplesmente saem de perto ou ignoram. Algo desagradável como queimaduras aparecem ao longo da festa, próximas àquelas churrasqueiras improvisadas e enferrujadas.

A carne é de péssima qualidade, com uma coloração vermelha intensa, percebo ainda focos de gotas de sangue nas salsichas assadas, coração de galinha, dentre outras seboseiras. O jeito é beber, mas encontramos as latinhas de cerveja e os litros de água mineral no mesmo carrinho que carrega a churrasqueira improvisada, e os diversos derivados das carnes sem um mínimo de higiene.

Com poucos minutos, a latinha de cerveja é manipulada pelo vendedor que pega o dinheiro, e volta a assar a carne. Para piorar, dentro do isopor há água descongelada, onde há também um mar de bactérias felizes, prontas para atacar. No outro dia ninguém sabe qual a fonte da doença de garganta que apareceu. A flora vira uma guerra da noite para o dia.

E ainda para piorar, recebo um: "- Hipoglós é bom para os dedos." Ao passar por um conhecido, ao me ver com o casal. Tá, ainda havia a prima dela para me acompanhar, mas a conversa não atraia, aquele quê de EJC, outro quê de "- qual a festa de amanhã", com um quê insuportável de "- Como está o meu cabelo?"

Vamos falar sobre o casal. Ele não me conhecia direito, disse "- Oi!" E nem olhava direito para meu rosto, no mínimo, com ciúmes da minha amiga, que admito, era paquerinha minha de longa data, desde 2007 para ser mais preciso.* De cima para baixo (da palhoça ao palco principal) andamos, eles se beijavam freneticamente, e não há situação mais constrangedora do que ficar olhando beijos e escutando lábios e estalos e diversos outros "traços etológicos" egohedonistas. Mas, como tinha prometido passar a noite com a dita cuja, não poderia deixá-la "sozinha". Logo, a madrugada inteira como parafina, pavio e chama. Essa se apagava após olhares para mim, com aquele gosto de fica aqui do meu lado, não te decepcionarei. Consegui identificar esses olhares, tanto que na metade da noite, o parceiro dela conversando com os amigos e bebendo disperso, e eu lá conversando com as duas, em especial a que estava de namorado, que me olhou de cima a baixo do nada, e disse:

"- Hoje você está perfeito" (sussurrado)

Essa afirmação, junto à poluição sonora, fez com que ninguém percebesse essa fala. Tanto que pedi para repetir, "- hã?". E ela repetiu, umas duas vezes a mais com aquele sorriso encantador digno de propaganda de creme dental.

Desde então aqueles sorrisos apaixonados se misturaram, e não deu outra.

A desculpa: comprar capirinha.

Logo, ela toma frente do grupo, 100 metros adiante, pega minha mão. Carinhos se evidenciam, o tato é super importante nestas horas, o atrito dos dedos se entrelaçando e em harmonia na busca incessante pela posição ideal. Coisas de primeira vez que um casal se encontra. Ficam trocando carinhos pela mão, depois com um mês sabemos que esse tateamento morre. A mão dá lugar ao braço, perna, cotovelos, boca, e derivados.

Voltando a história, a ida à barraca de bebidas foi encantadora. Logo, contagiado pela situação fui comprar do outro lado da avenida, o meu preferido "Fim do Mundo", e ela, a maravilhosa batida de cajá. Olhares, carinhos e aquela dança de forró especial, que lembrou o momentum de um ano atrás, quando nos encontramos pela primeira vez na frente da Igreja do Parque do Povo, neste mesmo lugar.

Começo a pensar em situações passadas, e por ter aprendido o quão é bom namorar, deja vus nascem, fico reflexivo e me desanimo instantaneamente. Essa sensação tem um fundo de "ruedeira" na linguagem popular, e é amplamente valorizado nas músicas de forró. Não me lembro delas, mas lembro que estava cantando todas, mesmo que improvisando só o final. Perdido naquela festa, achado em mim mesmo. Os minutos que fiquei em silêncio sem cantar as músicas de forró me fizeram refletir sobre minhas práticas. E logo solto: "- Você e ele fazem um casal perfeito, parabéns!" Ela: "Isso é uma ironia!?" Eu: "- Não, não é."

Voltamos a dançar, a caipirinha logo fica pronta, voltamos e logo embriagado, reencontro os amigos e vou à caminho da casa deles, dormir e me preparar para mais uma noite. Esta, sem promessas, sem parafina, com muito pavio e muita chama.

*Ler o post Amante Profissional antes faz bem.

sábado, 20 de junho de 2009

Parque Evaldo Cruz

Sigo minha noite, quarta-feira de forró no Parque do Povo. Reencontro uma querida amiga, ex-namorada.

Pan-pan. Começa o forró. Dois para um lado, dois para o outro, três para trás, dois para frente. Chenhenhem.

Aniversário de uma outra amiga.

Chuva. Evapora. Momentâneo período singelo do dia. Aquele gosto que sempre havia. Salve, salve. Ex, que é ex, sempre é atual. O beijo é atual, molhado, mordido. Agarrado, jogado para cima e para baixo. Holofotes, observações dos transeuntes, das câmeras. Da mulher do padre.

Seguimos, eu sentindo aquela pele acolchoada, aquele traseiro máximo. Fico mal acostumado novamente, me lembro dos velhos tempos. Saudade. A coisa melhorou, valorizo novamente a carne.

Um dia nos veremos novamente, mensagens. Uma por cima da outra, de outras. Diversas delas. Totipotente liberação de hormônios, para umas e para outras. Não vale. Hoje é quarta-feira. Amanhã é sábado. O tempo passa. Não me dou conta. Feriado. Passa do lado de quem gostamos, rápido, o tempo.

Hora de forrozar novamente, com outra querida amiga, desta vez furando olho, novamente. É hoje! Recife veio até Campina, Campina veio até Campina. Da UFCG para UEPB.

Puto, me amputo. Feliz, me retriz. (sic)

Amante Profissional

O ritmo que embalava as discotecas. Calça boca de sino, com uma sapatilha branca e aquele capilar blackpower. Conversando sobre justiça global, governança global, planejamento estratégico, corporações transnacionais, organizações internacionais, barreiras comerciais e importação. Lá estava o meu ego eloquente no final de um dia pós-namoro (day, not date)*.

Como bom amante, profissional, o "fura-olho da Estrela", estava lá. Após a festa na discoteca a encontrar uma amiga, esta tinha deixado apresentações orais no litoral e também curtido a discoteca. Estava a pegar o ônibus para o interior do Estado. Aí começa no walk-man, aquela música "Um amor de verão" da banda Rádio Taxi. Embalando o reencontro, aquela música pedida... era a cadeira ao lado. "- Por favor, esta dama poderia sentar ao meu lado?". Logo minha parceria aleatória de viagem trocaria de lugar com a apaixonante fala singelamente sonora, a amiga que encontrei na rodoviária, viria no mesmo ônibus, fato inimaginável. Aquele papo agradável, anos 80. Se lembra da Ecologia Política? Aquela do Estéban Castro na época que ele foi à FURNE. Ela, "- Sim, claro que lembro, foi o início de nossa amizade, se lembra?". Sorrisos.

Ninguém me explicou na escola, ninguém vai me responder.

Seguimos cantando, e conversando. Logo, conversarmos sobre Sartre, e ela glorificando a Simone de Beauvoir. Descubro que tenho uma admiradora do casal ao meu lado. Dois objetivos iguais, ler o livro "O ser e o nada", nosso sonho de consumo. Depois de diversos livros, diversas harmonias verbais, chegamos na metade do caminho, falando sobre justiça global.

Ela cita que a festa foi boa, e ela estava cansada, com aquele vestidinho de bolinha amarelinha tão pequenininho. Pego sua mão, ela logo se desfaz. Conversamos muito, conversamos sobre tudo. Sobre dissertações, a da minha ex (amiga dela) e a dela principalmente, em agosto de 1988 ela defenderá a cruz que carrega. Logo pergunto sobre o evento do Parque Evaldo Cruz, ela desconversa, que estava cansada da discoteca e não iria mais àquele ambiente. Descubro que ela tem um amigo que marcou com ela neste intervalo de dia para noite.

Chegamos ao terço final do percurso, "- Está frio aqui, né?". "- Sim, está.", ela responde.

"- Vem cá."

Logo nos abraçamos, e o giradouro da entrada da metrópole Campina Grande, aparece. Épocas de comércio intenso de café, o ônibus não ajuda muito, aquele cheiro enorme de cigarro. Chove. Ouvimos o barulho do trem, longe, longe.

Ela não colabora e diz. "- Me desculpe, mas não se ofenda com o que eu vou dizer."

Olho fixo para os olhos dela. "- Pode dizer."

"- Tudo o que faço, é intensamente, por isso não vou dar só um beijinho em você, não rola."
"- Você é amável, encantador, com uma conversa agradável, mas não dá."

Logo ainda dá tempo de conversamos sobre formas de amor, o que nós temos em comum.

Ela. "- Gosto de quem puxa meus cabelos." "- Gosto de bater e arranhar." "- Tudo tem de ser intenso."

Chegamos na rodoviária. Logo avisto minha vizinha, perguntando se eu não continuaria no ônibus, pois o ônibus passaria próximo de minha casa. Minha companheira de longa data não podia ir sozinha para casa. Da rodoviária ganho outro rumo, não minha casa, mas a casa dela. Levo sua máquina de datilografar portátil, que foi importante para sua apresentação oral no litoral. Ela ainda exausta por ter ido à discoteca, me diz. "- Se você me levar até em casa, te deixo em casa logo mais, de carro." Não poderia resistir a proposta mais tentadora em pleno dia 12/06. Fluindo prazeres, suspirando desejos. Vamos conversando sobre MDLs, energia limpa, empresas. Ela muda meus conceitos sobre microempresas. Logo, desmarca o encontro que teria com um "amigo" (estava claro que era seu paquerinha antigo) no Parque Evaldo Cruz, pelo seu cansaço, e não por minha presença. Seguimos até Bodocongó. Chego na casa dela, recebo outro amigo conhecido de longa data, que se surpreende com minha presença. Jantamos. Com muito sono, muitas histórias e uma consulta de tarô.

A morte. Carta boa.

Voltamos, ela segue comigo, só eu e ela. De volta para casa. Vamos conversando sobre tudo, essa companhia agradável estava faltando. Passamos a noite conversando, conversamos muito, aleatórias e diversas situações. Continuamos a conversar...

Chegamos na porta de minha casa, ela se despede.

Beijo sua boca, e puxo o rosto dela violentamente e digo: "- Não pense demais, aja".

Logo sou retribuído com o calor feminino em demasia. Passamos mais dez minutos em um ritmo frenético de troca de fluidos. Começa a música "Só delírio" da banda Telex.

Me despeço. Aquele gosto fica.

Entre quatro paredes, Sartre. Dedicado à ela. Depois de dois livros, um litro de vinho e uma cesta de chocolate lançados ao mar, que seriam destinados a uma querida paquerinha antiga em João Pessoa. Um bolo de uma, um presente de outra. Dedico um presente lido, dei a ela: "Onde o inferno são os outros."

Ela? Ainda deve estar terminando a dissertação. Simone de Beauvoir? Não sei, segundo ela, um dia descobrirei. Reitera, na França, talvez.

* os fatos aconteceram a noite

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FIlogenia e Linguagem


Artigo n.º 25 de minha carga de leitura retomada.

Grata surpresa ao abrir o artigo da Rexovà et al. (2003) baseado na filogenia da linguagem indo-europeia, baixei por curiosidade, após a gigantesca revisão e não me arrependo.

O trabalho nos mostra origens e divergências da lingua, baseados em diversos caracteres léxico-estatísticos. Não fica só na base dos números e vai mais além, incluindo a fonologia, dita como "glotocronologia".

Interessante saber também que a linguagem indo-européia não é híbrida, e a linguagem mais próxima - a Hitita - faz parte do enraizamento da árvore filogenética. De onde veio a linguagem indo-européia, qual a hipótese contando com um único ancestral? No artigo são propostas duas : que a linguagem IE nasceu em Anatólia, ou nasceu na região da Ucrânia, e o nascimento desta linguagem faz parte da origem dos próprios europeus.

É explícito que as palavras homólogas, inferidas pela argumentação da "descendência com modificação", formaram 85 classes (equivalente aos táxons) e 200 caracteres comparados, em 25 destes mais de 32 estados diferentes, ou seja improvável de se analisar em programas como PAUP que permite 32 estados no máximo, fazendo com que a "?" flua durante a análise.

O resultados e a conclusão do trabalho servirão para melhorar a reconstrução histórica dos europeus, principalmente quanto aos significados e significantes, ajudando em filogenias dos ancestrais antropóides que viveram naquela região.

Imagino em um futuro não muito distante, a filogenia da fala com o inclusão do gene FOXP2 e adjacências, sendo o FOXP2 a raiz da árvore da linguagem.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Amor, qualis A?

Bayeux, 05 de junho de 2009



O mundo científico nos prega peças, umas de rejeição, outra de alto impacto internacional, algumas outras discutíveis, muitas engavetáveis.

O cientista vive para publicar e divulgar suas publicações, seja no periódico local (científico ou não), ou no mais prestigiado da área (geralmente no exterior). As práticas de publicação de artigos científicos, atualmente, tem corroborado para escambos autorais, plágios descarados, bibliografias de difícil acesso (inexistentes). Toda a organização dos periódicos com maior número de impacto com as revistas Science, Nature, dentre outras, é acompanhada pela Journal of Citation Reports (JCR) e os manuscritos submetidos nestas revistas são avaliados pelo sistema de pares (peer-reviewed).

A qualidade dos artigos dependem dos "fiscais" do periódico. Alguns pecam por desfocar a área de interesses publicando trabalhos de amigos que fogem do escopo da revista, outros querem aparecer no ramo científico traduzindo o trabalho dos outros. São tantas casos e causos.

O sistema qualis foi implantado pelo CNPq para organizar a qualidade das revistas, sendo dividido em A, B e C. Para entrar no qualis, a revista tem de ser avaliada pela JCR, seguindo claros critérios de acordo com a Área requerida. E eis que nasce, o tão exclusivo fator de impacto (IF). Revista brasileira, é automaticamente excluida pelo sistema CAPES. Mas, para normalizá-lo, nasce o rank-normalized impact factors (rnIF).

A fórmula leva em consideração:
(1) A fator de impacto (IF) da revista no JCR = R;
(2) O número de revistas na área = K.**
(K - R + 1)/K - uma fórmula fácil e rápida.

O C.V. (coeficiente de variação) é menor no rnIF, do que no IF tradicional proposto pela JCR. O que concluímos com isso? Todos abaixo de um 1 ponto! O periódico que tiver 0.9 é Deus, ou a Annals Review of Immunology, ou a Annals Review of Biochemistry, ou a Nature, ou a Science...

Quanto aos cientistas, eles calculam o fator H (FH), quem tem o H maior é tem mais êxito na carreira. O eminente, o pontapé inicial foi dado por, Jorge E. Hirsch, por isso o fator é H.

Leva em consideração:
O número de citações dos artigos (Y), e a série de artigos publicados (X).
(X=Y) = fator H. Se você já tem um artigo, e tem uma citação, você já é um Homo na ciência.

Onde entra o amor nesta história?
Vamos formular um fator A: número de relacionamentos amorosos (paqueras, putas e beijos por ai) Y e o número de namoradas X. O amor à vida, o amor à família e o amor aos amores, por exemplo uma fórmula hipotética:

Fator A dos das namoradas...
Sendo na série A de namoros X=Y, fator A = 8
Namorada - Relacionamentos Amorosos
1 - 20
2 - 14
3 - 13
4 - 18
5 - 14
6 - 12
7 - 10
8 - 8
9 -5
10 - 1
11 - 1
12 - 1
13 - 1

E o periódico de minha vida amorosa? Vamos normalizá-lo (nrIF)?
O número de amores atuais = K. O fator de impacto de minha vida amorosa levando em consideração o número de relacionamentos amorosos / número de namoradas = 138/13 = 10,6.

O número de amores atuais somando o amor próprio, ou seja 1 + amor familiar (avós, etc, vivos) + paquerinhas = 15.
(15 -10,6 +1)/15 = 0.36

Estará alto quando chegar próximo de 1.
Quando estiver abaixo de zero, quando eu não tiver mais de 9 amores, minha vida amorosa não existirá.

Quais A é de circulação internacional *. A vida amorosa é qualis C e não impacta mais, ou pouco se equipara muitas vezes à vida estudantil 0.9, vida social 0.9, e assim o K vai mudando, o número de amores vai aumentando ou diminuindo. Uma pena senhor amor, uma pena. (com direito a bulbo, raquis e bárbulas)

*Segundo a CAPES, circulação internacional de alta, média ou baixa qualidade (A1, A2, A3); circulação nacional de alta, média ou baixa qualidade (B1, B2, B3); circulação local de alta, média ou baixa qualidade (C1, C2, C3).

** Qualquer variável é mera coincidência.

domingo, 7 de junho de 2009

Deus e o Celoma

Lembrando dos anelídeos queridos, claro se diferenciando dos nematelmintos e estes dos platelmintos, respectivamente, celo, pseudocelo e acelomados. Ou seja estes últimos não preenchidos por celoma então, logo concluo a lógica para a frase abaixo:

"Há um vazio dentro de nós, onde só Deus é capaz de preencher!!!"

(1) os platelmintos não tem Deus
(2) os seres humanos tem um órgão ou tecido chamado Deus
(3) nemaltelmintos são vermes do capeta, falsos! Pseudos!

Encontre o espaço onde Lord está.

Se ele estiver no celoma enterocélico é capaz de encontrarmos ele próximo ao blastóporo, ou não?

Cabaços, Bodes, Álcool e Ciência

Dos sóbrios aos intoxicados se incluem os mijados pela cabrita. Em artigo proposto pelo grande etólogo Antônio Souto, o álcool é sinônimo de fartura feminina durante a noite. ou melhor, madrugada. O sucesso reprodutivo fica mais alto, e as chances de rejeição são menores aos diversos gêneros "a" que aparecem, e somem, aparecem e somem, ou como o artigo propõe, se transformam.

O artigo foi descrito didaticamente por Ribamar, um grande amigo de sala e fã do etólogo citado anteriormente, que com Aécio, outro grande amigo. Juntos formamos o grupo de pesquisa instantânea, cadastrado no Conselho Ofídico Campinense, para os estudos festivos de campo. Nada de pranchetas, usamos o método view and talk (assim em inglês é melhor aceito e alegorado). Algumas analisadas foram destalks² (sic), outras nem tanto. Trocadilhos infames que se perpetuaram madrugada afora.

Estávamos em Cabaceiras-PB. Festa do Bode Rei, logo adianto, uma grande chacina de caprinos.

Mas, voltando ao viés heurístico, o que estava no artigo aconteceu depois de uma cartela de doses:

A detecção da simetria ficou menor. As faces que passavam tinham traços mais coesos, retos, harmonia total.

A culpa?
Xixi da cabrita.

Uma moda em Cabaceiras é tomar uma bebida enjoada, tão doce que arrepuna! O xixi fez vítimas. Colocar a culpa no xixi não é certo, certo é colocar no artigo do Souto na revista Perception. No final, éramos nós os objetos pesquisados. Estávamos lá, com a cartela de doses vazia no início da festa, todos encharcados. Após duas doses, muita chuva, muita dança e alegria ao reencontrar amigos, fazer novos amigos. Acabamos por formar uma quadrilha, alegramos sozinhos a festa. Na festa o público era dividido em:

Cantores, os des(talks) e nós, o grupo, Aécio, Ribamar, Larisse e Monique. Esta última estrela do forró, a estrela da noite, um tanto cadente, mas lá com toda aquela produção maravilhosa roliudiana. Esteticamente abrupta. Não entendeu? Então, só vivenciando o momentum hilário: "- Arroxa Riba, só falta você!".

Deixamos Monique de lado, Larisse some, e ao pararmos ao lado de grupo de mulheres produzidas, começamos a inferir, quantas argolas de zinco no braço fazem o senso-crítico feminino abaixar, qual era o modo destas olharem disfarçando o flerte. Aécio cita duas olhadas e uma alisada no cabelo, como sinal positivo para a paquera. Cito aquela olhada por trás dos amigos, onde um alvo fica entre você e ela, como um eclipse lunar, onde uma beirada de olho (Lua) separa o receptor da conversa (Terra), de você (Sol). Nunca fui muito de paquerar olhando, o poder da palavra é bem maior, e é nele que me aprofundo. Lá estava ela, a palavra, sendo que aquele público não sabia conversar um papo produtivo, diria que elas perguntaram:

"- Qual a banda de amanhã?"
"- Você vai para o Parque do Povo?"
"- Mulheeeeeer, Forró do Muído vai ser ótimo!"
"- Faz que curso?"
"- Você está bêbado?"

Esta última pergunta, teve um quê sarcástico. Se a revista era perceptions, foi agora que percebi, cai em si, sou fruto de minha pesquisa, aliás de nossa pesquisa. Começar a falar palavras bonitas em uma festa não cai muito bem, começa aquela eloquência denigrente! Enfim, eu estava bêbado. Bêbado, cansado e com sono. Falando palavras difíceis.

A aventura de João Pessoa direto para Cabaceiras, sem direito a parar em Campina Grande, e com direito a moto-taxista passar em diversos sinais vermelhos é hormonalmente adrenalínica.

Voltando à percepção. Os três gritam, "Viva Antônio Souto!" E lá se vai mais uma dose, canecas ao alto. Arriba (ao nosso colega ribamar), Abarro (à caneca de barro), Assento (é bom descansar), Bode Rei! Antônio Souto! Aomijo! E lá se ia mais uma noite festiva debaixo de uma grande chuva, onde os populares faziam jus aos caprinos, debaixo das barracas e do salão da festa.

Tragicômico. Intoxicado por álcool, com vontade de dormir. Tudo que passava era belo, até algumas spoanzetes (em homenagem às pesquisas da querida Silvana) e lá se vão mais alguns milhões de risos. Depois de algumas doses, meu olhar clínico decai. Acho que errei até a Síndrome, embora aquele passo "três e meia" não me engane!

Noite maravilhosa, super produtiva. Com a última banda da sexta-feira desafinada, fomos dormir, após uma última observação nos exemplares femininos do palco e, claro, comentários quanto a simetria bilateral, como se portavam os músculos após intenso trabalho. Todos veêmentemente concentrados (hipnotizados?) com tal locomoção harmoniosa às quinze para as cinco da manhã. Olhando ao palco fixamente.

Deixamos o local da competição, e nos retraimos ao nosso aconchegante local reduto de descanso. Sempre adulados pelo grande Riba, e por dona Rita. Bem recebidos em Cabaceiras, boa ida, boa volta, boa refeição vegetariana. Com direito a passada no Rio Taperoá, na padaria do filme do João Grilo e tocar no "coco"¹ do bode, segundo ditados populares, se tocar no "coco" dele, o desejo se realiza.

Nada de fotos, nem pavãozagem. Esse modo de atração do macho, ter um rabo atrativo, só no gênero Pavo. Pior do que as fotos em cima dos caprinos espalhados artisticamente pela cidade, era desfilar com a "rainha do bode", um grande gênero Callitrix em cima de uma carroça de burro, muito pouco assediada e com o sucesso reprodutivo baixo.

Durante o início da noite, antes da manifestação artística sonora poluente, ainda participamos da eleição desta "Demi Moore" caprino-roliudiana, com nossa torcida: "- Camarão", "- Capeta!"; "- Bicha boa!"; "- Sem bunda!"; "- Rapariga!"; "- Trombadinha!" (em sinal ao desfile "muito simétrico" de uma das candidatas); "- Poliana", esta última não sei quem era, todos gritavam, tínhamos de ir no embalo, baixar o nível e liberar serotonina. Colocando, claro, nosso símbolo ao falarmos! O grande losango, mais conhecido como rombo!

De resto, uma caneca de barro de recordação e uma vontade de criar um etograma apropriado aos festejos urbanos/juninos/julhinos/agostinos... Quem se gabarita?

¹saco escrotal
²sem conversa

quinta-feira, 4 de junho de 2009

God bless the Etology and Capitalism

As bases da etologia têm ganhado bastante destaque nas áreas humanas com a evolução de pesquisas genéticas, onde fatos antes observados em homens e animais são provados a partir de sequencias gênicas semelhantes entre esses organismos. As ciências sociais tratam o ser humano como espécie a parte dos demais animais, embasada na criação da sociedade como meio separante das outras espécies, dentre elas também os primatas. O que se observa é uma má-interpretação de informações que tende abjungir humanos de primatas. A sociedade humana tem como base evolutiva as mesmas sociedades de alguns primatas, por isso acredita-se que ambas sociedades surgiram de um ancestral em comum. Nessas sociedades de primatas há separação de indivíduos nomeados popularmente como mais fortes e mais fracos. Nas sociedades desses primatas isso ocorre através da diferença do vigor físico eminente dos machos. Nas sociedades humanas esse carácter hierárquico se dá através da criação e da retroalimentação positiva do capitalismo. O capitalismo afirma que indivíduos têm uma vida toda para obtenção e acúmulo de bens, tais fatores refletidos como insight reprodutivo, aumentando as chances de sobrevivência e maior oportunidade de passar os genes adiante, nos indivíduos mais fortes (ricos). A permanência da hierarquia se mantém pelo contínuo acúmulo de de bens dos indivíduos, reforçados pela substistência hormonal. Os hormônios atuam como guias nos indivíduos, levando-os a tomar decisões antes achadas como sociais, agora embebidas na ciência. O comportamento animal é feito através desses mediadores químicos, que proporcionando/restrigindo prazer/dor, acomete todas as ações dos indivíduos. A manutenção excessiva de uma certa carga hormonal leva ao vício. O gene (xxx) representa uma parte de genes responsáveis pela formação e estabilização da sociedade humana. Esse gene produz mediadores químicos que liberam no indivíduo sensações de prazer perante o acúmulo de bens. Indivíduos que possuem predisposição genética para ativação desse gene tem o comportamento ambicioso para obtenção e uma supervalorização de bens materiais, sendo todas essas ações hormonais. Outro fato marcante é a aceitação errônea de ações antrópicas como sendo ações não-naturais. Ações antrópicas são tão naturais como a das outras espécies. Modificamos o meio como forma natural de sobrevivência. O mesmo evento é produzido por várias outras formas de vida, divergindo apenas em escalas e proporções. Dentre todos esses fatores citados, há como primeiro-motor o regimento da evolução biológica. Todas as espécies sofrem pressão evolutiva, onde variantes do meio e de genes elimina ou propiciona o desenvolvimento dos organismos. Deve-se ter em mente que o homem, juntamente com sua sociedade, execra os mandamentos evolutivos. O homem é a principal espécie que permite a sobrevivência e subsistência de indivíduos genéticamente mais fracos. Para haver evolução, deve-se eliminar do meio os indivíduos mais fracos ou menos aptos ao meio que estão inseridos. Com a invenção da medicina e o avanço tecnológico, o ser humano extinguiu tais leis e criou sua própria forma de divisão intraespecífica, o capitalismo. Através de estudos genéticos/etológicos e também sobre evolução biológica, denota-se a forte influência de uma sociedade regida pelo capital, demonstrando não haver caminhos opostos a esse fabuloso sistema.

domingo, 31 de maio de 2009

Caracter e Sistemática

O que seria um caracter para a sistemática?

"um atributo, um conjunto de atributos, um traço, uma característica, uma propriedade, uma parte, uma morfoclina, uma diferença, uma homologia, uma verdade, uma teoria, um aspecto (de um organismo), uma base para comparação, uma similaridade, e (matematicamente) uma variável, uma função, um mapeamento, uma relação equivalente, e um conjunto de distribuições probabilísticas. (Colless, 1985)

Complicado, não?

Ou uma série de transformação, como Hennig (1966) costumava dizer.

O paper do Grant/Kluge (2004) mostra a influência da transformação, dos caracteres como indivíduos históricos, bem como homologia igual à identidade histórica e diferente de sinapomorfia. A grande briga do conhecimento sobre descendência com modificação que impera desde os tempos de Darwin, tem um fundo de verdade, o transformacionismo, as séries de transformação baseadas nos elementos históricos, indivíduos históricos. Outra característica importante é a parcimônia sendo o método investigatório da filogenia, separando a homologia primária da secundária. A última situação nos revela os eventos que têm uma história por trás, tem uma raiz comum, as homologias, que diferem das sinapomorfias devido aos eventos separados e específicos de um grupo final, um grupo que ocupa a ponta de um galho da grande árvore, uma "Cesalpinacea" da vida.

Colless, D.H., 1985. On character and related terms. Syst. Zool. 34, 229–233.
Hennig, W., 1966. Phylogenetic Systematics. University of Illinois Press, Chicago, IL.

sábado, 30 de maio de 2009

Falseabilidade e Latinismos

Viva Popper, o modus ponens, e o modus tollens.

Os dois termos expressam característica da epistemologia, o cerne da ciência dentro dos cladogramas (árvores hipotéticas de biodiversidade) cheia de induções, aquelas intervenções humanas para tentar se chegar à algo. Claro, depois de analisados os fatos históricos e rigorosamente enumerados. O poder dedutivo dentro dos cladogramas existe, mas o indutivo é bem maior, as famosas hipóteses ad hoc. E falseável, é claro, pelas homoplasias = convergência de caracteres para uma função, mesmos caracteres com origens distintas, melhor, uma evolução independente.

Viva a biologia evolutiva. Os cladogramas, as deduções e as séries de transformação.

O artigo de Vogt (2008) que trata sobre a falseabilidade dos cladogramas, é bem claro quanto à isso. As homoplasias seguem a contramão das apomorfias, e nelas devemos nos embasar para ver o quão os cladogramas são científicos. Falseáveis, de fato.

Outro artigo, agora de Kluge (2003) nos mostra as diversas citações, a problemática das deduções entre as relações de parentesco. As explicações causais dos fatos nos levam ao que podemos chamar de história, explicamos o processo, o acontecimento do evento, como se deu. Através dos produtos, dos fins. O Kluge dá uma série de 11 argumentos pró-filogenia.

E cita no final, que há um conhecimento objetivo histórico dentro da filogenia, portanto pode ser tratada sim como ciência, embora não testável, não "popperável".

E assim a ciência avança, que elegância.

Glicose e Serotonina

Segunda-feira.

Hora do almoço.

"- Alô!"

E lá está embalado, com um laço cor de rosa claro, a encomenda.

Acabou a surpresa.

Caminhos encaracolados coloridos, rosas, amarelos brancos, azuis, e lá seguindo o caminho, diversas voltas, cheiro de corante, cheiro de açúcar. Sustentando, um pedaço de madeira, grande, meio mofado. Voltas que cobrem um rosto inteiro. Um mês inteiro de felicidade, até que ela acabe, ou seja dividida. Cuidado com a língua, pode machucá-la.

Glicose, no mais tardar. Cárie, diabetes, enjôo. Um presente, uma arma. Resta a carta.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Omissão Sensata

“- Nunca meu trabalho foi reconhecido durante a gestão do CABio.”

Após caloroso debate sobre a formatura da turma, lá estava este desfecho. Sentimento de missão cumprida. Discurso maravilhoso.

Acabou. Simplesmente a representação estudantil, acabou. Fico feliz por esses momentos, momentos de desabafo ao coletivo. O eterno ato de jogar responsabilidades. Nunca disse não, mas esse foi o primeiro, e com gosto. Afinal, já chega. Joguei a peteca, tomara que ela caia.

Assembléia Geral dos Estudantes no dia 22 de maio, um dia após o Dia D da evolução, Dia 21 de maio. E lá estou eu, a esperar algum componente da sala que faço parte, comparecer. Desculpas, saídas, enfim, nada de zelo pelo curso, pela representação estudantil. Pelo futuro nome da Instituição de Ensino Superior que levarão no currículo, Lattes de preferência (a síndrome). Era uma simples tarde, começou às 14 e foi até às 17 horas, debates intensos, e nada de representantes de sala. Uns criticam que não almoçaram, outros que estarão ocupados à tarde, outros olham com indiferença e não respondem porra nenhuma. Afinal:

“- Não me trará lucro”

Algo construído pelo coletivo, diversas ações ao longo do ano, a construção delas, pesadas. Sudorese pura, aulas perdidas, diversas. Claro, em diversas comissões organizadoras: Semana Universidade Pensante, ENEComp, COREBio, EREB-NE, ENEB, Encontro de Etnobiologia e Etnoecologia, Calouradas, Manifestações, Dia disso, Dia daquilo, daquilo outro. E lá estava eu, organizando, organizando, organizando. A última e mais dispendiosa, Comissão Eleitoral do CCBS 2009, com o recorde de 89 memorandos em uma madrugada.

Chega a grande época! Belle époque em quase cinco anos! Final do curso, formatura?! Escuto:

“- Perco aulas, participo de diversas reuniões toda semana, só eu sou Comissão Organizadora, e não ganho nada por isso”.

Passa diversas cenas na cabeça, desde o início do CABio, de minha entrada no DCE, de diversos encontros de estudante. Todos os eventos na base do voluntariado. Todos finalizados em pleno êxito. Todos exímios, construtivos, cheios de contatos. Estava lá eu, conhecendo, e sendo reconhecido, por quem? Pela administração da Universidade, será que só serei valorizado pelo trabalho que desempenho frente a eles? Os próprios estudantes nunca valorizaram um quê, uma ou outra vírgula. Enquanto à frente da administração central da Universidade, tenho respeito e reconhecimento.

Destes por aqueles? Fico com estes.

Aprendi algo durante essas experiências de representação estudantil. Relações de poder, saber se inserir nos espaços. Faz bem ter discurso, para chegar a um orientador da linha que desejas, para chegar a um administrador público, fazer contatos, inúmeros contatos. Saber fazer memos, ofícios, editais.

Atualmente me valho destes artifícios, de expedir os papéis em forma de dinheiro, os auxílios. Pedidos para todos os locais, Secretaria de Interiorização, Reitoria, Coordenação de Curso, Assembléia Legislativa. Existem rubricas específicas para isso, direito nosso. Quem nasceu em berço de ouro, sabe muito bem o quão dinheiro é fácil, e assim vão levando a vida, utilizando o dinheiro do pai, da mãe, do trabalho. É mais cômodo sentar a bunda na cadeira, do que ir atrás do produto do trabalho.

Nessa corrida pelo auxílio saio na dianteira, afinal trabalho reconhecido é mais fácil de ser aprovado. A confiança conta muito nestas relações de poder. Nisso eu ganhei, e continuo ganhando, hora de chegar ao Consulado quem sabe, hora de se inserir mais ainda noutros espaços. Embora individualmente, uma pena. Trabalhos dispendiosos, energia e tempo concentrados. Estarei eu fora, em breve, tenho certeza. Com o dinheiro da tão almejada formatura, será minha passagem de ida, sem volta.

Espero que consigam concluir os festejos formais de final de curso com os serviços contratados por uma empresa. Diversos discursos contra a contratação desta empresa, mas enfim, tudo de última hora, desespero na porta. Dinheiro serve pra que? Pra tudo não? Ate para fazer uma formatura de última hora.

Aquela tira de “otário” na testa acabou. Hora de encher o currículo. Projetos de pesquisa, colêmbolos, sítios arqueológicos, e todo o resto. O HTTP://evobiouepb.blogspot.com acabou, todas as cinco etapas previstas, com diversos produtos inesperados. Agora tenho mais argumentos, e futuramente terei o prazer de falar que sou profissional, seguindo os três pilares do ensino superior.

A “formatação”, a festa! Vem aí! Em parcelas máximas de R$: 1,99 via paypal. Um exemplo de festa, com direito a queima de fotos, provas, e relatórios diversos, exsicatas também estão prometidas para a grande fogueira. Quem se interessar, se manifeste, estaremos fazendo o levantamento dos participantes pelo método de Lincoln. Se estiver marcado e for recapturado, entra na festa.

Já o Centro Acadêmico de Biologia da UEPB (campus I)?

Saibam que a última Assembléia Geral dos Estudantes ocorreu no dia 02/05/1999, há dez anos, para legitimar a gestão que estava irregular. A última modificação do Estatuto por Assembléia Geral dos Estudantes, não há registros nos livros de ATA. Algo histórico, jamais acontecido. Agora posso assinar com vigor. O único que elogiou tal feitio foi o atual diretor do CCBS. Uma pena. Só a administração geral.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Hipóteses Evolutivas Cavernosas(ícolas)

Lendo artigos da Cladistics sobre a problemática da Evolução da fauna Cavernícola, encontro os clássicos do Grandcolas, D'Haese e Gnaspini. Este último pude conhecer pessoalmente em visita à Paraíba.

O artigo "The problem of characters susceptible to parallel evolution in phylogenetic analysis: a reply to Marquès and Gnaspini (2001) with emphasis on cave life phenotypic evolution" Desutter-Grandcolas, L. et al. - 2003 - nos leva à problemática da evolução paralela e as consequências desta escolha ad hoc sobre os resultados. Na cladística há muito destas problemáticas ad hoc, para minimizar seus efeitos são citados dois métodos: (1) aplicar as hipóteses dos troglomorfismos depois da inferência filogenética em cima da topologia ou (2) colocar os troglomorfismos documentados na distribuição dos estados dos caracteres no cladograma.

Os troglomorfismos como caracteres de interesse são cavernosos. Podem mascarar amplamente um resultado final. A evolução por cima da cladística, ou seja, o subjetivo pelo objetivo, vira uma mistura combustível.

No artigo, quebraram o pau em cima da (1) característica não universal do troglo[bio]morfismo¹, do (2) único caminho evolutivo possível à fauna cavernícola, (3) as falsas novidades evolutivas (por convergência, geralmente) ocasionadas pelas pressões ambientais influenciando no clado.

Data venia, descendência com modificação caiu de moda.

Nada de ad libitum.

Haja latinismos.

¹caracteres dos troglobios (fauna estrita ao ambiente cavernícola), que diferem dos troglóxenos e dos troglófilos.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Nostalgia Extensa

Arrepios marcam a última pergunta, afinal o que Darwin pensava sobre a mudança das espécies ao longo do tempo? Ou não pensava? Acreditava na pangênese e nos caracteres adquiridos? Se justificou nas leis de Mendel para argumentar o processo gradativo? E lá estavam os finalistas.

Antes disso, em agosto do ano passado, estávamos nós começando o Projeto de Extensão "Exposições Científicas na Escola: Evolução Biológica, para que te quero?", logo após ser aprovado pelo edital do PROBEX 2008/2009.

No início, eu e Uirá, estávamos querendo formular algo que contemplasse as escolas de Campina Grande, passar de colégio em colégio, dando palestras, falando sobre a importância do bicentenário de Charles Darwin, dos 150 anos da publicação da "Origem" e o principal. Acabar com toda a raça de criacionistas que nos rodeavam, criando eventos dentro do município. Diversos os reacionários clericais. Cada um com uma opinião diferente.

A minha paixão em particular começou no ensino médio, antes do vestibular, estava eu folheando os livros de ensino médio, livros de ensino superior, para saber a origem das coisas, nada de "the story of stuff" traduzido para o idioma nativo, tudo de biótico com o quê evolutivo (histórico). André, Gefferson, amigos que cursavam física na Estadual e, atualmente, cursam elétrica e física na Federal, influenciaram minhas tardes e noites de debates. Seja sobre origem do universo, da vida e da biodiversidade, com um diferencial, eles criacionistas, eu "evo", antes "cria" também. Era uma jogada religiosa, não entendíamos nada.

Nesta época estava eu na animação de Crisma da principal Igreja do bairro, e nada mais confortável do que ser criacionista dentro da Igreja. No próprio criacionismo, assim como há nas Igrejas, há a segregação de ideologias, afinal Deus criou o mundo a partir do Big Bang, da vida, de Adão e Eva? Isso há milhares de anos, há 10.000 anos, ou simplesmente ontem? E se ele criou o mundo ontem, e colocou todo conhecimento histórico em nossa mente?

Essas perguntas absurdas faziam parte de minha exegese diária.

Ganhei adeptos, e sempre mantive fé nos fósseis, eu diria outrora que Deus criou o Big Bang, essas coisas estapafúrdias, quando não sabemos, fica mais fácil: "- foi Deus". Existem os estágios mais radicais do criacionismo, por exemplo, pensar que a Terra tem menos de 10.000 anos, e como vocês podem perceber estava eu no estágio básico de pensamento criacionista. Sempre tive argumentos da origem da vida "para frente", embora as hipóteses de origem da vida tenham saído bem depois do advento da origem da biodiversidade (espécies). Eu não tinha muito contato com a física, com a origem do universo e derivados. Por isso, passei um ano de minha vida estudando Física das Partículas, múons, taus, gluons, leptons, barions, e diversos nomes e fórmulas difíceis. Perdia muito tempo e energia a pesquisar artigos da Nasa, isso antes de entrar na Universidade, estava eu na biblioteca lendo aqueles livros complicados e em inglês técnico, os quais nunca tive contato durante toda minha vida. Ler um livro em inglês era algo extremamente gratificante, embora se tentasse, eu não conseguia compreender nada. Até o mais básico como integrais e derivadas, eu tentava, mas nada saia. Os artigos da Nasa e da PNAS (que eram gratuitos) eu utilizava para embasar meus embates na comunidade Evolucionismo vs Criacionismo no Orkut, figuras como Sílvia Gobbo, o David, o Rodrigo Plei, o Francisco "Quiumento", Átila, Ravick, dentre outros influenciaram decisivamente minha carreira evo-acadêmica.

Entrei na Universidade, larguei de estudar o criacionismo por levar dois cursos superiores, o mesmo fez André e Gefferson, embora no ramo da docência e dos concursos, e assim ganharam o mundo, se distanciando de mim. Não conversávamos mais sobre Evolucionismo, com esse sufixo "ismo" deplorável, e assim descobri que poderia ter como escopo de estudo a Evolução Biológica. Épocas difíceis para se encontrar um orientador nesta linha. Logo deixei um dos cursos, e continuei em Biologia, entrando no Diretório Central dos Estudantes e nas pesquisas. O Movimento Estudantil continua aceso até hoje em minha argumentação existencial, embora tenha deixado algumas vertentes dele como o movimento allanista, que teve como "Deus" da liberação dos hormônios e interação das faunas, eu. Essa corrente filosófica morreu em mim, mas ainda fiz muitos adeptos por aí. Voltando a vida acadêmica, pude perceber o papel da Extensão como fonte de intervenção na sociedade e descobri o mais descriminado dos três pilares.

No edital 2007/2008 PROBEX, procurei orientação para começar um projeto de extensão, mas sem êxito. Entrei no ramo da educação, por lecionar no cursinho Pré-vestibular Solidário da UFCG, o qual por pouco fui expulso ao publicar um artigo contra o sistema, e quase também saio por espontânea vontade, por não compartilhar os mesmos interesses. Na educação me aproximei ao Uirá, ao Thiago e ao Ribamar, à equipe do Holística Diária, de um modo geral. E pude valorizar as práticas de ensino-aprendizagem. Como gostava de evolução (biológica), nada melhor de unir o útil ao agradável, e encontrei o Uirá nesse meio termo, sempre debatendo, se unindo à minha bandeira evolutiva desde o primeiro ano do curso, e assim passou o segundo, e chegamos ao terceiro ano com perspectivas de sucesso quanto à inserção da Extensão nas Escolas Estaduais de Campina Grande.

No projeto tínhamos um número absurdo de escolas para visitar. Umas 12 escolas, uma para cada mês, calculamos assim, e assim foi até conversamos durante o semestre de Julho com a Silvana Santos, recém contratada pela Universidade. Logo, durante o período da "Síndrome do Lattes" correndo em meu sistema circulatório, pude analisar o currículo de cada professor contratado, e chegando no nome da Silvana percebi o nome do Nélio Bizzo como orientador do MsC e do Doc, o sobrenome referência em ensino de biologia evolutiva e que foi citado em nosso pré-projeto algumas vezes, e lá se foram alguns Bizzo, Bizzo, Bizzo, Bizzo. Em outros materiais de referência no Brasil, mais Bizzo, Bizzo, Bizzo. E não poderíamos perder a oportunidade da Silvana nos orientar.

Desde essa época mantemos contato constante com a Silvana, seja por telefone, por e-mail e, frequentemente, pelos corredores do CCBS. O primeiro contato foi em frente ao banquinho da sala 5 da Biologia, e estava ela concentrada nos trabalhos em Serrinha dos Pintos e nos mostrando o primeiro interesse dela na UEPB, e no nordeste de modo geral: Genética. Como professora de Prática Pedagógica, não podia faltar uma atividade no ramo da Educação desde que ela entrou em adiante. Tanto que fomos bem recebidos por ela, e bem avaliados, até mudar totalmente o projeto e as passadas (aulas) de escola em escola durante 12 meses.

Em menos de uma semana, estávamos com o Projeto concluído, agora com um quê de divulgação científica maior, com maior segurança também. O trabalho foi dividido em cinco etapas. A primeira com os alunos da disciplina prática pedagógica, o segundo momento concluido com a Secretaria de Educação aprovando a inserção do Projeto na rede estadual, a terceira etapa com o curso de atualização que ocorreu no auditório da UEPB bem próximo ao festejo do bicentenário de aniversário do Charles Darwin. A quarta etapa contou com a construção dos painéis nas escolas da rede estadual. Sendo a quinta e última, o tão almejado Dia D da evolução.

Suado Projeto de Extensão. Quantos ofícios, memos, "bolos", almoços perdidos, lanches na praça de alimentação, reuniões ordinárias na sala dos Feras sempre registradas em Ata. Um Projeto organizado, tanto que cronologicamente bem assessorado pelo blog e pelas diversas Atas será fácil construir o Relatório Final. Este ultimo o produto mais "seco" da Extensão, que contou com Cordéis diversos, Paródias, Túnel, Forró, Teatro de Bonecos, artigo na revista Genética na Escola, diversas entradas na imprensa falada e escrita nacional. Em espaços nunca d'antes navegados por qualquer um professor do Departamento de Biologia historicamente, isso cito embasado em relatórios diversos expedidos pela PROEAC.

- 2008
Julho - Fechamento do Projeto para submissão na PROBEX 2008/2009;
9 de Outubro - Seleção dos extensionistas para entrada no Projeto de Extensão;
13 de Outubro - Aprovação do Projeto pela PROEAC;
14 de Novembro - Exposição do Cortinão de Watson (UFPB) na UEPB;
19 a 21 de Novembro - Montagem dos Paineis pelos estudantes de Prática de Ensino (1ª ETAPA);
Novembro - Nasce o Cordel do Darwin;
Novembro - Aprovação da inserção do Projeto nas Escolas Estaduais de Campina Grande pela Terceira Regional de Ensino. (2ª ETAPA);

- 2009
3 de fevereiro - 1º curso de atualização para os professores da rede estadual (3ª ETAPA);
11 de fevereiro - 2 º curso de atualização para os professores da rede estadual (3º ETAPA);
12 de fevereiro - Evento: Bicentenário de Aniversário de Charles Darwin;
Março - Início do Projeto nas Escolas de Campina Grande;
Março - Nasce o Forró do Darwin;
01 e 02 de abril - Projeto de Extensão na filmado pela imprensa municipal;
21 de abrill - Submissão do artigo para a Revista Genética na Escola;
27 de abril - Nasce o teatro de bonecos;
Abril - Debates sobre Evolução Biológica e Montagem da Exposição nas Escolas de Campina Grande (4º ETAPA);
20 de maio - Dia D da Evolução (5º ETAPA);
Maio / Junho - Exposição Itinerante pelas Escolas Estaduais que participaram do Projeto.
Agora o grupo começou com por volta de vinte extensionistas, claro que após uma seleção que contou com diversos outros graduandos de biologia interessados. Alguns não foram para seleção, que contou com um resumo do livro "Evolução Biológica: ensino-aprendizagem no cotidiano da sala de aula" escrito pela própria Silvana, e portanto, não fizeram a síntese, mesmo assim se encaixando ao grupo a posteriori.

O grupo.

Ednno com seu jeito extrovertido fez uma bela parceria com a professora Bruna e as diversas crianças do Raul Córdula. A Marina puxou o senso de responsabilidade para a Escola Normal e amarrou bem a construção dos painéis, tanto que foi a primeira a terminar o Cortinão a ser exposto no Dia D, trabalhou com a professora Neves. A Raissa se superou, sempre escreveu os relatórios dos debates que ocorriam e auxiliou o professor Gláucio na montagem dos painéis no Estadual da Liberdade, se não fosse um detalhe, no período noturno. O Uirá e o Alexandre, fazem o antagonismo que se complementa, respectivamente o sério e o extrovertido, nunca pensei que se complementariam tanto, e contaram com a responsabilidade do professor Fabrício para debater de sala em sala o tema, com histórias de "Macaquinho e Macaquinha cruzando...", dentre outras. A Laura ficou no Clementino Procópio junto à professora Josilda, e conseguiu completar toda a construção dos painéis, mesmo sempre distante, foi extremamente responsável e cuidou do Clementino e do Trajano, que fica no município Soledade, uma extensionista dupla. Outra escola que foi uma grande surpresa, foi a escola Apolinário Silva da cidade Areial, que contou com o apoio do extensionista-professor Evaldo e da Milena como professora. Já no PREMEN, a extensionista foi a secundarista Andrezza, já qu'eu não estava lá na coordenação dos trabalhos, estava mais ligado no cotidiano problemático do CCBS e na construção do Dia D, do que na construção dos painéis, delegar o trabalho de coordenação à ela foi importante, e a escola conseguiu cumprir em pleno êxito o túnel que prometeram, a professora Karla esteve durante todo o processo de construção dos painéis.

Uma equipe e tanto, sem nenhum tipo de interesses individuais ou invejas, ou algum "txu-txu" prejudicável aos trabalhos. Sempre cumpriram com as responsabilidades, e quando não, com plenas justificativas, sendo as faltas comunicadas algumas horas ou períodos antes.

Arrepios no palco, agora é a hora de colocar o chapéu de aniversário (homenagem ao bicentenário) amarelo, que representa a letra A, lilás, letra B, ou verde, letra C. E agora? O Darwin pensava o quê?

Chapéu lilás. A estudante Anne Rosalyn da Escola Normal ganha.

Arrepios diversos ante às torcidas de todos os colégios participando, gritando e apoiando os representantes das escolas. Equipe de jurados de professores da UEPB com a presença de Simone Lopes, Avany Gusmão e Mathias Weller.

Estava eu lá atrás, contendo os ânimos das torcidas, principalmente a do colégio da Prata. Arrepios a parte, a nostalgia bateu subindo ao palco no final do evento, abraçar todos com um sentimento de missão cumprida.

Agora caiu a ficha e a evolução biológica está presente no cotidiano da sala de aula, seja nos corredores, nos livros ou no quadro. Imagine os gincaneiros secundaristas chegando em casa, conversando sobre os resultados com os pais, disseminando as informações corretas aos amigos, corrigindo discursos equivocados pelo município afora. Essa é a melhor parte! Não a bolsa de estudos, mas a inserção da Evolução Biológica no universo de estudantes secundaristas ortodoxos anti-evolução.

"Rome was not built in a day
Opposition will come your way
But the hotter the battle you see
It's the sweeter the victory, now"
(You Can Get It If You Really Want - Cliff, J.)

sábado, 16 de maio de 2009

Vilipêndios

O poder ortográfico.

Abacial, alcova, astenia, boldrié, caleidoscópio, escrutinio...

E assim caminha o conhecimento hierarquizado, léxico e exclusivo.

Efeito Coriolis

As gotas se sobrepõem ao pára-brisa, como tinta guache diluída e lançada sobre uma folha de papel A4, lembrando atividades que fazíamos quando crianças, lepidópteros disformes, que dizíamos ser simetricamente bilaterais, após um assopro no centro da folha. Logo, a nuvem densa passa segundos após o Sol se descobre os canaviais. As gotas ainda se unem fugindo para extremidade do pára-brisa, no caminho se unem às outras em um rimo frenético de fuga, olho para o lado e lá estão as fugitivas se deslocando rapidamente. As que conseguiram ancorar suas ventosas moleculares ao vidro continuam imponentes. As outras fogem ao lado, instáveis.


Neste ritual da água, vidro e Sol, o ar-condicionado esfria os pensamentos, percebo-me ao lado de estranhos. O ambiente urbano logo aparece. Chaminés, fumaça, se já não bastasse os canaviais. Há quem diga que isso é natural, embora veja o uso de diversos artifícios criados pela lógica humana, modus tollens, algo que vai além de simples ações instintivas, e se abrem ao leque egocêntrico, daqueles que possuem, e super-egocêntrico, daqueles tantos outros que censuram, dão "pitacos".


Volto a olhar o pára-brisa, já não restam muitas gotas ali, o ambiente urbano me tomou a atenção do caminho que elas levam para fugir da frente e dos lados vidraçais transparentes que me rodeiam.


Amizades, família, política institucional. Habilito-me a pensar nas gotas unindo para depois se espalharem, por ai, quantos amigos jazem, chego ao quesito família, quantas vezes mais fui visitar meus parentes, e na política, grupos se fazendo e desfazendo, idéias e ideais atropelando, somando , segregando. Algumas gotas persistem, outras logo evaporam, embora nenhuma parte absorvida, que poderiam manter a temperatura. Pobres seres homeotérmicos, quanto desperdício de energia, quando há gotas para nos controlar. Agora, estou chegando perto da fonte.


O mar.


<--Alto do Mateus


<-- Rodoviária


<-- Retorno



terça-feira, 12 de maio de 2009

Não seja, serás!

O ser é sempre passado ou futuro. Nada se é presente, pois o agora simplesmente não é. Minhas ações excercem apenas reações passadas ou futuras, nunca imediatas. Quem sou é reflexo do que fui, quem serei, reação de uma ação abstrata. Graduando em ciências biológicas, nada sou. Estudante do ensino médio, já fui, mas nada era. Educador serei, talvez algo eu seja. O real, o tocável, não tem importancia. O que sou é tão relapso que só terá valia quando deixarei de ser. O querer do ser é tão paliativo que quando não se é, nunca foi nem nunca será. Mas vale um pássaro na mão que dois voando, deveria de ser. A facilidade ou a obrigação de se ter algo fere a expectativa do ser, ser presente. O ter nada vale, o tido é bom, o terei é a conjectura do ser presente. O agora é tão monótono que nem mesmo o que foi quer ser mais, muito menos o que seria. Fazemos as ações esperando o reslpaldo no futuro. Trabalho, luto, brinco, aventuro... Dizem que é culpa da adrenalina e dopamina, nem tanto. O fazer agora é a sensação imperceptível do prazer do futuro, visto que lá verei que fui. O passado é somente só o futuro, fui e serei ou fostes e serei. A relação do ser e não ser não cabe a ser respondido agora, perguntas procrastinadas, respostas zero.

domingo, 10 de maio de 2009

Entre quatro paredes, Sartre (1944).


Acabei de ler o quarta edição do livro Entre quatro paredes de Jean-Paul Sartre. Um livro pequeno de 130 páginas, com um enredo instigante para ser lido em uma tarde, e já qu'eu estava embalado pelo clima de final de semana silencioso, no horário que todos dormem "após o almoço", fiquei no sofá, deleitando-se sobre as páginas que explicitam o que Sartre pensava sobre o Inferno.

Uma peça teatral de 1944, em uma quarta edição de 2008, um livro para se ler quando o desânimo bate, aquela vontade de saber o que há por trás das ações humanas que nos irritam tanto. Até descobrirmos:
"O inferno são os Outros"
O Sartre é admirável por esse senso de divulgação filosófica através da arte cênica, colocando o existencialismo de forma didática, para compreenderem de fato o que é o "em si" e o "para si", que ele conceitualiza dificilmente, melhor fenomenologicamente no livro "O ser e o nada" (uma parte).

Logo na introdução feita por Sanches descubro o quão gratificante será a leitura do livro, a descoberta das consciências humanas (existem outros táxons também) que se sobrepõem em meu dia-dia, meus infernos diários. Descobri muitos infernos durante as falas, ou melhor, tetrálogo:

"Garcin - Inês - Estelle - Criado"

Respectivamente, um literato que torturava a mulher e que fugiu sem se tornar herói, uma lésbica que destruiu as relações de um casal, uma dondoca com que matou o filho e fez o amante pobre se matar, e o "criado" com uma aparição inicial, que se entuasiasma com o comportamento dos hóspedes da hotel. Sendo que há algo em comum entre os três primeiros: estão mortos.

O hotel, conta com uma estátua de bronze, uma lareira, três canapés, uma porta fechada e uma luz eterna. Sem noite e, consequentemente, sem sono. Com flashs de acontecimentos externos.

Portanto, os três vivem para os três, ninguém mais reconhece a existência deles mesmos. Não podem interferir no mundo real, não podem interagir durante os flashs (do que acontece externamente ao hotel) com as pessoas que conviviam.

Após descobertas e mais descobertas, acabam ficando despidos. Os que eram fortes ficam frágeis, os que era frágeis se revelam carrascos. São interrogados, e não podem sair de perto um do outro, afinal, são dois "para si" existenciais. Não se podem perder dois personagens, pois ali acabaria a existência do que restou. O "em si" por si só, não existiria.

Após diversos conflitos de convivência, tentativas de relacionamentos amorosos, a peça acaba e continua. Até onde? Não sei, mas sei de algo: o inferno são os "Outros". Os três descobriram na conscientemente o quanto são inoportunos.

O melhor foi saber que o Sartre recusou o nobel de literatura por questões de consciência, ou seja, por questões infernais. Por vezes, o melhor é se isolar.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Zumbi

No começo da noite, me acordo.
Saio da cama, dois passos.
Levanto os braços até os ombros, não consigo sustentar.
Olhos vermelhos, com capilares protraídos.

Sensação laricosa.
Volto à dormir.

Na verdade, não durmo, tomo banho.
Quando vejo no espelho, uma destruição em forma humana.

Logo me recupero, e volto ao dia-dia.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Hidroantropomorfização

Uma sugestão de aula de ciências, proposta para quinta-série - 5ª, assunto: Água. Aula encenada, onde o professor utiliza a estratégia de monólogo interagindo com o aluno quando ele começa a entrar na viagem, bom seria que todos se transformassem em gotas nestes momentos didáticos.

(Aula narrativa) – Olá meu nome é H²O, conhecido como hidróxido de hidrogênio, estou em todos os lugares, e sou a substância mínima de formação da água. Sou unido a diversas outras substâncias, e não me misturo com outras, como, por exemplo, o óleo. Com diversas outras moléculas iguais à mim formando a água, contarei algumas particularidades desta, mas antes tenho de explicar onde estou localizado no mundo. Isso, no mundo! Poucos percebem que faço parte do corpo dos humanos, do sangue, dos músculos, do cérebro, proporcionalmente dos ombros para baixo o ser humano é água, sendo a parte seca dos ombros acima, comparativamente. Nas plantas também eu me infiltro, gosto de promover o alimento delas, levando os nutrientes das raízes às folhas, nos animais, eu sou liberado com sais para manter a temperatura do corpo constante. Por isso, estou aqui desde o início da vida na Terra. Pois antes a Terra era instável e a estabilidade era proposta por mim, eu não apresentava grandes variações no corpo qu’eu formava, o corpo aquático, no caso da Terra primitiva, o corpo marítimo. Marítimo nos leva ao mar, e mar nos leva à praia, lá na praia aonde nós vamos percebemos água, muita água! Embora, muito salgada também. Essa é a água oceânica, a mais salgada, que nos levam aos sais, nossos amiguinhos, que se misturam à nós e nos tornam turvas em grandes concentrações. Apresento-me também na atmosfera, embora não seja facilmente percebido, eu vejo vocês lá de cima, naqueles pedaços de algodão doce que são denominados nuvens. Seguindo o vento eu vou, e sou denominada água atmosférica. Quando bato em outras nuvens inimigas, me transformo de vapor para líquida, não agüento a batalha e precipito, ou seja, viro chuva. Caindo em forma de gotas, faço parte agora de rios, lagos, açudes, chego a me infiltrar no solo, e lá fico armazenada em camadas com outras amigas “sem sal”, todas lá recebem o nome de Água continental. Adoro as minhas três formas, e as três juntas formam a hidrosfera. Toda vez que escutarem hidro, se lembrem de mim! Hidratar os cabelos, estou ficando desidratado, hidrante. Gosto de viver no Brasil, por apresentar bastante água continental. Não gosto muito de me misturar aos sais pesados que existem no mar, eles retiram nossa atenção. Todos só dizem que é salgado, salgado, salgado, e nada de falar da água. Quando sou “sem sal” , se lembram da água e falam que ela é boa, aí eu gosto! O Rio Amazonas fica lá no norte, por vezes, quando as nuvens me ajudam chego lá, quando não, não tem jeito, fico pelo Nordeste mesmo, aqui sou supervalorizado. Isso quando não ganho muitos outros agregados, os inquilinos são o fósforo, o nitrogênio e o carbono, todos em demasia, guerrilhando contra a vida, só fazem nos usar. O Sol é minha passagem aérea, só viajo por causa dele, ou claro, quando saio de alguma panela por aí. No caminho atmosférico, gosto de cair em rochas e me agarrar às partículas dela, e levo os pequenos pedacinhos dela para o chão, formando o solo, e alisando a pedra, esse processo é chamado de intemperismo. Não gosto de ir direto ao chão, gosto de ficar bulindo com a rocha, escondido nas fendas. Quando caio no chão e o solo é muito fofo, atravesso-o. Geralmente quando escapo das raízes das plantas, e de outros bichinhos do solo, fico lá embaixo com outras diversas moléculas amigas, formando um aqüífero, lá temos o poder de não evaporarmos em grandes proporções. Quando encontramos um buraco saímos quentinhas para a superfície da Terra, formando as fontes naturais, muitas delas são atualmente compradas fornecendo água para a população de humanos beber. Não gosto de ficar mudando de estado físico, essa história de virar gelo, água e vapor, não dá. Frio, normal, quente. Sólido, líquido e gasoso. Tá tenho de admitir, que sou bem mais forte quando sou gelo, mas escapo melhor quando estou gasoso, o meio termo é sempre algo . Como disse antes, o culpado disso tudo é o Sol, se não fosse ele essa variação não existiria, muito menos meu ciclo, o ciclo da água. Perceberam algumas de minhas viagens? Vamos começar uma? Então, estou eu no mar, lá bem tranqüilo, no meio termo. Chega o verão, a coisa começa a esquentar, não gosto de ir para o fundo, ou quando quero, me expulsam de lá, aí não tem escolha, hora de sair do oceano! Saindo viro vapor, e ganho o mundo. Lá em certa altitude me junto àquelas particular branquinhas, que agora estão com inimigos que fazem delas cinzas, não tem escolha, sempre tenho que transportar um estranho comigo. Ai quando tudo fica muito apertado, não agüento mais com meu peso, e nem com o dos estranhos, eu caio. Geralmente eu não escolho onde cair, mas adoro cair lá nas montanhas, virar gelo novamente, até esperar a avalanche. Os animais teimam em me consumir, o solo teima em não me deixar longe do Sol. Agora têm diversos exploradores que além de me idealizarem, como sem cor, sem cheiro e sem sabor, ou seja, incolor, inodora e insípida sabendo que nunca vou me separar dos meus amigos sais minerais, nem na atmosfera, usufruem de mim como solvente! Se já sei que sou mundial, agora coloca universal, ganho o status de Universo, é bom e não é, a responsabilidade é grande. Imagine sair me agarrando às diversas partículas, não tendo mais liberdade de viver sozinha, e sim usada para separar os outros, dissolver o nome disso. Dissolver cansa, tem vezes que não posso me separar da substância que separei, acabo ficando poluída. Eu dissolvo o soluto, os sais que destruo são conhecidos como isso, soluto. Eu sou o solvente, eles, coitados, todos soluços! Ops, solutos. Lembra-se do meu nome que disse no início, hidro?! Pois é, quem sofre minha segregação, é hidrossolúvel. Sou multi uso, tenho outras propriedades interessantes. Como por exemplo, sou densa. Densa me leva à massa e volume, sou medido em litros! Portanto, uma alta concentração de minhas partículas nos leva aos sólidos, meu volume é maior, embora minha massa seja a mesma. Eu sou a divisão entre massa e volume. Agora quando me junto ao sal, minha densidade fica maior, tanto que posso segurar algumas pessoas lendo na minha superfície, meu “espinafre” é o sal para me manter forte segurando diversas pessoas sob minha superfície. Por falar em superfície, outra capacidade que tenho é de tensão superficial, quando estou sem sal, ainda consigo segurar alguns insetos, eu fico me revezando com outras moléculas iguais amigas. Sempre fazemos uma força contra, e uma molécula segura a vizinha, tanto que formamos ondas. Somos bem unidas! Até mesmo na fase líquida. A capilaridade é outra situação um tanto complicada, pois ninguém quase entende quando nós vamos contra a gravidade, nós subimos por entre fios, quando mais fino ele for, mais eu vou alto, isso acontece nas plantas, por isso ninguém quase vê. Os animais me bebem, e ainda nas plantas, me comem. Só dou o troco quando estou cheio de microorganismos, nós levamos ovos minúsculos para todos os cantos, aí quando os olhos dos humanos são maiores que a boca, nós estaremos lá também carregando alguns deles, para ver se esse humano é bom mesmo em reconhecer que algo está contaminado ou não. Só que nessa história, muitos filhotes, dos humanos (bebês) morrem. Algumas das doenças são as giardíases, cólera, leptospirose, hepatite infecciosa e diarréia aguda. A giardíase é água misturada com partículas de fezes infeccionadas, nunca se iludam, comemos um pouco de fezes por dia, embora nós não vejamos muitas pequenas partículas não visíveis eu levo da estação de tratamento para as torneiras. Agora quando não sou bem tratado, levo muitas a ponto de levar comigo ovos de Giardia lamblia, um dos bichinhos fazem mal aos humanos, na hora de comer ninguém sente nada, agora depois há dor de barriga e anemia. A cólera por sua vez, é causada por outro bichinho o vibrião colérico, febre, vômitos e dores abdominais fazem parte dos sintomas, higiene é imprescindível. A leptospirose não é causada pelos ratos, e sim pelos microorganismos que estão presentes na urina destes, não é regra, mas também não é difícil de ocorrer em uma enchente por exemplo. Febre, dores no corpo, vômitos. Mau funcionamento dos rins, fígado e coração. O tratamento adequado dos lixos, não sendo jogados na rua, terrenos baldios e rios. Se eu já não levo muita saúde, como modificar isso? Ah-rá! O tratamento, tratar a água é algo imprescindível, uma água boa, é uma água potável, uma água purificada e filtrada. Fico limpinho na estação de tratamento. No Açude de Bodocongó não tem como eu ficar limpinho, pois não sou tratado antes de ser jogado lá, s’eu fosse, não levaria comigo peso, imagine ficar levando diversas partículas de fósforo, carbono e nitrogênio pra cá, e pra lá. Eu gosto só de minhas amiguinhas iguais à mim, para brincar de ser superfície e não evaporar., e se evaporar, na mesma hora virar gota e cair novamente. Meu banho na estação de tratamento segue alguns passos, como floculação, decantação, filtração e cloração. Na primeira parte, eu viro gelatina, já na segunda os flocos formados na primeira vão para o fundo, e eu passo por cima com minhas amiguinhas, na terceira parte eu ganho o rumo das pedras e areia, deixando depositados os estranhos que me perseguem. Os microorganismos são chatos, e vão conforme a corrente também, mas geralmente morrem na cloração. Sou distribuído para as casas, e ganho o caminho dos canos, no caminho posso encontrar diversos outros inquilinos. Chegando em casa, sumariamente utilizado, viro esgoto, e ganho mais partículas estranhas. Detergente, sabão, gorduras, passo por um local bem desagradável, a fossa, até ganhar outros imundos canos e voltar à estação de tratamento, nestas horas eu gostaria que o Sol me levasse para outra longa viagem. (Adaptado de CRUZ, 2006).

CRUZ, J. L. C Projeto ARARIBÁ, Ciências, 5ª Série. Editora Moderna. São Paulo - 1ª Ed. 2006.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Quilos e Metros

16:45 no visor do celular.

Revisando um paper no computador, lá estava eu a terminar. Terminei os encaminhamentos da Extensão e me preparar para correr. Os desafios encontrados? Descrevo agora.

Dia frio, chuvoso, com nuvens densas, nublado em alguns momentos. Nestes últimos pude sair de casa, com o uniforme do Brasil da Copa de 70 e uma maçã na mão. O adereço fica por conta da faixa preta que coloquei na cabeça para segurar meus cachos que estão incomodando, alguns dizem que estão volumosos, outros arguem que são belos, e há quem discorde (até da postura narcisista, como eu).

Portanto, sai de casa, passei em frente à Renault, o tempo já não estava amigo dos bodes, caminhando fui, acelerei o passo. Descrevendo a paisagem, encontro algumas lojas de grande porte: Gran Moto, a Escola Normal (ops), Posto Brasília, Hyundai, Caoa, um terreno baldio, um trailer, alguns degraus, o Hospital Mariana, atravesso a rua, chego no outro Posto de Gasolina, atravesso mais uma vez a rua, e chego no Açude Velho.

Aquele bom alongamento é essencial, e começa pela cabeça, depois os membros periféricos inferiores e superiores, e finalmente o tronco. A escoliose não me deixa, e tenho de alongar para fortalecer os músculos que estão se atrofiando. Alongar o tronco sempre é o mais difícil. Chego a duvidar de minha elasticidade, mas logo consigo o alongamento total. As formigas sempre atrapalham meu alongamento.

Hoje, em especial, feriado, diversas ondas sonoras se sobrepondo, tendo como fonte diversos carros estacionados no meio da calçada, se não bastasse, até a TV Paraíba estacionou o caminhão equipado com o sistema "ao vivo" no meio da calçada de pedestre. Como não seria uma corrida pacífica mudo a trajetória.

Chegou a hora, começar.

Passo os quiosques, com aquela barulheira imensa, diversas putas descendo até o chão. Antes de chegar próximo ao antigo Complexo 5, que atualmente tem um cheiro insuportavel de dejetos em meio aos escombros, sinto que vou correr mais do que os outros dias, pela disposição e boa vontade. Segui meu caminho, passei ao lado da academia (k)corpus, ao lado da itapemirim, atravesso o semáforo rumo ao Parque do Povo, passo ao lado do bar do Tenebra, e dos esqueletos das barracas do São João no Parque do Povo. No semáforo logo acima, passo a avenida, e sigo correndo no Açude Novo, ganho o sentido da Integração, pego à esquerda correndo. Algumas pessoas caminhando ainda, em pleno feriado, fico contente, e outras diversas pegando ônibus. Sigo na rua que o 333 sobe, a rua em sentido à Prata, subindo para o SENAI, Feira da Prata, etc.

Lá vou eu subindo a ladeira, a primeira vai até o semáforo logo em cima, depois de diversas clínicas, do crea, chego no topo da primeira ladeira, uma descida pequena ao lado da secretaria de saúde, ao lado do SENAI e do SESI.

Não vejo o topo da próxima ladeira. Ah! A ladeira da Bela Vista, onde até os carros têm receio de subir, e quando me dou conta logo estou próximo ao declive acentuado no topo de uma das ladeiras mais temidas de Campina Grande, a velha e famosa ladeira da Bela Vista. Antes de chegar lá, próximo à Feira da Prata vejo duas palmeiras, nelas coloco meu objetivo, chegar até lá. São só alguns minutos de corrida, e a gravidade fazendo peso, mas molhado e mais pesado sigo. As primeiras passadas leves, e ainda aumento a frequencia, sinto que meu corpo aguenta. Na metade do caminho transeuntes olham desconfiados, a viatura da polícia passa olhando, e sigo meu caminho, até o topo, até avistar a grande ladeira que muitos levam multa no pardal escondido. Chego lá em cima, com aquele ar de missão cumprida. E faço o caminho de dois anos atrás, quando estava no ápice de minhas corridas de final de tarde. Do topo sigo à esquerda, depois à direita, depois à esquerda, desço a ladeira e chego no campo do Campinense Clube, lá sigo à esquerda, voltando para a praça do Rosário, e descendo aquela bela ladeira.

Agora a chuva impera, aquele frescor, e amigos passando de carro apoiando a descida. "-Corre, corre!". Leveza na descida. Leveza ao passar os inúmeros semáforos, mais uma subida de leve, e chego próximo ao Banana Beer, e o Big Mix.

Atravesso a avenida rumo ao Açude Novo.

Parque do povo.

Açude Velho, mais três voltas e alguns amigos de corrida, a chuva dispersou a poluição sonora para suas fontes de origem.

Alongamento.

Pronto, missão cumprida.

Exercícios no Parque da Criança.

Às 20h, felicidade.


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Cinco da manhã

A janela semi-aberta, vítrea clorofilada, computador ao som de "born to be wild". Alguns dípteros acasalando, a cortina em cores parecidas esconde a outra metade da porta do castelo para as formigas. Observo um casal de víboras, a minha amiga antiga, que perdeu uma das patas dianteiras em uma de minhas investidas na porta (uma verdadeira guilhotina), e a outra uma intrusa, que logo fica imobilizada ao ser percebida por minha amiga víbora. Paro para perceber aquela situação caótica, diversos grunhidos à música que se repete duas, três vezes, desligo a caixa de som, permaneço como investigador do mundo animal. Não tenho um modelo de etograma, mas mentalmente está tudo registrado. Sigo olhando as duas víboras, logo percebo que não era território e sim acasalamento, e lá se vai para um lado, para o outro, e mais grunhidos, a minha querida amiga(o) - ainda não sei o gênero -, conquista a parceria e ganha o rumo dos bastidores, lá se foram as duas para a escuridão atrás da cortina.

Ligo o som.

Continuo a vida.

O verde da parede chama a atenção, descanso a vista. Dor de cabeça aumenta. Pássaros ganham vida, o Sol nasce, daqui a pouco começa a missa na televisão.

Hora de dormir, sonhar, por alguns minutos, em qual destino aquelas víboras ganharão, outros nem tanto.

domingo, 26 de abril de 2009

Oscilação sonora abrupta

Escrita sem sentido,
O escuro me dita palavras
E eu em ruínas escrevo
A noite que me afaga

A perda é o que resta
Após tudo se ter perdido,
Então à perda me apego
E liberto minha vida num grito.

- El-hani, C. N. Salvador. Novembro de 1991.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Auto-Imune

Hoje, há pouco (por volta das 18 horas) na UFCG estava eu caminhando em busca da xérox mais barata, isso logo após ter deixado a reunião da comissão eleitoral do CCBS, e ganhar uma carona do presidente da comissão. Exausto, sigo, e encontro amigos. Um deles travestido de pastor, ou empresário, não sei direito o que era, mas logo chego me divertindo com aquela situação (de proletário para burguês). Outro, o que vou enredar essa narrativa, seguia seu caminho, e logo parou ao me ver. Escuto um "- Opa!" caloroso, e a velha pergunta "- Como está o CABio?". Logo reconheço a ausência deste no rotineiro dia-dia do curso (que parece ensino médio). "- Por que não tens ido mais assistir aula?" Claro, sem responder antes a pergunta do CABio. E ele me disse que problemas de saúde afastaram-o. Dores nos ossos, que impossibilitariam a permanência deste no curso. Me convida para beber um suco, digo que estou com azia e não vou. Culpa do café, misturado com suco de manga e Coca-Cola.

Sigo conversando com o ser travestido de pastor/empresário, grande amigo antigo de movimento estudantil, que só andava de camiseta de congresso, sempre colocando a culpa na: "- Conjuntura, analisei minha conjuntura e vi que não estava dando certo, mudei". Conversa boa, tchau.

Sigo para a xérox, o ex-graduando de Bio agora lanchando. Passo, desapercebido.

Cópias de três capítulos de genética feitas. Missão cumprida na UFCG.

Me direciono ao ponto de ônibus, dentro deste intervalo de tempo e espaço, converso com outros diversos amigos.

Chego no ponto, e logo o vejo com outro amigo, agora de eng. de produção. Amigo de fumo, que está terminando o curso, onde eu deveria estar terminando também as últimas disciplinas neste semestre. E o mais interessante, saber qu'ele toca um projeto de extensão na área de tecnologia, após a aprovação há pouco na seleção do PROBEX (Bolsa de Extensão) na área de Gestão Ambiental. Feliz estou.

Entramos no 333, o amigo de produção senta do meu lado, esse outro meu amigo que deixou a Bio senta logo atrás. Este último permanece calado. O outro vai conversando sobre a turma qu'eu fazia parte, quem está se formando, e já sabendo quem está, só faço confirmar minhas expectativas. Feliz permaneço.

Desço do ônibus na Integração, me despeço da potência produtiva, e logo o que permanecia calado se levanta na minha frente, e segue, indago "- Nesta metade do ano, eleições para o CABio, queres coordenar pro lá?". Ele responde "- Não quero mais saber de política, depois que a Correnteza perdeu duas vezes na UFCG!". Aquele sorriso sarcástico dos dois impera.

Puxo conversa, enfatizando o porquê dele ter deixado a Biologia. Ele me explica:

"- Estou com problemas nos ossos, na lombar, nos braços, nas pernas, na coluna. Depois de uma trilha, não posso mais fazê-la, devido a estes problemas."

O silêncio impera, eu embora curioso, permaneço em calado, nada pior do que perguntar a doença de outrem diretamente à ele.

Alguns minutos se passam.

"- Doença imuno-deficiente" ele diz. E completa "- Mas, você gosta de biologia, né?". E eu sem entender porque ele completa com essa pergunta, cansaço, respondo com um "- Sim".

Logo, ele aperta minha mão e sai de perto. Ganha seu rumo, fico observando-o. Ele foi para seu ponto. Depois de alguns minutos, longe de mim ele passa, se afastando, não pegando mais o ônibus, ganhando o rumo do Açude Novo.

Descanso, quase dormindo e flashback.

"- Doença imuno-deficiente"?

?

Porra, caiu a ficha.

Pego o ônibus, refletindo.

Chego em casa, refletindo.

Triste permaneço, debaixo do chuveiro passo alguns minutos.

Ele deve ter ido se esconder, assim como todos os outros que são discriminados por tal doença. Descoberta pesada essa minha, não sei qual seria minha reação, se a "doença imuno-deficiente" fosse diretamente dita.

"AIDS"